Desabafo

'Sou alcoólatra', diz Nando Reis sobre vício desde a adolescência

Cantor revelou também o tempo que usou cocaína

Cantor abriu detalhes sobre seu passado durante entrevista
Cantor abriu detalhes sobre seu passado durante entrevista |  Foto: Carol Fonseca/Reprodução/Instagram

O cantor Nando Reis, de 60 anos, contou abertamente sobre seu vício em bebidas e cocaína e admitiu ser alcoólatra, durante uma entrevista para a revista “Piauí”. Durante o papo, o artista contou detalhes sobre os momentos difíceis que viveu ao longa de sua carreira por conta das drogas e revelou também como está seu vício hoje em dia.

"Sou alcoólatra, mas recuperei minha sobriedade. Minha jornada com o álcool começou na adolescência e, gradativamente, foi se tornando um uso abusivo e uma dependência. Comecei a beber aos 13 anos e só parei aos 53. Foram décadas de consumo pesado e, com o passar do tempo, associado à cocaína. Estou há quase sete anos sóbrio, mas não deixei de ser alcoólatra: consigo sentir a compulsão dentro de mim", começou a relatar o artista durante a entrevista.

“O álcool era um escudo entre mim e a realidade. Comparo o alcoolismo a uma barreira que se impôs entre mim e o resto do mundo, entre mim e os meus próprios sentimentos e a minha própria razão", explicou.

Nando ainda contou que parou de beber em outubro de 2016, e que aos 60 anos ele percebeu que bebia muito e que gostava de ficar bêbado, informando que o “estado de embriaguez me agradava muito”.

“Eu bebia compulsivamente, inclusive no ambiente de trabalho. Cometi o erro primário de vincular a bebida ao meu processo de criação artística. Na minha cabeça, o álcool estava associado à minha atuação como músico e compositor, então era indistinto para mim beber durante a semana ou no final de semana. Eu bebia sempre", completou o cantor ao falar sobre seu vício com bebidas.

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Ao detalhar sobre seu vício com cocaína, o cantor contou que: "A cocaína entrou na minha vida aos 27 anos. Era uma droga presente nos ambientes que eu frequentava nos anos 1980 e 1990. Logo desenvolvi uma dependência cruzada de álcool e cocaína. Eu não me importava de ficar bêbado e cheirado, ao contrário: achava graça nisso. Me divertia sendo o mais doido, o que cheirava a maior carreira, o que bebia todas. Me tornei a figura folclórica, o cara que virava cinco noites sem dormir e fazia shows nesse estado. Fiz dezenas de apresentações completamente embriagado. Pensava: 'Olha como eu sou doido, olha como eu sou foda'. Achava que ir a uma sessão do AA (Alcoólicos Anônimos) colaborava para a minha biografia de excêntrico".

O artista ainda admitiu que ficou deslumbrado com a fama e relatou que o vício ficou maior depois do final do seu casamento e após a morte dos amigos Cássia Eller e Marcelo Fromer, dos Titãs.

"Morando sozinho, passei por períodos limpo, mas também por fases em que bebia e cheirava todos os dias. Fui perdendo o freio do consumo do álcool e da cocaína e aquilo foi comprometendo a minha vida pessoal e profissional".

Nando relatou que passou por sessões do AA e ficou internado num SPA se tratando com um medicamento antietanol. 

“De Seattle, liguei para o meu psiquiatra e falei: 'Pelo amor de Deus, me interna, preciso parar de beber'. Cheguei ao Brasil no início de maio de 2016, consegui ficar dois dias limpo, a Vânia viajou comigo para o show em Fortaleza e consegui me apresentar. Depois comecei a frequentar um grupo do AA no bairro onde eu moro em São Paulo", conta.

"Meu último ingresso no AA foi em maio de 2016 e continuo frequentando o mesmo grupo até hoje. Desde então, fiquei cinco meses sóbrio, tive uma recaída de três semanas e estou sóbrio há quase sete anos. (...) Gosto de beber. Se eu pudesse, eu bebia. Acontece que eu não posso porque sou alcoólatra. Não pretendo recair porque conheço as consequências do primeiro gole. Se eu tomar uma dose de vodca, vou precisar de outra e de mais outra e de mais outra, num desejo sem fim. É algo desesperador porque não há nada que o sacie. Não vou voltar a beber porque sei que o álcool só traz dor para mim e para os que estão ao meu redor", finaliza o cantor.

Além do relato sobre seus antigos vícios, o artista relatou um caso de uma tentativa de suicídio em 2016, ele conta que chegou ao “fundo do poço” durante uma viagem para Seattle e foi nesse momento que tentou se matar.

"Ali não havia cocaína, então mergulhei de cabeça no álcool. Eu simplesmente não conseguia parar de beber. Foi a primeira vez que acordei no meio da noite sentindo a necessidade de ingerir álcool. Percebi que estava ficando louco, desesperado e não enxergava saída para aquela situação. A Vânia (ex-mulher) já não falava mais comigo, meus filhos não queriam mais saber de mim, eu havia afastado as pessoas mais queridas e mais importantes da minha vida. Precisava retornar para o Brasil porque estava no meio de uma turnê importante, mas não tinha a menor condição de subir no palco e cumprir meus compromissos. Pensei: 'F*d*u, vou me matar'”.

"Só que eu estava hospedado num hotel de dois andares, não adiantava pular da janela. Eu não tinha revólver, não havia fogão ali, então pensei: 'Vou cortar meus pulsos'. Fui à farmácia, comprei uma pomada de xilocaína e passei, na esperança de não sentir dor. Cheguei a quebrar uma garrafa de vidro para ter um objeto cortante, mas não tive coragem de ir até o fim. Aquela não era a primeira vez que eu tentava me matar. Já tinha feito uma tentativa anterior com remédios e outra no vigésimo terceiro andar de um prédio. Subi no parapeito, olhei para baixo, mas não tive forças para me jogar", finaliza o cantor.

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