Casos de família

'Nunca fui violento', diz pai de criança saparada da mãe no Chile

Davi Carpenter nega acusação de sequestro

Davi alega que acusações de Thayna são falsas
Davi alega que acusações de Thayna são falsas |  Foto: Arquivo pessoal
 

Davi Carpenter, de 28 anos, ex-companheiro de Thayna Quintanilha, de 26, deu sua versão do caso, após ter sido acusado de desaparecer do Chile com a filha do casal, de 4 anos. Os dois, que moravam em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, se mudaram para o país em 2017. 

Segundo a mãe, que trabalha como chefe de cozinha no país vizinho, após uma relação conturbada com o ex-companheiro, operário de fábrica que produz peças para automóveis, ele desapareceu do país com a filha do casal. De acordo com Thayna, ela sofria abusos físicos, psicológicos e agressões físicas e psicológicas por parte dele. Mas, Davi contesta essa versão.

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"Nós ficamos juntos por seis anos, uma parte desses seis anos foi no Brasil, a outra parte desses no Chile. Acredito que uma pessoa que tem família, como ela, que sempre teve o apoio dos pais, não vai aceitar um relacionamento abusivo onde eu bato nela, onde eu supostamente agrido ela verbalmente e psicologicamente, que eu controlo ela financeiramente, isso é mentira. Eu nunca fui agressivo com ela, nunca fui violento com ela", dispara.

Ainda conforme Davi, ele foi quem pôs um fim no relacionamento dos dois. Na decisão, ele deixou a casa para Thayna, levando somente a filha, com o consentimento da mãe, como defende.

"Fui eu quem decidiu se separar dela, sai do apartamento em que morávamos, o apartamento ficou todo para ela, inclusive todos os eletrodomésticos e móveis da casa foram comprados com o meu dinheiro e eu deixei lá. E eu levei a minha filha, no meu colo, para a casa dos meus pais. Se eu levei a minha filha para a casa dos meus pais, eu levei por consentimento dela, em nenhum momento ela se opôs", alega. 

Pensão

Segundo o pai, quatro mandados de prisão foram expedidos contra Thayna por não pagar a pensão alimentícia da filha. Ainda conforme o operário, os sete primeiros meses da pensão não foram pagos. E, somente após a denúncia às autoridades, Thayna começou a pagar valores bem menores para se livrar da cadeia.

"A partir do momento em que a pensão foi decretada, se passaram quase seis meses até ela pagar. Ela só pagou porque ela tinha sido presa", revela.

Pai da criança diz que a mãe sabia que estava assinando os documentos para que ele levasse a menor. Já ela alega que concordou em razão de ameaças que sofria

Já Thayna alega que os primeiros dois meses de pensão foram pagos, mas que logo após não conseguiu mais quitar os valores, o que acarretou em sua prisão.

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Mensagem enviada à Davi no qual ele alega comportamento agressivo da mãe da criança
Mensagem enviada à Davi no qual ele alega comportamento agressivo da mãe da criança |  Foto: Arquivo Pessoal

Trabalhando por cerca de dez horas por dia, a chefe de cozinha disse que precisava deixar a criança sob os cuidados dos avós paternos. Segundo Thayna, o ex-companheiro viu na situação uma oportunidade e solicitou uma reunião com o Juizado de Família do país.

Já Davi afirma que Thayna visitava a menor em primeiro momento, após a separação, mas que tomou a iniciativa de impedir a visita após "mensagens em tons agressivos" da ex-companheira. "Se ela fala que eu não deixei ela ver minha filha, nesse primeiro momento, então que ela prove que eu realmente não deixei ela ver. Ela me mandava mensagens em tons agressivos, porque eu tinha feito uma denuncia da pensão contra ela. Como que alguém, em sã consciência, vai aceitar que uma outra pessoa, que está mentalmente desequilibrada vá na sua casa? Eu não vou aceitar isso! Até porque eu estou cuidando da minha saúde mental, da saúde mental da minha filha", diz.

Thayna alega que quando Davi estava se relacionando com outra mulher, ele defendia o fato de que a companheira era a mãe da criança. Mensagens enviadas por Davi mostram as regras para a visitação. Em um trecho diz: 'Não confundir a realidade, porque agora ela [a filha] tem 1 pai e 2 mães".

  • Segundo Thayna, essas eram as regras para a visitação
    Segundo Thayna, essas eram as regras para a visitação
  • Segundo Thayna, essas eram as regras para a visitação
    Segundo Thayna, essas eram as regras para a visitação

Cuidado

Segundo Thayna, a guarda da criança foi passada ao pai após um pedido dele, já que a criança ficava com ele durante todo o tempo. No Chile, para conseguir a tutela legal da menor, é necessário ter o documento de cuidado personal assinado pelos guardiões. 

"Ele disse que ficava o dia inteiro com ela, e tendo esse cuidado, se acontecesse alguma coisa com ela, ele estaria presente sozinho e eu não precisaria ir para não me prejudicar no meu trabalho. Essa foi a história. Eu não vi nenhuma maldade nisso, assinei", disse Thayna.

Mas, segundo Davi, esse 'cuidado personal' foi assinado por Thayna sob alegação de que ela voltaria para o Rio e precisaria deixar a criança com ele. 

"Foi isso que ela escreveu. Ela dizendo que estaria passando o Cuidado Personal para mim porque ela estaria retornando para o Brasil", diz.

Trecho do documento do Cuidado Personal
Trecho do documento do Cuidado Personal |  Foto: Arquivo Pessoal

Tutela legal

Davi alega que não ameaçou Thayna para assinar a tutela legal da criança. O operador diz que as denúncias de prisão só foram feitas esse ano, quando ele já tinha a guarda da filha. 

"A denúncia da pensão, ela só foi feita esse ano e a guarda de Luiza foi algo feito no ano passado. Ano passado ela passou a guarda [da menor] pra mim e nesse ano, no início do ano, foi quando foi feita a denúncia da pensão. Então como eu liguei para ela dizendo que só iria tirar a pensão se só tivesse a tutela [da criança] já que a denúncia da pensão foi nesse ano?", se defende.

Mas, o documento, enviado por Thayna, consta a assinatura dos dois e está datado em 21 de março de 2023. Contudo, uma das cláusulas diz que o pai tem autorização para deixar o país com a criança, sem prazo para retorno. A chefe de cozinha ainda defende que só assinou o papel induzida e ameaçada por Davi, que contesta e apresenta um documento com data anterior.

  • Documento de renúncia à autoridade parental
    Documento de renúncia à autoridade parental
  • Davi contesta e apresenta um documento com data anterior
    Davi contesta e apresenta um documento com data anterior
 

Sobre as denúncias feitas por Thayna às autoridades chilenas, acusando Davi por agressão por não deixá-la ver a criança e pela pressão psicológica que estava sofrendo ao longo dos anos, ele alega que não tinham fundamentos. Segundo Davi, isso aconteceu durante sua ida a São Paulo.

"Me chegou uma intimação dizendo que eu agredi ela, que teria uma audiência. Quando teve a audiência online, eu me apresentei e ela não se apresentou. Nisso, a conselheira técnica ligou para ela perguntando porque ela não estava na audiência. A conselheira disse que ela não estava presente porque ela não tinha provas", finaliza.

Atualmente Davi está morando em Portugal. Ele alega que só irá permitir que Thayna tenha acesso a filha "se ela mudar o comportamento".

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