Resiliência

Mais de 5 mil pessoas estão em tratamento de HIV em São Gonçalo

Pacientes relatam como é a vida com a doença

Aproximadamente 1 milhão de brasileiros foram infectados pelo HIV em 2022
Aproximadamente 1 milhão de brasileiros foram infectados pelo HIV em 2022 |  Foto: Agência Brasil/ Marcelo Camargo

Em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, mais de 5 mil pessoas estão em tratamento para HIV/Aids, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde. No entanto, por trás desses números, encontram-se histórias de resiliência e superação, de indivíduos que enfrentam diariamente preconceitos e estigmas associados à doença.

De acordo com o Ministério da Saúde, aproximadamente 1 milhão de brasileiros foram infectados pelo HIV em 2022. Entre os mais afetados estão os homens, com 650 mil casos, e mulheres, com 350 mil casos. Em relação ao total, os grupos-chave com maior prevalência foram: travestis e mulheres trans adultas (36,7%) e homens gays e homens que fazem sexo com outros homens (18,4%).

M., uma transformista de 52 anos, é uma das moradoras de São Gonçalo que convive com a doença. Segundo ela, na época em que contraiu o HIV, não havia tanta discussão sobre o tema, o que dificultou o diagnóstico.

"Contraí o HIV/aids em um relacionamento casual. Naquela época, ninguém conhecia muito sobre a doença. Fui diagnosticada, inicialmente, com sífilis. Um médico japonês me orientou a fazer novos exames. Ao receber o resultado, fui comunicada que havia sido infectada", compartilhou.

Mesmo com a doença, a transformista, que atualmente faz cover da cantora Alcione, afirma viver normalmente sua vida, mas precisou criar força para lidar com os estigmas associados ao HIV.

Aprendi a ser forte. Não me escondo. Fiquei um pouco confusa com o diagnóstico, mas logo me recuperei e segui o tratamento com os coquetéis. Hoje, vivo minha vida normal. Não me arrependo! Sou feliz e me cuido. Quem me vê no palco, conhece minha energia. M,, de 32 anos, Transformista

Preconceito duplo

Já para a vendedora de cosméticos gonçalense, L.K, de 26 anos, que também convive com a doença, a principal luta é contra a discriminação. Como mulher trans, ela relata que sofre um "duplo preconceito". 

Sou uma mulher trans e estou em tratamento de HIV/Aids. Sofro um duplo preconceito. Onde vou, as pessoas me olham ‘atravessadas’. Durante os atendimentos nos equipamentos públicos, percebo que me tratam com desleixo. Contudo, ao saber que fui infectada, resolvi mudar minhas atitudes. L.K, de 26 anos, Vendedora

A vendedora, que chegou a São Gonçalo vinda de Pernambuco há 12 anos, atualmente está recebendo tratamento psicossocial no projeto "Rede Vida", oferecido pelo Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG), o qual beneficia cerca de 100 pessoas. Outra reportagem do ENFOCO fornecerá mais detalhes sobre o projeto. 

Na cidade do Rio de Janeiro, aproximadamente 41.654 pessoas estão recebendo tratamento para HIV/AIDS através da rede municipal de saúde. Esse número representa uma redução em relação a 2023, quando havia 44.609 pacientes em tratamento. Por outro lado, a prefeitura municipal de Niterói não forneceu informações sobre a quantidade de pacientes com HIV em tratamento na sua rede de saúde.

O que é o HIV

O HIV é um vírus que ataca o sistema imunológico humano, comprometendo sua capacidade de defesa contra infecções e doenças. Ele pertence à família dos retrovírus e pode ser transmitido por meio de fluidos corporais como sangue, sêmen, secreções vaginais e leite materno.

A principal forma de transmissão é por contato sexual desprotegido com uma pessoa infectada, mas também pode ocorrer por compartilhamento de agulhas contaminadas, transfusão de sangue infectado (muito raro atualmente, devido aos rigorosos protocolos de triagem) e da mãe para o filho durante a gravidez, parto ou amamentação.

O estágio mais avançado da infecção pelo HIV é conhecido como AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), caracterizado por uma série de infecções oportunistas e cânceres que podem ser fatais se não tratados.

Embora não haja cura para o HIV, os avanços na medicina antirretroviral permitem que as pessoas vivam vidas mais longas e saudáveis com a doença, controlando a replicação do vírus e prevenindo a progressão para a AIDS.

Como diagnosticar 

Segundo a Secretaria de Saúde de São Gonçalo, o primeiro passo para saber se está com HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) é a testagem rápida, essencial para o diagnóstico precoce e o início do tratamento adequado.

Além do HIV, há testes para hepatites virais B e C e sífilis em todos os postos de saúde, exceto na Unidade de Saúde da Família de Neves, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h (exceto feriados). Em caso de resultado positivo, o paciente realiza outro exame mais complexo para posterior tratamento. Os postos de atendimento estão descritos no site da Prefeitura de São Gonçalo.

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