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Protesto contra ciclovia e trânsito caótico em Niterói

Publicada às 13h02 / atualizada às 14h14

Imagem ilustrativa da imagem Protesto contra ciclovia e trânsito caótico em Niterói
Moradores exibiram faixas e cartazes contra as intervenções no local. Foto: Alex Ramos

Moradores de Piratininga e Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói, realizaram uma manifestação, na manhã deste domingo (23), contra as obras da ciclovia na Avenida Almirante Tamandaré e a poluição nas lagoas com esgoto a céu aberto. De acordo com os manifestantes, as obras têm ocasionado trânsito caótico e prejudicado a mobilidade de quem precisa circular pela região. As reclamações contra as intervenções ocorrem de maneira constante por parte dos moradores que alegam ainda que não foram consultados.

A manifestação foi iniciada por volta das 10h e reuniu cerca de 100 pessoas com faixas e cartazes, além de um carro de som. A caminhada percorreu cerca de 3km, desde a Praça Luiz Gomes da Silva, em Piratininga, até o trevo de Camboinhas. De forma pacífica, acompanhada por guardas municipais e equipes do Programa Segurança Presente, o ato contou com o apoio de entidades como a Associação de Moradores e Amigos de Piratininga (Amapi).

A presidente da Associação dos Moradores de Piratininga, Vilza Jardim, reafirmou o problema envolvendo a ciclovia e o tempo que demora no trânsito durante o trajeto.

Ato também cobrou sobre a despoluição das lagoas da região. Foto: Alex Ramos

“Nosso problema maior são esses engarrafamentos que as ciclovias estão causando, ficamos com espaços reduzidos e se passa mal não tem como ser socorrido. Eu aqui da praça até o trevo demorei 45 minutos numa sexta feira”

Vilza Jardim, presidente da Amapi

A moradora Elaine Manglli, também de Piratininga, reforçou a ideia da presidente e alegou que ciclistas não costumam usufruir da ciclovia.

“Precisamos de obras mais necessárias, a [obra] da ciclovia é um caos, nem uma ambulância consegue passar aqui, não tem como. A ciclovia ninguém anda, fica criança andando de patins, brincando e ciclista na pista”

A ciclista, Helena Silva, que também participou do ato, informa que não há necessidade das obras que estão sendo realizadas para a ciclovia.

“Eu sou ciclista, moradora, mãe que precisa sair com criança pra ir pro hospital, com idoso acamado que no momento de socorro não podemos sair. Essa ciclovia foi feita sem consulta de nós. Só queremos dignidade pra morar bem” relatou

Quem também esteve no local foi o vereador Douglas Gomes (PTC) que concordou com a reivindicação dos moradores.

“O ato foi organizado pelos moradores vim apenas apoiar porque essas obras foram feitas sem diálogo com os moradores. A obra foi intensificada e não ouviram quem mora no local. Nosso mandato entrou com uma ação na justiça para interrupção das obras, inclusive enviamos requerimentos de informações para a prefeitura que não foram respondidas” disse o parlamentar.

Poluição

Outra reivindicação do ato deste domingo foi por conta da poluição das lagoas do entorno do bairro. Coordenador do projeto Lagoa sem esgoto, Marcos Damásio, reforçou a importância da despoluição da lagoa de Piratininga.

“Estamos tentando diálogo com prefeitura, com o Inea pra que possam ser feito as obras da lagoa pra evitar o esgoto, estamos fazendo uma manifestação dos moradores pra que toda sociedade possa ver o que a gente precisa” reforçou.

Trânsito

Motoristas que precisaram trafegar pela rua Almirante Tamandaré no fim da manhã deste domingo (22) presenciaram trânsito caótico, com cerca de uma hora para completar o trajeto desde a praia de Piratininga até o Itaipu Multicenter.

Outros pontos de congestionamentos também complicaram os acessos para as entradas das praias tanto de Piratininga, quanto de Camboinhas. Na Estrada Francisco da Cruz Nunes, o trânsito iniciou desde altura do Hospital Mário Monteiro até a entrada das praias.

Tempo quente e aberto fez com que muitos motoristas fossem em direção às praias da cidade neste domingo. Foto: Alex Ramos

Durante a manhã deste domingo (22), o congestionamento chegou a 10 km para entrada nas praias de Piratininga e Camboinhas. Segundo a NiTtrans, o fluxo foi intenso a partir de São Francisco.

A Prefeitura de Niterói foi questionada a respeito do problema relatado pelos moradores da região e informou que desde 2013, a Região Oceânica vem recebendo investimentos em obras de infraestrutura, drenagem, pavimentação e mobilidade. O órgão disse ainda que até 2013, cerca de 80% das ruas da região não tinham infraestrutura. O cronograma dos últimos anos foi de planejamento a curto, médio e longo prazo, com obras de soluções definitivas, com mais de 200 ruas que receberam investimentos de R$ 11,5 milhões com prazo de conclusão para o primeiro semestre deste ano.

Outros bairros, como Engenho do Mato, também receberam investimentos total de R$ 144 milhões contempla uma nova estrutura em 117 ruas do bairro. Na última semana, a Prefeitura de Niterói também anunciou o início das obras de estabilização e recuperação do calçadão da Praia de Piratininga, que começam nesta segunda-feira (24). O objetivo é trazer solução definitiva para proteger o local das fortes ressacas que ocasionaram a diminuição da faixa de areia. Com previsão de conclusão em 4 meses, a obra terá investimento de R$ 7,8 milhões. Também será realizado um trabalho de paisagismo no calçadão e construído um posto salva-vidas. A obra na orla da praia de Piratininga será realizada no trecho entre as ruas Jornalista Umbelino Silva e João Gomes da Silva. Nesta área, será construída uma contenção com cortina atirantada e estacas hélices.

Meio Ambiente

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Niterói, em parceria com a concessionária Águas de Niterói, intensificou a fiscalização das casas que não estão ligadas à rede de esgotamento sanitário, contribuindo para a diminuição do lançamento de efluentes sem tratamento nas lagoas. Mais de 1,5 mil imóveis da Região Oceânica já tiveram sua ligação na rede de esgoto vistoriada pela Prefeitura de Niterói, por meio do programa Ligado Na Rede.

O Executivo disse que vem desenvolvendo ações em diversas frentes para melhorar as condições ambientais do sistema lagunar da Região Oceânica. Desde 2013, a Prefeitura vem se mobilizando e traçando o planejamento de soluções definitivas e concretas para o sistema. As lagoas de Itaipu e Piratininga são de responsabilidade do Governo do Estado, mas a administração municipal, reconhecendo-as como patrimônio da cidade, assinou um convênio de co-gestão e está colaborando no processo de recuperação do sistema.

O Programa Região Oceânica Sustentável (PRO-Sustentável), que elaborou estudos e projetos consistentes para embasar as ações efetivas que estão saindo do papel para recuperação das lagoas, tem um dos maiores investimentos do País em um projeto de infraestrutura sustentável. O programa tem investimento de 100 milhões de dólares, com financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). A administração municipal acredita que a recuperação das lagoas e seu entorno é fundamental não apenas para reverter um longo processo de degradação, mas também para preservar suas características.  

Com previsão de conclusão em setembro de 2022, está sendo construído no entorno da Lagoa de Piratininga o maior parque sustentável do País, o Parque Orla de Piratininga Alfredo Sirkis (POP). O investimento no POP é de R$ 60 milhões. O projeto vai implantar soluções inovadoras, usando a própria natureza, para proteger e recuperar os ecossistemas da Lagoa de Piratininga e o seu entorno, recuperar a qualidade ambiental de suas águas, além de fomentar a atividade pesqueira e abrir espaços multifuncionais de lazer para a população. O POP é um passo fundamental para a despoluição da lagoa de Piratininga, e terá como um dos diferenciais a implantação de um sistema de gestão de águas pluviais composto por bacias de sedimentação, jardins filtrantes, jardins de chuva e biovaletas para a captação e tratamento das águas provenientes dos rios e da rede de drenagem das principais bacias contribuintes à lagoa. A iniciativa de Niterói é pioneira e histórica em termos de engenharia ambiental e mesmo antes de iniciadas as obras, as soluções inovadoras do Parque Orla de Piratininga já alcançaram o reconhecimento técnico através de publicações e prêmios conquistados na França e no Brasil.

Em Itaipu, está sendo contratada empresa para elaboração de projeto de desassoreamento do canal da lagoa e recuperação dos enrocamentos (blocos de rocha compactados) que protegem o canal.

Mobilidade urbana

Já sobre mobilidade, a prefeitura diz que o projeto da ciclovia da orla de Piratininga está em andamento e integra o Sistema Cicloviário da Região Oceânica, cujas obras tiveram início em maio de 2021. Nessa primeira etapa, a iniciativa contemplará um total de 21,75 Km, sendo 14 Km de novas rotas cicláveis e 7,75 Km de requalificação das rotas já existentes. Após a conclusão das intervenções, será possível usar a bicicleta para fazer o percurso entre a Região Oceânica e o Centro de Niterói. A Coordenadoria Niterói de Bicicleta e a Secretaria Municipal de Obras, após várias reuniões e processos de escuta com moradores e representantes de associações de Piratininga, fizeram uma alteração no projeto da ciclovia da orla do bairro. Com isso, o traçado da faixa exclusiva para ciclistas passará a contornar as áreas das seis praças ao longo do calçadão.

No projeto inicial, as obras da ciclovia da Praia de Piratininga tinham previsão de integração com as praças, visando a sincronia dos usuários nestes espaços de forma segura e evitando desvios no trajeto da ciclovia. Após o início das obras, no entanto, a equipe técnica começou a receber sugestões apresentadas por parte de moradores que apontavam a alteração do projeto buscando o deslocamento da ciclovia para o limite externo das praças. E, após avaliação da equipe técnica, a demanda foi atendida.

Todos os projetos do Sistema Cicloviário da Região Oceânica irão trazer, além da infraestrutura cicloviária, melhorias nas condições de acessibilidade. A Secretaria Municipal de Acessibilidade participou da avaliação e elaboração dos projetos com base nas melhores práticas e normas técnicas. A Praia de Piratininga e a Avenida Acúrcio Torres, por exemplo, ganharão rampas de acessibilidade, melhorias no pavimento e faixas de pedestre em todas as esquinas. A Ciclovia de Piratininga vai melhorar condições de acessibilidade para todos os moradores do bairro. No total, serão 165 novas travessias e 325 novas rampas, somente neste primeiro lote da obra, sendo 76 rampas e 21 travessias ao longo da orla de Piratininga.

A Prefeitura de Niterói pretende lançar ainda neste primeiro semestre o edital para a remodelação da entrada de Camboinhas. Será construída uma nova rotatória, abrindo espaços para lazer, além de um bicicletário, um parque de cachorros e uma praça. No local também será instalado um ponto de ônibus, que permitirá que o morador de Camboinhas siga até a rotatória de bicicleta, estacione no bicicletário e embarque no ônibus ali mesmo. Aos poucos, todas as ciclovias serão integradas. A nova rotatória também estará ligada a um dos dois principais acessos ao Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis. O valor global da obra previsto no edital será de R$16,5 milhões. O prazo de conclusão será de 12 meses após o início das obras.

A Prefeitura de Niterói entende que as intervenções podem ocasionar eventuais transtornos ao trânsito, mas reforça que as obras são importantes e necessárias para a melhoria da infraestrutura da região. Agentes da Nittrans, da Guarda Municipal e da Subsecretaria de Trânsito e Transportes (SSTT/SMU) estão atuando constantemente para minimizar os impactos para os moradores.  

Sobre a poluição nas lagoas da região, o Instituto estadual do Ambiente (Inea) informou que a recuperação ambiental das Lagoas de Itaipu e Piratininga depende de algumas ações, envolvendo o saneamento da região, ampliando a rede de coleta e tratamento de esgoto, e atualmente de responsabilidade da companhia Águas de Niterói. A empresa Águas de Niterói foi questionada mas ainda não enviou resposta.

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