Cidades

Nova etapa da Transoceânica entra em operação

Durante esta primeira fase foram criadas três linhas exclusivas com ônibus automáticos. (Foto: Wallace Rosa)

Entrou em operação ao meio-dia deste sábado (27) o corredor de transportes da TransOceânica. Após uma grande espera, os moradores de Niterói já podem ter acesso ao projeto audacioso da Prefeitura de Niterói, que custou R$ 438,1 milhões.

Durante a solenidade, que começou por volta das 10h30, na Estrada Francisco da Cruz Nunes, em Itaipu, na Região Oceânica, estiveram presentes cerca de 200 pessoas, entre elas, diversas autoridades, como secretários e representantes do governo. O prefeito Rodrigo Neves considerou o momento muito importante para o município.

“A menor tarifa de ônibus da Região Metropolitana é de Niterói. Ainda assim, temos a frota mais climatizada do Rio. Quase 90% dos ônibus têm ar-condicionado. O BHLS é um transporte público de alta performance. As cidades mais modernas e sustentáveis são aquelas que estão avançando com relação ao transporte público”, declarou o prefeito.

Rodrigo ressaltou que com a inauguração do corredor de transportes, quem ganha é o niteroiense.

“As pessoas ganharam tempo para curtirem às suas famílias, além de aproveitarem com mais rapidez o que a Região Oceânica tem de melhor, como as nossas praias. Niterói fez o seu dever de casa com gestão responsável”, destacou.

A via exclusiva para ônibus do sistema BHLS (Bus of High Level of Service) abrange 9,3 quilômetros de extensão, 13 estações em 12 bairros e liga a Região Oceânica à Zona Sul, através do túnel Charitas-Cafubá.

Nessa fase foram criadas três linhas exclusivas com ônibus automáticos: oceânica 1 (Piratininga - Centro), oceânica 2 (Itaipu - Centro) e oceânica 3 (Itaipu - Centro - via Engenho do Mato). Ônibus municipais devem migrar de forma gradativa para a pista especial.

Questionado sobre o BHLS se tornar um problema de superlotação, Neves foi enfático ao dizer que durante os primeiros dias de circulação, operadores vão alertar a população sobre a importância de se ter atenção no cruzamento dos sinais.

"Um dos problemas mais graves do BRT foi justamente a travessia feita de forma errada, provocando uma série de acidentes. Nesse momento, será feito um trabalho de reforço na educação e conscientização das pessoas", destacou Neves.

A iniciativa promete reduzir o tempo de percurso dos passageiros niteroienses em cerca de 30%, beneficiando cerca de 125 mil pessoas diariamente.

Paulo Bagueira (SDD), secretário municipal Executivo, também marcou presença e falou sobre as estratégias de governo.

“A Prefeitura permanece investindo no setor social, no urbanismo, na pavimentação. Existem programas e metas de governo até o final do ano que vem. Estamos funcionando a todo vapor, de forma acelerada. Vamos continuar ouvindo a população para um bom resultado em todas as áreas, assim como no setor de transportes”, disse.

Para dar início à inauguração, uma das três linhas de ônibus contou com a presença do prefeito, além de secretários, assessores e população local - que pode circular até o seu destino de forma gratuita.

Durante o circuito, os passageiros celebravam a conquista e aplaudiam a cada um que desembarcava nas suas respectivas regiões de destino.

“Sem dúvidas foi muito importante a ideia do prefeito valorizar a Região Oceânica, que estava largada há anos. Embora, tenham muitas coisas para serem feitas, essa via tem muita importância no quesito da equação de tempo da casa do morador que mora por essa região ao Centro. Apesar disso, eu acho que a população poderia fazer um abaixo-assinado para o aumento da velocidade desses ônibus que hoje é de 40km”, contou um funcionário público que não quis se identificar.

Axel Grael, secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão (Seplag), abordou os impactos dos investimentos na TransOceânica.

“Isso é um salto que a cidade dá em direção à sustentabilidade. Veja bem, sustentabilidade não se faz apenas com áreas verdes e águas limpas. Faz-se também com mobilidade, qualidade de vida. Essa obra proporciona isso. É uma solução moderna e inovadora que com certeza terá um saldo muito positivo”, enfatizou.

Novidades

O projeto conta com a possibilidade de circulação dos coletivos fora do corredor expresso. Para isso, cada veículo oferecerá a possibilidade de embarque dos dois lados. Cada um terá capacidade para transportar 90 passageiros, com o conforto do ar-condicionado.

A inclusão será trabalhada de forma eficaz durante o funcionamento do serviço. Pessoas que possuem deficiência ou mobilidade reduzida, contam com adaptações nas dependências dos ônibus.  

Todas as 13 estações do BHLS terão câmeras de segurança, painéis que informam o tempo de chegada de cada ônibus - onde os usuários podem acompanhar a localização dos coletivos no mapa, além de bicicletário com 10 vagas. A cidade de Niterói é pioneira em todo o Estado do Rio com esse modelo de transporte.

Ao longo das obras, uma série de problemas fizeram com que a entrega do projeto fosse adiada. Além disso, o valor inicial feito durante contrato assinado pela Empresa Municipal de Moradia, Urbanismo e Saneamento (Emusa) em setembro de 2014 com o consórcio das empreiteiras Constran e Carioca Christiani-Nielsen previa R$ 310,8 milhões para as obras, que deveriam estar concluídas em 2016.

Segundo o prefeito Rodrigo Neves, em função de ajustes da inflação previstos em contrato, além de reparos que tiveram que ser feitos em função da própria ciclovia, houve mudança no valor final do projeto.

De acordo com as publicações feitas no Diário Oficial de Niterói, a soma dos valores divulgada em extratos de 15 termos aditivos e três apostilamentos indica que o custo pode ter superado em até 40% o valor inicial, chegando a R$ 438,1 milhões.

Manifestação

Manifestantes questionavam funcionalidades das ciclofaixas ao redor do Região Oceânica. (Foto: Wallace Rosa)

Um grupo de ciclistas realizou uma manifestação pacífica durante a inauguração do corredor de transportes da TransOceânica. Na ocasião, eles gritavam palavras de ordem e chegaram a vaiar o prefeito Rodrigo Neves - que visivelmente desconfortável se deslocou para as dependências de um dos ônibus. Os manifestantes questionavam as funcionalidades das ciclofaixas ao redor da cidade e permaneceram no local por cerca de 10 minutos.

“As ciclovias têm muro, postes na frente. Temos que dividir a pista com pedestres. Eles pintaram algumas ruas com faixas vermelhas. Só que as ruas não são contínuas. Não há funcionalidade alguma. Eu não uso ônibus, trabalho com a minha bicicleta”, desabafou a ciclista Patrícia Amim, de 48 anos.

Segundo o ciclista e professor Eduardo Chaves, de 50 anos, somente em alguns trechos são encontradas as ciclofaixas.

“A prefeitura expulsou os ciclistas, os skatistas, os corredores, os deficientes físicos. Isso é grave. Foi uma obra que durou muito mais do que previsto, gastou muito mais do que o previsto em contrato. Além do mais, tenho um amigo que tem uma sequela, após um acidente nessa obra muito mal sinalizada. Foram três anos de intervenção com muito sofrimento para a população. Se o pneu de uma bicicleta furar aqui o trânsito para. Parece que essa grande quantidade de representantes presentes se beneficiam com isso”, disse indignado.

Também durante a manifestação o grupo alegava as inúmeras alterações no projeto. Segundo eles, a estação era pra ser fechada e agora são pontos de ônibus que só têm sombra em um lado.

Questionado sobre a situação, o prefeito Rodrigo Neves disse que atualmente já foram implantados quase 20 quilômetros de ciclovia. Ele também afirmou estar sempre disposto a debates sobre o que acontece na cidade.

“Quando as pessoas participam dos debates e das políticas públicas, tudo melhora. Então, quero ressaltar que até o final do ano que vem chegaremos aos 50 quilômetros. Não é coerente essas reivindicações. A Região Oceânica não tinha infraestrutura de drenagem e galerias. Atualmente está recebendo um volume recorde de investimento. Essa região será a mais ciclável da Região Metropolitana”, completou.

< Mega-Sena pode pagar R$ 105 milhões neste sábado Guerra do tráfico em SG longe de acabar <