Cidades

UFF define rumo dos protestos

Assembleia geral foi realizada na quadra do campus Gragoatá da UFF na noite desta segunda-feira (6). Foto: Wallace Rosa

A assembleia geral realizada na noite desta segunda-feira (6) no campus Gragoatá - organizada por alunos e trabalhadores terceirizados da Universidade Federal Fluminense (UFF) foi marcada por planejamentos de ações coletivas, que serão transformadas em atos de conscientização, previstos para acontecer no decorrer dos próximos dias, por representantes de quatro setores, sendo eles, estudantes, docentes, técnicos administrativos e terceirizados.

Nesta quarta-feira (8), às 7h, haverá uma manifestação dos trabalhadores terceirizados da empresa Luso Brasileira. Segundo o diretor jurídico do sindicato de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana de Niterói e Região (Sintacluns), Nézio Francisco, a dívida da instituição já chega a R$ 20 milhões.

“Vamos mais uma vez cobrar os nossos direitos. A universidade é co-responsável pelo contrato do trabalhador. Nos últimos dias, cerca de 400 trabalhadores foram demitidos, todos sem previsão de rescisão. Estamos falando de profissionais que estão na empresa há 20 anos e que não sabem como será o futuro. São pessoas que recebem baixos salários. A situação é bem complicada. Conto demais com o apoio dos estudantes”, destacou Nézio.

Ainda no mesmo dia, às 16h, haverá um ato que promete reunir diferentes movimentos. A concentração está prevista para acontecer no bandejão. Já a manifestação também vai seguir até à reitoria.

No próximo dia 15 haverá um ato nacional contra o corte de 30% nas verbas da Educação. Já no dia 14 de junho está prevista uma greve geral por parte dos professores e servidores de todo o Brasil.

De acordo com o estudante do curso de História, João Victor - organizador de uma das frentes estudantis, o corte de verbas afeta todos os serviços oferecidos pela UFF.

“Se a universidade parar, o andamento da cidade é totalmente prejudicado. São questões que vão muito além do setor acadêmico. As ações da UFF estão presentes em toda a cidade. Ou seja, com a verba bloqueada o pagamento de funcionários de limpeza, segurança, bolsas e auxílios - resumindo, tudo que é para manutenção da casa, acaba sendo afetado. Precisamos de R$ 200 milhões ao ano para que tudo funcione perfeitamente aqui na universidade. Antes do bloqueio, já havíamos perdido R$ 30 milhões. Não tem como ter pesquisa de ponta sem energia, muito menos ter aulas sem luz nas salas, também não podemos ficar sem segurança”, ressaltou.

Durante a assembleia, foram apresentadas diversas propostas por parte dos organizadores. Entre eles, estiveram presentes professores que integram a Associação dos Docentes (ADUFF); Marianna Dias, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE); Bernarda Gomes, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores da UFF (SINTUFF), entre outros.

“Eles nos acusam de fazer balbúrdia porque a democracia dói. Ter liberdade dentro de uma universidade que é rica em conhecimento dói. Nós vamos resistir contra esse governo que quer destruir o nosso futuro com a Reforma da Previdência, tirando os nossos estudos e perspectivas de vivermos dentro de um país melhor e mais justo, com mais educação. Nós tratamos as pessoas que não gostam da gente com resistência, falando alto e fazendo a tal da balbúrdia que o governo não suporta, que é resistir contra o autoritarismo”, disse a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias.

Com medo do que pode acontecer futuramente, uma professora que não quis se identificar, contou um pouco da sua preocupação frente ao cenário político atual.

“Estamos buscando forças para estarmos juntos novamente nos próximos atos. Vamos continuar batalhando pela educação. A Universidade pública precisa nesse momento, mais do que nunca, estar fortalecida. Vemos que as partes mais pobres da nossa nação, estão adentrando nesse espaço. Pra mim, essa questão é vista como uma ameaça para a classe mais abastada”, disse emocionada.

Para o professor e diretor da Associação dos Docentes da UFF, (ADUFF) Edson Benigno, a articulação feita nesta segunda-feira (06) é um oxigênio nas possibilidades de novos rumos da educação.

“O movimento está acontecendo com uma certa expressão em termo nacional. A passeata no dia 8 e a proposta de paralisação nacional no dia 15, seguem firmes. De imediato, aqui nesta assembleia hoje, não há proposta de greve, até porque nesses casos, as categorias devem decidir autonomamente. Ou seja, deveria ter uma assembleia anterior dos docentes ou até mesmo dos alunos, para que isso fosse decidido agora. Não é esse o caso hoje, por enquanto”, ressaltou.

Os inúmeros eventos se dão após o anúncio do bloqueio de 30% do orçamento da UFF feito pelo Ministério da Educação (MEC) na última terça-feira (30) - afetando, inclusive, outras instituições federais ao redor do país, como a Universidade de Brasília (UNB) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para o governo, a implantação da medida é a “balbúrdia” que ocorre nas faculdades.

Ainda no Rio de Janeiro, o Colégio Pedro II e o Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFRJ) também já sofrem com a verba cortada pelo governo federal. Inclusive, a manhã desta segunda foi marcada por manifestações feitas por esses alunos, que foram na porta do Colégio Militar, como forma de chamar atenção do presidente Jair Bolsonaro, que participava de um evento na unidade.

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