
A divulgação de uma suposta vacina contra a Covid-19 sendo vendida próximo à passarela da quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira, na Zona Norte do Rio, tomou conta da web essa semana e alerta para a força do boato disfarçado de humor, que pode pode levar muitas pessoas a acreditaram em fake news.
Em tom de sátira, o imunizante era comercializado por R$ 50 entre comerciantes do subúrbio carioca. Quem já quisesse sair vacinado do local, bastaria pagar mais R$ 10.

No local, os ambulantes reagiram de forma bem-humorada quando souberam da ‘vacina fake’.
“Aqui tem de tudo: sandália, roupa, celular, brinquedo. Só não tem a vacina contra a Covid-19. Isso que fizeram foi uma brincadeira, é mentira. Até vieram alguns guardas fazendo ronda aqui esses dias para saber, mas é mentira”, brincou Pedro Belo, de 28 anos, ambulante da área.
No camelódromo foi possível ver diversos produtos à venda, menos a tal vacina chinesa.
“Eu realmente vi isso nas redes sociais. Aqui o pessoal até comentou, mas parece que foi uma brincadeira”, relatou outro trabalhador do comércio popular.

A informação em tom de comédia ganhou a imprensa carioca e de outros estados, que acabaram “vendendo” como se fosse verdade o assunto.
Pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) da Fiocruz, Izamara Bastos Machado explica a importância da informação correta, sobretudo no que envolve saúde pública e o cuidado na checagem das informações divulgadas nas redes sociais.

“Trata-se de um assunto muito sério que é a saúde da população. Estamos vivendo uma das maiores crises sanitárias do país e do mundo. Hoje, gasta-se muito tempo tentando esclarecer informações truncadas ou mentirosas que circulam nas redes sociais. Esse tempo precioso dos jornalistas precisa ser investido em problematização e questionamento em assuntos realmente importantes”
Izamara Bastos, pesquisadora da Fiocruz
No Brasil, a vacina desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, se encontra em fase de testes e ainda não está em condições de liberação para a população, segundo o próprio instituto. Em diferentes países, outros imunizantes de diferentes farmacêuticas já estão sendo administradas, mas ainda em fase preliminar. No Brasil, a expectativa é que a partir de janeiro seja dado início a vacinação dentro dos planos definidos pelas administrações públicas.