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Vem aí as bicicletas compartilhadas em Niterói

Sem empresas interessadas, Prefeitura deixará de fora Região Oceânica e Zona Norte. Foto: Alex Oliveira/Arquivo

O projeto de implantar bicicletas compartilhadas em toda Niterói sofrerá mudanças, pois nenhuma empresa se interessou em assumir o serviço no edital aberto em outubro. Para garantir a efetivação do projeto a Prefeitura planeja um novo edital, mas dessa vez focado apenas na região central.

O edital previa a implantação das estações aos poucos. No primeiro momento, o serviço atenderia a região central e o bairro de Icaraí, na Zona Sul. Depois, a empresa deveria ampliar o raio de cobertura para a Zona Norte e Região Oceânica.

De acordo com a coordenadora do programa Niterói de Bicicleta, Claudia Tavares, a nova proposta deve oferecer quarenta bicicletas em um raio de cinco quilômetros do bicicletário da Praça Arariboia. 

O plano inicial era oferecer 1,6 mil bicicletas compartilhadas em 160 pontos de embarque. De acordo com o secretário municipal de Planejamento (Seplag), Axel Grael (PV), a cobertura fora de áreas turísticas pode ter afastado os interessados. De acordo com Grael, o edital deve ser relançado em até duas semanas. 

"Queremos tornar a bicicleta compartilhada uma alternativa de mobilidade em Niterói, diferente de outras cidades que colocam em lugar turístico. Talvez esse tenha sido um dos motivos, misturamos 'filé com osso'. Vamos repensar o edital e ouvir o mercado sobre a nova proposta", afirmou o secretário.

Mais ciclovias

Secretário municipal de Planejamento, Axel Grael (PV) apresentou nova proposta em audiência no bicicletário Araribóia, no Centro, neste sábado (26). Foto: Wallace Rosa

A Prefeitura de Niterói está ampliando o conjunto de ciclovias, ciclorrotas e ciclofaixas disponíveis na cidade. Atualmente, os usuários do modal tem 50 quilômetros disponíveis.

De acordo com Grael, a meta é ampliar a malha para 100 quilômetros. Até dezembro, deve estar concluída a integração entre a ciclovia das avenidas Roberto Silveira, Marquês do Paraná e Amaral Peixoto.

"O projeto de revitalização da orla de Icaraí também tem soluções para bicicleta. Teremos uma ciclovia saindo do Mercado de Peixe São Pedro até a Estrada Leopoldo Fróes, e estamos concluindo um estudo para a malha cicloviária da região oceânica, integrada com o projeto do Parque-Orla de Piratininga", detalhou o secretário.

Para a coordenadora do projeto Niterói de Bicicleta, Claudia Tavares, a implantação das bicicletas compartilhadas pode impulsionar o investimento no modal.

"No Rio, as estações surgiram antes e foram indutoras para abertura de ciclovias em áreas como a Tijuca. Temos ciência de que a malha cicloviária de Niterói é insuficiente, mas há projetos de expansão e não é um impedimento para implantação das bicicletas compartilhadas, pois em muitas cidades o processo aconteceu meio junto", pontuou Tavares.

Adesão ao modal

Um estudo da Prefeitura de Niterói aponta que o uso de bicicletas aumentou 40% na cidade no último ano. Dados da Secretaria de Mobilidade e Urbanismo apontam que as bicicletas correspondem a 4% do deslocamento em Niterói. Os carros, por sua vez, ainda representam 25% das viagens.

O engenheiro de automação Bruno Rangel aderiu ao modal há três meses para escapar do trânsito no sentido Ponte Rio-Niterói. Ele percorre a rota da Marquês do Paraná até a Estação das Barcas na Praça de Araribóia para chegar ao trabalho Centro do Rio. De quebra, usa o bicicletário gratuito da Prefeitura. 

“As pessoas usam a bicicleta para escapar do trânsito, especialmente no corredor da Região Oceânica, Roberto Silveira e Ponte. Nesse trecho tem lentidão desde 6h30 da manhã. Antes eu ia de ônibus, mas após essa opção, de três meses para cá notei que melhorou muito minha qualidade de vida, além de pesar menos no bolso”, afirmou Bruno.

Para Thalles Gabrish, estudante de engenharia ambiental da Universidade Federal Fluminense (UFF), ainda é preciso avançar em educação no trânsito e integração entre as regiões da cidade.

“Utilizo a bicicleta todos os dias, principalmente para ir para a faculdade. Sinto falta de sinalização, de ações para conscientização dos motoristas e mais conexão entre ciclovias. As bicicletas compartilhadas em Niterói será interessante, pois aqui é tudo plano. O problema é implantar sem dar a orientação necessária para toda a população” afirmou. 

Tecnologia

A Prefeitura de Niterói fechou uma parceria para otimizar a captação de dados sobre o transporte por bicicletas na cidade. Uma equipe da pós-graduação em Computação da UFF elaborou um aplicativo para identificar as rotas mais procuradas pelos ciclistas. O aplicativo BikeNit ainda está em fase de testes, e foi o vencedor da competição de tecnologia HackNit.

“O app será como um ‘Waze’ para bicicletas. Você entra no aplicativo e determina a melhor rota. Nosso sistema está conectado com toda infraestrutura cicloviária, como os paraciclos e vagas disponíveis no bicicletário. Com isso, vamos captar as rotas mais utilizadas pelos usuários para que a Prefeitura possa implementar políticas públicas para a área” afirmou Leonardo Pio Vasconcellos, coordenador de inteligência artificial e interface do aplicativo.

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