Filipe Vianna - Segue o Jogo

Neymar: fazendo falta ou não, o Brasil precisa dele

No registro, Tite abraça Neymar. (Foto: Divulgação - CBF)

"Neymar-dependência" foi uma expressão muito usada pelos jornalistas brasileiros. E não faz muito tempo. Na verdade, vem desde a Copa de 2014 quando o atleta se machucou contra Colômbia (após a entrada criminosa da Zuñiga) e não jogou contra a Alemanha (ele foi é sortudo).

De lá para cá, a Seleção Canarinho disputou a Copa do Mundo da Rússia, dessa vez com Tite no comando e, agora, a Copa América de 2019. O Mundial da Rússia foi um fracasso. No aspecto conjuntural da Seleção, foi regular para ruim; no aspecto “Neymar” foi um verdadeiro fracasso, tenebroso.

Quem não se lembra daquele penteado (muito feio) da estreia? Veja bem, não faço coro àqueles que dizem que “o Brasil era bom quando a chuteira era preta e o cabelo era raspado”. Acho isso bobeira, isso não mostra nada. Mas, nitidamente, o camisa 10 do PSG demonstrava estar muito mais ligado no quesito midiático do que no quesito bola no pé.

Ao decorrer daquela competição, a atuação do “menino Ney” continuava abaixo da média. No fim das contas, o Brasil caiu para a Bélgica e o grande personagem negativo tinha um nome: Neymar Júnior. O meme do “cai cai” tem mais de 1 milhão de acessos no YouTube.

O tempo passou e chegamos em 2019 para a Copa América no nosso próprio país. Tite havia perdido um pouco da alegria conquistada, do prazer de ver o time de verde-amarelo jogar.

As recentes más atuações pós-Copa e os jogos contra equipes bem inferiores como Catar, Panamá e Honduras, demonstraram à torcida que era mais interessante ver seu clube jogar do que a seleção do próprio país – isso se explica devida a formação do time ser de 95% de jogadores que atuam fora da terra natal. Ainda que com todas essas dificuldades, as coisas estavam caminhando.

A “Neymar-dependência” apareceu novamente e Tite contornou. O problema foi o vazamento do escândalo da acusação de estupro. Ele estava novamente nos tabloides com polêmicas e problemas.

A oito dias da abertura da Competição só o que se falava era: “Neymar será cortado ou não”? “Quais os riscos de mantê-lo na lista?”. Parece insensível dizer que o amistoso contra o Catar, quando o atacante se lesionou, e posteriormente foi cortado, acabou uma solução para o próprio atleta, mas é verdade.

Sem o camisa 10, o Brasil passou bem a Copa América. Alguns pontos baixos (poucos), mas bons pontos positivos: Éverton Cebolinha e suas atuações decisivas parecendo ser um único jogador com capacidade de mudar o jogo em um drible, Gabriel Jesus que, apesar da seca de gols, se mostrou efetivo pelas pontas e Daniel Alves mostrando que idade é o de menos no futebol.

A verdade é que Neymar fez falta. Claro que fez. Sempre fará. Ele não é um jogador comum. A questão não é essa. Mas pense por outro lado. Na Inglaterra, qual é o grande gênio? Não há. Mas há bons jogadores sendo alguns melhores e outros piores. Independente disso, há uma hierarquia de que o conjunto é mais importante. A mesma pergunta se aplica para Espanha e até a atual campeã França.

O que dirá da Argentina que possui o grande gênio, mas o fracassado (na seleção) Lionel Messi?

O Brasil não precisa de Neymar porque ele “manda” ou porque ele é um jogador diferenciado, assim como a Argentina não precisa de Messi porque ele é o que ele é, mas sim precisa para ser um diferencial no grupo de atletas que compõem uma convocação. Não falo de prioridades a ele ou de regalias, falo de ser tratado igual a Phillipe Coutinho, Marquinhos ou qualquer outro jogador.

Está na hora de parar de colocar grandes jogadores como acima do bem e do mal. Por que grandes atletas não podem ser tratados igualmente? Por que para ser protagonista é necessário rebaixar dos outros e se colocar “fora”?

O futebol está mudando, algumas concepções estão mudando... Dificilmente teremos o “estilo Romário”. Você sabe... treina menos, tem regalias, todos sabem disso e aceitam, pois ele resolve em campo e é um craque, diferente da maioria.

As coisas estão mudando.

Precisamos de Neymar, mas é bom essa concepção mudar sobre ele seja por parte da imprensa ou dele mesmo e de seu pai, porque os torcedores já mudaram e não vão mais tolerar isso.

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