Polícia

São Gonçalo registra média de um estupro por dia

Foram 32 casos registrados em outubro deste ano, contra 19 no ano passado em São Gonçalo. Foto: Divulgação - EBC
Foram 32 casos registrados em outubro deste ano, contra 19 no ano passado em São Gonçalo. Foto: Divulgação - EBC

Os registros envolvendo casos de estupros dispararam em São Gonçalo em outubro: foram 32 casos contra 19 no mesmo período do ano passado, média de um por dia. Em setembro deste ano, 20 casos foram registrados, 12 a menos que o mês posterior. Os dados são do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP).

A delegada Débora Rodrigues, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de São Gonçalo, disse que apesar dos índices serem considerados altos, os números de ocorrências ainda não denunciados pelas vítimas, são ainda maiores — realidade considerada por ela como triste.

"Infelizmente tudo o que é relacionado à violência contra a mulher, nós temos como se fosse uma cifra negra. Nunca teremos os números corretos, porque as pessoas sofrem a violência por anos e demoram a denunciar", reforça. 

De acordo com as investigações da Deam de SG, cerca de 70% dos abusos sexuais são realizados dentro da própria casa da vítima, por pessoas próximas, sendo estes abusadores figuras importantes como o pai, o padrasto, alguém que deveria ser considerado como um indivíduo de confiança pela mulher agredida. 

Com base nos últimos registros da especializada, a delegada explica que é possível notar um maior encorajamento por parte das mulheres em denunciar os abusos. Ela ainda evidencia que nos próximos anos os números irão aumentar por conta dos avanços de programas sociais que incentivam as mulheres a falarem sobre o assunto.

"Dos casos que recebemos, a maioria não é o primeiro estupro. A pessoa não chega e fala: fui estuprada ali na rua. O perfil da maioria é com pessoas conhecidas e com um histórico de violências. Por mais que seja complicado explicar isso: é positivo termos cada vez mais ciência desses casos porque serve como um alerta. Elas estão acordando",

ressalta a delegada Débora

Lei

O Art. 215 do Código Penal esclarece que ter conjunção carnal ou pratica de ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima é configurado estupro. A pena varia de dois a seis anos. 

"Se segura a vítima com força, passa as mãos nas partes íntimas, isso é um estupro. Se consegue tocar nos órgãos íntimas sem que a mulher veja, como, por exemplo nos transportes públicos, ou quando o agressor não toca na vítima, mas, ainda assim, se masturba, coloca o órgão para fora dentro de um ônibus... casos assim, são enquadrados como importunação sexual. A pena é de um a cinco anos e não há possibilidade do criminoso pagar fiança"

esclarece a delegada Débora Rodrigues

Último caso 

Há cerca de 15 dias, um homem de 42 anos foi preso na companhia da esposa, dentro de um supermercado em São Gonçalo, acusado de estupros. O caso aconteceu no bairro de Nova Cidade, após seis meses de investigações. Era exatamente no bairro onde o acusado foi capturado, que ele costumava agir na maioria das vezes. 

Segundo a Polícia Civil, pelo menos três vítimas reconheceram o homem, que planejava os crimes da seguinte forma: ele usava um perfil falso em aplicativo de relacionamentos para atrair as vítimas, marcava encontros e no local estuprava e roubava as vítimas.

As investigações apontam que o número de vítimas ainda pode aumentar para pelo menos dez. Os atos eram sempre realizados dentro do próprio carro do criminoso, modelo Fox, na cor prata. 

"Ele era agressivo e usava arma de fogo para praticar as ameaças. Algumas vítimas conseguiam fugir. Só que tenho ciência de uma vítima que precisará fazer cirurgia de reconstrução nas partes íntimas para reparar, porque ele dava chutes. Eu peço as vítimas que não tenham vergonha de denunciar. A vergonha de se expor é desagradável, mas sem a denúncia eu não posso agir", finaliza a delegada titular da Deam, Débora Rodrigues.

Acolhimento

O Movimento de Mulheres de São Gonçalo desenvolve projetos voltados ao público feminino de todas as idades, de forma gratuita. A instituição se dedica principalmente em atender vítimas de violência doméstica e sexual que desenvolveram transtornos psíquicos. 

A coordenadora do espaço, Marisa Chaves, alia o aumento dos índices a abertura de instituições específicas para receber essas demandas.

“As mulheres têm se sentido mais seguras e fortalecidas. Hoje, boa parte da população brasileira conhece a Lei Maria da Penha, o que também gerou muita conscientização para pedidos de ajuda em casos de violência", contou.

O espaço, que fica na Rua Rodrigues da Fonseca, Casa 201, bairro Zé Garoto, em São Gonçalo, oferece uma equipe interdisciplinar de psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, educadores e advogados. Para mais informações estão disponíveis os telefones: (21) 2606-5003 e (21) 98464-2179.

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