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Tim Maia 80 anos: a reverência ao mestre na arte da transgressão

Sebastião Rodrigues Maia faria 80 anos nesta quarta (28)

Tim Maia morreu, aos 55 anos, no dia 15 de março de 1998, no hospital Antônio Pedro, em Niterói
Tim Maia morreu, aos 55 anos, no dia 15 de março de 1998, no hospital Antônio Pedro, em Niterói |  Foto: Rede social
  

Sebastião Rodrigues Maia, o eterno Tim Maia, completaria 80 anos nesta quarta (28). O gordinho mais talentoso e simpático da Tijuca morreu precocemente, aos 55 anos, em Niterói, em março de 1998, depois de uma vida de excessos. Para trazê-lo novamente à memória, um documentário será lançado pelo Globoplay, em três episódios, com vídeos, acredite, ainda inéditos de sua carreira. Tim também já foi tema de livro, filme, documentários, musical e uma estátua no bairro onde nasceu e cresceu. Homenagens do tamanho do talento que o cantor carregava.

Pelas ruas do bairro da Zona Norte, quando criança, era conhecido como Tião Marmiteiro, em razão das vasilhas que carregava para cima e para baixo da pensão de sua família. Ali, era amigo de Erasmo e Roberto, ambos fundadores da Jovem Guarda, além de Jorge, rei do sambalanço tipicamente carioca, rebatizado Ben Jor anos mais tarde. Nasceu e percorreu as ruas Haddock Lobo esquina com Matoso, onde 'toda confusão começou', segundo ele mesmo conta no disco 'Nuvens', de 1982. O grupo se reunia no bar Divino, muito badalado na região à época. Era a história virando música e vice-versa. 

Escultura de Tim na Praça Saens Peña, na Tijuca
Escultura de Tim na Praça Saens Peña, na Tijuca |  Foto: Karina Cruz
  

Em busca de seu sonho, Tim viajou para os Estados Unidos, onde experimentou a black music americana in natura. Voltou deportado, depois de pequenos delitos na terra do Tio Sam. Ao retornar, boa parte de seus amigos já tinha um certo sucesso. Autor de sucessos como "Azul da Cor do Mar", "Réu Confesso", e da dançante "Do Leme ao Pontal", Tim sabia dosar em suas músicas o swing e o romantismo que marcaram sua carreira.

Haddock Lobo, esquina com Matoso, onde 'toda a confusão começou', segundo Tim Maia
Haddock Lobo, esquina com Matoso, onde 'toda a confusão começou', segundo Tim Maia |  Foto: Karina Cruz
 

Especialista no som e, literalmente, na fúria do cantor, o escritor, jornalista e biógrafo de Tim Maia, Nelson Motta, resume, em poucas palavras, como seria o filho famoso da Tijuca em tempos de polarização e extremos na política.  

Ele representava exatamente o oposto de toda a extrema direita religiosa, a caretice, o atraso. Falava o que dava na telha, não respeitava autoridade e era um transgressor permanente de qualquer ordem e fez disso seu maior talento. Mas hoje, certamente, boa parte do público pediria que ele fosse preso Nelson Motta, jornalista e biógrafo de Tim Maia
 

Último palco pisado pelo músico, o Theatro Municipal de Niterói, recebeu, em maio passado, a Banda do Síndico para relembrar os 22 anos da perda do artista. Síntese da exigência de Tim como multi-instrumentista autodidata, o conjunto é formado por amigos e companheiros de longa data, que seguem levando os sucessos que marcaram sua carreira aos quatro cantos do país.

  • Tim Maia nasceu em 28 de setembro de 1942
    Tim Maia nasceu em 28 de setembro de 1942
  • Rua do Matoso, na Tijuca, local onde Tim cresceu
    Rua do Matoso, na Tijuca, local onde Tim cresceu
  • Nelson Motta, amigo e biógrafo do gordinho mais simpático da Tijuca
    Nelson Motta, amigo e biógrafo do gordinho mais simpático da Tijuca
  • Tim e Erasmo Carlos: amizade roqueira com pegada soul
    Tim e Erasmo Carlos: amizade roqueira com pegada soul
  • Dando um abraço de urso no amigo Caetano Veloso
    Dando um abraço de urso no amigo Caetano Veloso
  • Tim na época que entrou para a seita Universo em Desencanto: vertente religiosa rendeu três álbuns
    Tim na época que entrou para a seita Universo em Desencanto: vertente religiosa rendeu três álbuns
  • Ao lado dos amigos Luiz Melodia (à esquerda) e Jorge Ben Jor
    Ao lado dos amigos Luiz Melodia (à esquerda) e Jorge Ben Jor
  

Amizade

Ao lado de Tim por quase 18 anos, entre 1980 a meados de 1997, o saxofonista Tinho Martins revela detalhes dos últimos meses de vida do cantor e da experiência em fazer parte do conjunto. João Batista, como era chamado pelo músico, conta que não estava no último show do artista em Niterói no dia 8 de março de 1998, quando queria registrar o momento convocando amigos e familiares.

"Eu não estava presente no último show porque acabei deixando a banda no fim de 1997, quando estávamos em turnê pelos Estados Unidos. De lá, até a morte dele, não nos encontramos mais, nos falamos apenas por telefone. Foi um baque muito grande, ninguém esperava que ele fosse morrer”, relembra o músico, 24 anos depois da morte do síndico. 

Banda traz grandes sucessos de Tim e faz uma verdadeira viagem no tempo
Banda traz grandes sucessos de Tim e faz uma verdadeira viagem no tempo |  Foto: Divulgação
  

A banda segue levando as músicas e cultivando a memória do artista. Em mais uma apresentação, no Teatro da UFF, exatamente no dia em que Tim completaria 80 anos. 

Formada por Silvério Pontes (trompete), Tinho Martins (sax), Toca Delamare (teclados), Paulinho Black (bateria), Adriano Giffoni (contrabaixo), Nando Chagas (guitarra), Jhonson Almeida (trombone), Jeferson Victor (trompete) e Bruno Maia (voz), a Banda do Síndico chega com os arranjos originais e os naipes afinadíssimos que marcaram a carreira e os shows emblemáticos do réu da soul music brasileira. 

O encontro vai reverenciar, ainda, convidados especiais como o guitarrista Renato Piau, que tocou com Tim durante parte de sua carreira; o saxofonista Leo Gandelman e a cantora Nêgamanda, baiana radicada em Niterói, que foi um dos destaques da última edição do programa The Voice Brasil. 

Músicas

Com um repertório que marcou a história da música brasileira, Tim Maia deixou 205 músicas e 698 gravações cadastradas no banco de dados do Ecad, entidade responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais. 

Segundo escritório, “Não quero dinheiro” foi a música de sua autoria mais tocada nos últimos 10 anos no Brasil. “Você” e “Azul da cor do mar” completam o top 3. Esta última, inclusive, foi a canção do artista mais gravada até os dias atuais. 

 Ranking das mais tocadas nos últimos 10 anos:

 

1 - Não quero dinheiro - Tim Maia 

2 – Você - Tim Maia 

3 - Azul da cor do mar - Tim Maia 

4 - Do Leme ao Pontal - Tim Maia 

5 – Sossego - Tim Maia 

6 - Vale tudo - Tim Maia 

7 - Não vou ficar - Tim Maia 

8 - Imunização racional - Tim Maia 

9 - Réu confesso- Tim Maia 

10 - Chocolate - Tim Maia 

11 - Acenda o farol - Tim Maia 

12 - Ela partiu - Beto Cajueiro / Tim Maia 

13 - Você e eu, eu e você - Tim Maia 

14 - Bom senso - Tim Maia 

15 - Guiné Bissau, Moçambique e Angola - Tim Maia 

16 - Essa tal felicidade - Tim Maia 

17 - Rational culture - Tim Maia 

18 – Cristina - Bill Cesar / Tim Maia 

19 - Se me lembro faz doer - Tim Maia 

20 - Vou com gás - Tim Maia 

Top 10 das músicas mais gravadas

 

1 - Azul da cor do mar - Tim Maia 

2 - Do Leme ao Pontal - Tim Maia 

3 - Não quero dinheiro - Tim Maia 

4 - Não vou ficar - Tim Maia 

5 – Você - Tim Maia 

6 – Sossego - Tim Maia 

7 - Imunização racional - Tim Maia 

8 - Vale tudo - Tim Maia 

9 - Você e eu, eu e você - Tim Maia 

10 - Acenda o farol - Tim Maia

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