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Videogame não mata, revela especialista

Para especialista jogos eletrônicos não são fatores determinantes para distúrbios emocionais. Foto: Divulgação

A tragédia de Suzano, onde dois jovens, um de 17 e outro de 25 anos, mataram dez pessoas em uma escola na última quarta-feira (13) reacendeu o debate sobre a influencia que jogos eletrônicos têm na construção psicológica de crianças e adolescentes. O tema ganhou força após um caderno apreendido pela Polícia Civil mostrar o comportamento psicológico de um dos atiradores, e referências a games violentos.

Em recente entrevista a imprensa, o vice-presidente Hamilton Mourão, considerou que o caso em Suzano decorreu por influência de jogos violentos e a falta de atividades educativas para crianças e adolescentes.

Porém, segundo estudo divulgado pela Universidade de Oxford, em Londres na Inglaterra, no ano passado, jogos violentos não são capazes de provocar estado agressivo, apesar de refletir a condição emocional de uma pessoa.

“A ideia de que games violentos incitam agressões no mundo real é popular, mas isso não foi muito bem testado com o passar do tempo”, afirmou o professor Andrew Przybylski, diretor de pesquisa. O estudo levou em consideração o relato de jovens e seus parentes para determinar o nível de agressividade de cada pessoa.

O estudo analisou 2.008 jovens com idades entre 14 e 15 anos, e responderam questionários sobre personalidade e comportamento dentro dos games.

O ataque em Suzano provocou dividiu internautas nas redes sociais sobre a relação de games com a tragédia:

https://twitter.com/Leon_Jr1/status/1106255873901584385
https://twitter.com/gloriafperez/status/1105954150062399488

Psiquiatra da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jairo Werner explica que a questão dos jogos eletrônicos na influência do comportamento de crianças adolescentes é bem mais complexa.

"Em saúde mental não existe nada isolado, é um conjunto de fatores. E os jogos fazem parte da constituição dos jovens. Hoje se tem pessoas muito desenvolvidas tecnologicamente, mas que socialmente não são. É comprovado que as crianças estão crescendo com habilidades mais tecnológicas, e menos sociais", explicou o especialista.

Bullying

Perícia feita pela Polícia Civil no carro em que chegaram dois jovens armados e encapuzados que invadiram a Escola Estadual Professor Raul Brasil. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Foram registrados cerca de oito casos de ataque a escolas no Brasil nos últimos 17 anos. Mais da metade deles se mostrou na investigação que os atiradores sofriam bullying em ambiente escolar. Em Suzano não foi diferente, a mãe de um dos atiradores, de 17 anos, afirmou que o filho parou de estudar por conta das provocações sofridas. O caso se tornou o terceiro maior do país

"Isso (o videogame) explicitou um caminho para ele se expressar. Mas não foi o motivo principal. A família tem que se alertar com os problemas dos filhos e ver o grau de envolvimento com a internet. Se você junta o problema da internet com o problema da relação com o mundo que um adolescente passa, como o bullying por exemplo, se torna um caminho bem perigoso", revela o psiquiatra, Jairo Werner.

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