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Canto do Rio sofre legado desastroso após hospital de campanha em SG

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Centro de Treinamento no Clube Mauá ficou completamente destruído por conta da montagem de um hospital de campanha, desmontado dois meses depois. Foto: Vitor Soares

Mato alto, concreto desnivelado, poços com dejetos, vestiários com resíduos hospitalares. O cenário encontrado pelo Canto do Rio no Centro de Treinamento Jair Marinho, no Clube Mauá, em São Gonçalo, é de terra arrasada. Completamente destruído, a partir da montagem de um hospital de campanha contra a Covid-19 que funcionou por apenas dois meses, o terreno devastado carece de reforma geral. Um prejuízo de R$ 600 mil para o clube niteroiense que fazia uso do espaço.

A diretoria já informou ter aberto processo civil contra a Prefeitura de São Gonçalo e o Governo do Estado do Rio de Janeiro. Através de uma requisição administrativa, as partes desapropriaram o Canto do Rio, atrasaram as obras em mais de dois meses e desativaram o local, devolvendo a propriedade completamente destruída.

  • Canto do Rio, Cantusca, CT Jair Marinho, Clube Mauá

Sem tempo a perder, o Cantusca iniciará, na próxima segunda-feira (19), o processo de reparo do campo principal do CT. Os primeiros passos incluem a retirada da grama e a remoção das pistas de concreto. Gustavo Werneck, diretor da Plural Sports, empresa que comanda a gestão e reestruturação do clube, considera inviável o término das obras antes do início da Série C do Campeonato Carioca, previsto para o fim de maio.

"Já refizemos este campo uma vez, quando assumimos o local, e agora precisaremos refazer de novo. O custo fica na faixa de R$ 400 mil só com drenagem, camadas de areia, grama, plantio, irrigação... Ainda tem o vestiário e outras estruturas. O orçamento total, inclusive corroborado pela Prefeitura de São Gonçalo, fica em cerca de R$ 600 mil"

Sem o campo principal desde março de 2020, que possui as dimensões padrões exigidas pelas competições oficiais, o clube tem realizado treinamentos no campo anexo, que não foi afetado pelo hospital de campanha, com tamanho bastante reduzido - prejudicando a organização tática do time e a preparação da pré-temporada, assim como o desenvolvimento dos jovens das categorias de base.

Cansado de esperar por resoluções das autoridades, o Canto do Rio irá tocar a obra, juntamente com o Clube Mauá, dono do espaço, e tentar viabilizar o reembolso de todos os custos junto às partes responsáveis. O clube ainda analisa qual o melhor local para realizar os treinamentos visando a disputa do Carioca, já que a pré-temporada do elenco profissional deve ter início no próximo dia 25.

Desrespeito à história

Canto do Rio, Cantusca, CT Jair Marinho, Clube Mauá
CT Jair Marinho está em péssimas condições. Foto: Vítor Soares

O Centro de Treinamento do Canto do Rio foi batizado em homenagem a Jair Marinho, integrante da Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 1962, no Chile. Com passagem pelo clube niteroiense, foi homenageado em vida com uma bela cerimônia realizada em setembro de 2019. Meses depois, em 7 de março de 2020, o craque faleceu vítima de complicações de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), sofrido em fevereiro daquele ano.

Jair partiu sem ver o descaso com o CT que leva seu nome, mas o legado junto com as pessoas que o cercavam foi alcançado pelos acontecimentos. Jair Marinho Filho, de 58 anos, explicou qual seria a reação do pai diante do descaso envolvendo o CT do clube.

"Meu pai teve três grandes alegrias na vida: o nascimento dos filhos, a conquista da Copa do Mundo e esta homenagem do Canto do Rio. Nunca o vi tão feliz. Trabalhei com ele desde os 21 anos de idade e nunca o vi daquele jeito. Foi uma alegria plena e sincera. Se estivesse aqui agora, certamente estaria muito, mas muito triste. E digo mais: pelo pai que conheci, ele estaria brigando"

Jair Marinho Filho

Emocionado, Gustavo Werneck revelou que Jair só pediu uma coisa em troca da utilização de seu nome no espaço.

"A única coisa que ele pediu é para que o CT fosse usado para ajudar crianças pelo resto da vida. Fazer o bem. Não queria um real, não pediu um tostão. Bateu bola com as crianças, contou histórias... Graças a Deus fizemos esta homenagem em vida e ele não viu isso tudo depois"

Solidariedade

Segundo o diretor de futebol do Cantusca, Raphael Soriano, algumas prefeituras se solidarizaram com a situação vivida pelo clube. Os dirigentes receberam contatos de Itaboraí e Cachoeira de Macacu - que, inclusive, se disponibilizou a ceder os espaços da Vila Olímpica e também do Estádio Municipal.

"Muitos se solidarizaram com nossa causa, menos a Prefeitura de Niterói, onde não conseguimos apoio. É difícil de entender"

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