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Em superjogo, Itália bate Espanha nos pênaltis e vai à final da Eurocopa

Foto: Redes Sociais

Espanha e Itália proporcionaram um superjogo no Estádio de Wembley, pela primeira semifinal da Eurocopa, nesta terça-feira (6). Diante de 60 mil pessoas, o empate em 1 a 1 não traduziu a qualidade do duelo pela vaga na grande final. O empate permaneceu na prorrogação e, nos pênaltis, a Azzurra acabou vencendo por 4 a 2.

Espanhóis e italianos protagonizaram um primeiro tempo movimentadíssimo, repleto de situações de gol e aternâncias no domínio da posse de bola. Apesar de não terem balançado as redes, as equipes não se intimidaram com a importância da partida e apostaram tudo em seus setores ofensivos, terminando a etapa inicial com um ritmo eletrizante.

Apesar do equilíbrio, a Espanha registrou mais tempo com a redonda. Foram 64% contra 36% da Itália. Por outro lado, foi a Azzurra quem chegou mais perto de marcar - quando Emerson Palmieri, brasileiro naturalizado, acertou a trave aos 44 minutos. A Fúria cercou, pressionou e finalizou mais, mas esbarrou em boas defesas de Donnarumma.

A marcação com linhas altas foi o que mais beneficiou o jogo espanhol. Com muitas roubadas de bola no campo de ataque, durante a saída de jogo dos italianos, a equipe comandada por Luis Enrique contra-atacava com superioridade numérica e com a zaga adversária em posicionamento desfavorável. Faltou, no entanto, caprichar nos arremates; das sete tentativas, cinco foram para fora.

As mudanças do técnico espanhol, baseadas no estilo de jogo italiano, surtiram efeito positivo. Na zaga, Éric Garcia qualificou a saída de bola com três homens; já Dani Olmo, que substituiu os criticados atacantes Morata e Moreno, povoou melhor a região central e atuou como uma espécie de falso nove, recuando para buscar o jogo. O intervalo gerou expectativa para as ideias de Roberto Mancini, como em um duelo de xadrez.

Segundo tempo

Na etapa complementar, a Espanha seguiu pressionando, com mais posse de bola e criando boas chances. Mas o velho ditado voltou a dar às caras na Eurocopa. "Quem não faz, leva". Após desperdiçar lances com Sergio Busquets, Dani Olmo e Oyarzabal, os espanhóis viram o otimismo virar desespero quando a Itália encaixou um contra-ataque.

Aos 14, Donnarumma saiu com os pés e deixou com Barella. Ele lançou Insigne, que botou no meio para Immobile. Chiesa fez a ultrapassagem pelas costas, recebeu e bateu colocado. Em 16 segundos, a Azzurra foi da sua própria área à rede adversária em contra-ataque letal. Futebol é isso: vale a bola na rede. Mesmo dominada, a Itália foi mais eficiente e abriu o placar no clássico.

A apenas 30 minutos do fim do jogo, a desvantagem fez a Fúria partir ao ataque desgovernada, na base do abafa. Luis Enrique colocou Morata e buscou ir para o 'abafa'. Oyarzabal e Olmo perderam grandes chances em sequência, aos 19 e 21 minutos. Por outro lado, a Itália seguiu perigosíssima nos contragolpes e quase ampliou aos 22, com Berardi. O jogo ganhava em emoção ao passo que o relógio corria, em um dos melhores jogos de toda a Eurocopa.

Visando reforçar o sistema defensivo, Mancini trocou um brasileiro por outro: o lateral Emerson pelo zagueiro Rafael Toloi. A intenção era adotar o 3-5-2, dando liberdade aos alas no momento de contra-atacar e ao mesmo tempo se fechar com uma linha de cinco durante a pressão espanhola. Com os espaços cada vez mais fechados, a necessidade de um gol se transformava no tradicional 'chuveirinho'.

O domínio espanhol na posse de bola chegou a registrar 75% durante a segunda etapa. Já a Itália, que vem remodelando sua forma de jogar, precisou revisitar o tradicional ferrolho defensivo - algo que norteou gerações e foi a marca registrada de conquistas como a Copa do Mundo de 2006, por exemplo. A 15 minutos do fim, restava tentar se fechar e torcer para o relógio correr.

Mas não deu certo. A incansável troca de passes espanhola deu resultado. Aos 35, Morata tabelou com Olmo e saiu na cara do gol após infiltração, batendo no canto para calar os críticos e empatar o placar. Castigo para a Itália que, àquela altura, já havia abdicado de seus tão poderosos contragolpes. Subestimando o poder ofensivo dos rivais, acabou cedendo o empate.

A Azzurra sentiu o gol. Até tentou ir à frente, mas seu jogo, antes muito eficiente, já não encaixava mais, com muitos passes errados e falta de sintonia entre as peças de ataque. Já a Fúria, até pelos números do jogo, seguiam acreditando em uma virada. Não se conformando com a prorrogação, seguiam martelando. Nos 90 minutos, foram 12 finalizações contra seis; 613 passes trocados contra apenas 253; 67% de posse de bola contra só 33%.

Prorrogação

Naturalmente, o ritmo intenso diminuiu um pouco na prorrogação. Ainda assim, a Espanha seguia dominando as ações em campo. Aos 8, em bate-rebate na área após cobrança de falta lateral, a Fúria quase conseguiu a virada. A Itália ainda não havia se reencontrado em campo após sofrer o gol de empate; até mesmo os torcedores na arquibancada, em silêncio, ainda acusavam o golpe.

Na segunda etapa do tempo extra, a Itália arriscou um último gás para evitar o pior. Chegou a marcar um gol, aos 5 minutos, mas Berardi estava em posição de impedimento. A Espanha, que esteve em três das quatro prorrogações desta edição da Eurocopa, já dava sinais de exaustão - mas seguia lutando, sem renunciar de seu estilo de jogo, ainda que sem a eficiência de antes.

O jogo se encaminhou para os pênaltis, embora a superioridade numérica dos espanhóis tenha prosseguido na prorrogação. Foram 4 a 1 nas finalizações, cerca de 57% de posse de bola e 150 passes trocados contra 60 dos italianos. Era visível a decepção da Fúria por não ter resolvido a situação com a bola rolando; já a Azzurra ainda lamentava o gol sofrido no fim. Ninguém estava satisfeito com o desempate relegado à sorte dos penais.

Pênaltis

Locatelli, pela Itália, e Dani Olmo, pela Espanha, desperdiçaram as primeiras cobranças da disputa. Na sequência, Belotti, Bonucci, Bernardeschi e Jorginho marcaram para a Azzurra, enquanto Moreno e Thiago Alcantara converteram pela Fúria. Donnarumma fez seu nome ao defender a cobrança de Morata, o heroi do tempo regulamentar.

Com a vitória gigante, a Itália se garantiu na final e aguarda o vencedor entre Inglaterra e Dinamarca, nesta quarta-feira (7), às 16h. O Wembley sediará a partida.

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