Filipe Vianna - Segue o Jogo

Luxemburgo supera atrasos salariais e anima Vasco. Mas até quando?

Luxa, conhecido por seu temperamento esquentado, com frases polêmicas, foi trazido para tirar a equipe do buraco (futebolisticamente falando). O currículo do “pofexô” o gabaritava para isso. O problema era que esse currículo era antigo. O último grande trabalho (e nem foi tão grande assim) de Vanderlei foi no Flamengo de 2011 onde conquistou o Campeonato Carioca.

Na verdade, ele conquistou o Campeonato Pernambucano com o Sport do Recife em 2017 também, mas a passagem foi muito mais conturbada do que do Flamengo em 2011. Ou, se você quiser ser mais criterioso ainda, seu último trabalho de sucesso foi em 2004 com seu último título brasileiro, na época, com o Santos.

Falando em “conturbado”, a carreira do treinador vem caindo faz tempo. Para se ter uma ideia, em 2015 pelo Cruzeiro, o aproveitamento foi de 36,8% em 19 Jogos, em 2016 pelo Tianjin Quajian (CHINA) foi de 44,4% e pelo Sport (2017) de 40,2% com 12 e 34 jogos respectivamente. Sem contar que suas demissões da maioria dos exemplos citados acima foram motivadas por brigas com dirigentes e troca de farpas. Ainda assim, o Vascão apostou
na experiência dele.

O que o Gigante da Colina queria, não era apenas alguém para comandar
a equipe, mas alguém que pudesse blindar o elenco dos problemas da própria diretoria e fazê-los jogar e dar o melhor em campo, apesar de tudo. Vale lembrar que em 2011, na passagem pelo Flamengo, Luxa teve um desconforto com Ronaldinho Gaúcho porquê atleta se recusou a entrar em campo por estarem atrasados os seus vencimentos com o clube.

O técnico queria que ele jogasse assim mesmo e “depois a gente resolve”. Então, era exatamente o que o Vasco precisava. E, por enquanto, o objetivo vem sendo alcançado.

Motivação acima de salário?

Para se ter ideia do problema financeiro do clube, Luxa chegou dia 8 de maio e ainda não recebeu. Dá para acreditar? Em entrevista ao Lance, publicado dia 16/07/2019, ele afirmou que nem aceitaria receber, pois estava há dois meses atrasados e havia jogadores que estavam há três.

Segundo estudo do Itaú BBA em julho deste ano, o Vasco é a terceira equipe com maior dívida do futebol brasileiro. Para se ter ideia, esta chega a 496 milhões de reais. Mas, ainda assim, foi diminuída 37 milhões em relação ao ano passado. E, para piorar, os professores do Colégio Vasco da Gama decidiram parar de trabalhar. Isso porque alegam não receber também há três meses*.

O Vasco chegou a quitar um mês de atrasos (relativos a maio)
de 227 funcionários que recebem até R$ 1,5 mil mensais. Vale lembrar que em junho, os funcionários do clube também fizeram greve pelo mesmo motivo. É um buraco sem fim.

Gestões irresponsáveis e falta de investimento proporcionaram futebol fraco e consequentes “Séries B”, e aí o mergulho profundo na crise foi inevitável. A situação atual é de que quem está lá precisa entender e aceitar tudo isso; ou então pode sair. É lamentável que um time com a grandeza do Vasco da Gama tenha que dizer: “podem ficar, mas a condição é essa. Quem
não quiser, pode sair”.

É muito lamentável. No entanto, vê-se no presidente Campello, uma vontade de resolver isso tudo. Após a eleição conturbada e seu “pulo de cerca” em relação ao apoio inicial de Júlio Brandt e, posteriormente, de Eurico Miranda, parece que isso ficou no esquecimento da torcida. Foi uma jogada política, ok, mas passou. A realidade é que todos precisam se esforçar para fazer do Gigante da Colina, uma equipe responsável financeiramente e grande novamente no quesito disputar “torneios grandes”.

Com tudo isso, os jogadores resolveram assinar embaixo da promessa que as coisas se acertariam (ainda que demorasse um pouco) e na ideia do treinador de “fazer a nossa parte”. Afinal, se o Vasco consegue um bom desempenho em certas competições, isso se transforma em retorno financeiro. Em 10 Jogos são 4V, 4E e 2D. Devagar, o cruz-maltino vai subindo.

Ainda perto da zona da degola, hoje há 6pts, olhar para cima não é pecado. Até por que está há 7pts do 5º colocado que é o São Paulo.
A campanha melhorou, as coisas melhoraram. Mais vontade, mais determinação e mais empenho são coisas que estão aparecendo nas recentes atuações. A motivação superou o dinheiro.

A questão é: até quando? O caminho é árduo, mas precisa ser trilhado para organizar as finanças. Até lá, cada jogo é um título de campeonato. E assim o Vasco vai e, como eu disse, não é pecado olhar para cima.

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