A baixa adesão à vacinação contra a poliomielite, prevista para terminar nesta sexta-feira (9), vem preocupando autoridades pelo Brasil. Por isso o Ministério da Saúde decidiu prorrogar o fim da campanha para 30 de setembro. Cidades como Rio e São Gonçalo, os dois primeiros municípios mais populosos do estado, não tiveram as expectativas de imunização atingidas.
Segundo a Prefeitura do Rio, apenas 32% das crianças, de 1 a 4 anos, foram vacinadas desde o começo da campanha em 8 de agosto. A meta era vacinar 95% do público-alvo, que corresponde a 280 mil crianças nessa faixa etária.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que possui 230 salas de imunização disponíveis em unidades de saúde para atender a população de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h. A prefeitura acrescentou que veste o Zé Gotinha de personagens emblemáticos para cada faixa etária em postagens nas redes sociais para incentivar a vacinação.
A Secretaria de Estado de Saúde, através do Departamento de Monitoramento e Avaliação do Sistema Único de Saúde (DEMAS) informou que já foram vacinadas 173.252 crianças, na faixa etária de 1 a 4 anos, correspondendo a 19,80% deste público no estado.
As prefeituras de Niterói e Maricá ainda não informaram sobre números da vacinação nos municípios.
Corrente antivacina
A orientação é para que pais e responsáveis levem as crianças o quanto antes para atualizar a caderneta de vacinação. De acordo com o infectologista da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) José Pozza Júnior, a baixa adesão pode ser justificada por um crescimento de uma corrente anti-vacina no país.
É uma preocupação muito grande a queda de cobertura vacinal" José Pozza Júnior, infectologista
Segundo o especialista: 'A poliomielite, por exemplo, é uma doença erradicada no Brasil. Uma vacina que foi segura. Agora, nós podemos ver grupos antivacina ressurgindo e um desestímulo a uma vacina que teve o sucesso que se propôs".
Pozza ainda acrescenta que não vacinar pode contribuir para o aumento de vítimas com paralisia infantil, pois a doença afeta o sistema nervoso, havendo prejuízo na mobilidade no decorrer da vida.
Qualquer doença imuno prevenível que a gente ver ressurgindo é muito complicado" José Pozza Júnior, Infectologista
Poliomielite
A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada por um vírus que vive no intestino e que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas infectadas e provocar ou não paralisia. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.
Prorrogação da campanha
Com ampliação do prazo da campanha, o Ministério da Saúde pretende aumentar as coberturas vacinais e a adesão da população a vacinação.
Até o momento, 35% das crianças na faixa etária de 1 a menores de 5 anos foram imunizadas contra a poliomielite e cerca de 4 milhões de doses foram aplicadas desde o início da mobilização. O objetivo é alcançar cobertura vacinal igual ou maior que 95% para a vacina contra poliomielite neste público, além de reduzir o número de não vacinados de crianças e adolescentes menores de 15 anos.
Para a campanha contra a poliomielite, o grupo-alvo são somam mais de 14,3 milhões de crianças menores de 5 anos de idade, sendo que menores de 1 ano deverão ser imunizadas conforme a situação vacinal para o esquema primário.
As crianças de 1 a 4 anos deverão tomar uma dose da Vacina Oral Poliomielite (VOP), desde que já tenham recebido as três doses de Vacina Inativada Poliomielite (VIP) do esquema básico.