Trabalho

Desistência silenciosa ou demissão silenciosa?

Fenômenos cada vez mais presentes nas empresas preocupam

Todos saem prejudicados com a cultura tóxica na empresa
Todos saem prejudicados com a cultura tóxica na empresa |  Foto: Divulgação
 

O 'quiet quiting', ou seja, a desistência silenciosa, foi um dos assuntos mais falados recentemente, e consiste no fato de colaboradores que fazem o mínimo possível no atributo de suas funções para evitar desgaste da saúde mental. Quem adere a esse movimento não tem a intenção de pedir demissão já que o funcionário apenas evita o excesso de trabalho e entrega o que é minimamente necessário dentro de sua jornada, tudo como uma maneira de estabelecer limites entre a vida pessoal e profissional. É importante lembrar que esse comportamento ocorre há tempos, mas a pandemia da COVID-19 potencializou esse cenário por causa do aumento de depressão, burnout, ansiedade e outros transtornos mentais. No auge da crise pandêmica, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), houve um aumento de 25% desses transtornos psicológicos. 

Demissão silenciosa

Já o “quiet firing”, termo em inglês para demissão silenciosa, é um fenômeno que ocorre por parte das empresas. Ela decorre a partir do momento em que líderes, gestores, chefes, desistem de investir no desenvolvimento do funcionário, desacreditam da capacidade de entrega do trabalho e, em vez de fornecer feedbacks, plano de desenvolvimento individual ou treinamentos, acabam optando por aguardar que o mesmo peça sua demissão. Também ocorre por causa de um relacionamento interno conturbado entre suas lideranças, fazendo com que a permanência do funcionário se torne insustentável devido ao desgaste no clima organizacional, e isso acaba por forçar o funcionário a 'pedir para sair'.  Essa atitude consiste em várias ações por parte da gestão, tais como: cortar promoções, não fornecer feedback, dificultar acesso às informações, promover mudanças repentinas e aumentar metas e demandas até que o funcionário não tenha escolha e se demita.

Muitas lideranças privam-se do investimento no funcionário que precisa de maior atenção, evitam conversas sobre sua produtividade e problemas na sua performance profissional. Fazem isso as vezes até sem perceber, pois se dedicam mais aos funcionários que são mais proativos e entregam mais produtividade. 

Prejuízo para todos

Este desalinhamento acaba por prejudicar o negócio como um todo, já que mantêm no cargo um funcionário que não tem a oportunidade de desenvolvimento individual, assim como líderes que não performam bem por não ter essa visão sistêmica apurada e acabam por contribuir para um ambiente desumanizado e improdutivo.

A desistência silenciosa e a demissão silenciosa não são movimentos iguais, pois na desistência as pessoas acabam pedindo demissão e na segunda não, sendo este um fenômeno que vem da gestão direta. Entretanto, estão relacionados no sentido da insatisfação no ambiente de trabalho, decorrente de um comportamento não mais aceito na atualidade, quanto a reprovação dessa forma de relacionamento.

Equilíbrio

A busca no ambiente corporativo pelo equilíbrio na vida pessoal e profissional precisa de atenção das empresas e dos líderes. O desafio diário é importar-se com as pessoas para atrair e reter talentos, mantendo o engajamento e a produtividade.

Empresas com cultura tóxica contribuem para o adoecimento dos colaboradores, exigindo mais do que a pessoa pode suportar e, em ambos movimentos, o funcionário finge que trabalha e o chefe finge que é líder. A empresa perde, o chefe perde e o colaborador perde. 

Karinne Pierre - Carreiras & Negócios

Karinne Pierre - Carreiras & Negócios

Com mais de 20 anos de experiência no mercado de trabalho, Karinne Pierre é CEO da Dphumanos, palestrante, mentora de carreiras e consultora empresarial.

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