Apesar de a invasão da Rússia à Ucrânia, há uma semana, acontecer a quilômetros de distância do Brasil, as consequências podem ser sentidas em diversos produtos que são importados dos países e se põem, muita das vezes, à mesa dos brasileiros. Os insumos vindos de fora vão desde fertilizantes para abastecer a agricultura até pão e outros derivados do trigo, oriundos do país de Vladimir Putin.
"É preciso entender, primeiramente, que os países do mundo estão conectados, e essas negociações podem sofrer consequências quando há algum conflito. Os comércios internacionais funcionam através de uma plataforma chamada Swift, sistema criado em 1973, que interliga cerca de 11 mil bancos em mais de 200 países. Por conta de seus ataques à Ucrânia, a Rússia sofreu sanções comerciais. Entre elas, a exclusão do Banco Central russo e diversos outros bancos do país desse sistema internacional de negociações. Por ter sido excluído, o país irá sofrer consequências econômicas", esclarece Antônio Rodrigues, especialista em ciências econômicas pela UFF.
Mas o que o Brasil tem a ver com isso? Segundo o doutor em ciências econômicas pela UFRJ, Mauro Rochlin, o país é prejudicado em algumas frentes. Entre elas, o aumento do preço da gasolina e outros derivados do petróleo, o aumento do preço do pão e mais alguns produtos feitos a partir do trigo e o aumento do próprio dólar.
O reajuste no preço da gasolina acontece em decorrência do aumento do preço internacional dos barris de petróleo. Isso porque a Rússia é uma grande exportadora desta matéria-prima. E uma vez que os russos não conseguirão vender a maior parte deste material, a oferta mundial dos barris irá cair, fazendo com que o preço aumente.
É a clássica lei da oferta e da procura. A demanda mundial seguirá a mesma para esse produto, mas, considerando a Rússia como grande exportadora e impedida de negociar, a oferta será menor, fazendo com que o preço aumente Mauro Rochlin,
A alta do dólar é um pouco mais simples de entender. Quando o mundo apresenta uma instabilidade comercial, a tendência é que os investidores escolham moedas mais sólidas e estáveis para investir. O dólar, sendo grande representante dessa categoria, acaba se valorizando em momentos como esse. Com o dólar em alta, os produtos importados tendem a ficar mais caros.
Em relação ao preço do barril de petróleo (em dólares) e com o aumento da própria moeda comparada ao real, a tendência é que o custo da gasolina e outros derivados do petróleo aumentem. E isso, por sua vez, pode afetar o preço de diversos produtos agrícolas, já que os combustíveis gasolina e diesel são usados na produção agrícola. Com os custos de produção mais elevados, o valor final do produto sofre reajustes.
Um dos produtos agrícolas que pode ter seu preço afetado de maneira mais latente é o trigo, produzido em abundância pela Rússia. Assim como ocorre com o petróleo, a saída momentânea da Rússia do mercado faz com que o preço dessa matéria prima aumente. O Brasil importa trigo da Argentina. As negociações com o país vizinho devem envolver valores maiores a partir de agora. Por conta disso, o preço do famoso ''pão de cada dia'' deve subir.
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