Ampliação

Estudos mostram aumento de doadores após Faustão ser internado

Caso ocorreu depois que apresentador entrou na lista de espera

Afirmação foi dada pelo Sistema Nacional de Transplantes
Afirmação foi dada pelo Sistema Nacional de Transplantes |  Foto: Reprodução/Instagram

Os órgãos estaduais de transplantes estão comunicando ao Ministério da Saúde um aumento no número de notificações e doações de órgãos nesta semana. A informação foi dada pela coordenadora do SNT (Sistema Nacional de Transplantes), Daniela Salomão, através do colunista da “UOL”, Carlos Madeiro.

De acordo com ela, esse aumento se deu após a notícia de que o apresentador Faustão está necessitando de um novo coração e foi inserido na lista prioritária pelo órgão.

“Está sendo um momento importante no sentido de a sociedade discutir e saber o que é, para que serve e como funciona o Sistema Nacional de Transplantes”, informou a coordenadora

Ainda não existem dados oficiais sobre esse aumento, visto que os números são consolidados mensalmente. No entanto, a coordenadora afirma que entre agosto e setembro antevê um resultado positivo e uma maior discussão sobre o tema no país.

“Temos visto muitas pessoas tirarem dúvidas, fazerem perguntas e se interessando. E os estados já têm nos informado sobre um número maior de notificações e doações. Em setembro o Ministério vai lançar nossa campanha sobre o tema, já que é o mês do dia do doador [27]. Esperamos ter uma onda de mudança de comportamento nesse período, com aumento das autorizações para doação”, disse Daniela.

Redução das recusas familiares

A doença de Faustão pode conscientizar as pessoas. A expectativa dos profissionais atuantes na área é de que a situação do apresentador auxilie o país a diminuir a elevada taxa de recusa de doações por parte das famílias.

Em 2022, essa taxa atingiu o maior índice dos últimos sete anos, alcançando 46% dos familiares entrevistados.

Recusas por ano (dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos):

  • 2015 - 44%
  • 2016 - 43%
  • 2017 - 42%
  • 2018 - 43%
  • 2019 - 40%
  • 2020 - 37%
  • 2021 - 42%
  • 2022 - 46%
  • 2023 (1º trimestre) - 45%

Desafio na legislação

A autorização para a doação de órgãos é dada pela família. Conforme a legislação brasileira, mesmo que uma pessoa seja um doador autodeclarado, é necessário que a família também assine um termo de consentimento para a doação após o falecimento.

Há pedidos para mudança na lei, de modo que a autodeclaração seja suficiente. Uma das propostas apoiadas por profissionais da área é a eliminação da necessidade de aprovação da família. Segundo Daniela, a autodeclaração "torna mais simples" a solicitação de doação de órgãos junto aos familiares, porém não concede permissão à equipe médica.

“A mudança de legislação é uma coisa muito importante, mas a discussão com a sociedade e com o Legislativo é mais importante ainda, para tomarmos qualquer tipo de decisão. Isso é um problema da sociedade, ela tem que concordar [com a mudança]. Para isso, ela tem de se manifestar”, informou Daniela, em seguida ela completou: “Isso é um problema da sociedade, ela tem que concordar [com a mudança]. Para isso, ela tem de se manifestar”.

A doação segue uma lista nacional única. Para que alguém se torne efetivamente um doador, é obrigatório que a pessoa passe por um protocolo de confirmação de morte cerebral. Daniela esclarece que muitas doações não são concluídas por outros motivos, além da recusa das famílias.

Em 2022, dentre as 13.195 notificações de potenciais doadores, apenas 3.528 foram efetivadas.

Motivos para doações que não se concretizaram em 2022:

  • Recusa familiar - 3.523
  • Contraindicação médica - 2.322
  • Parada cardíaca - 952
  • Outros - 2.847

“Quando falamos em um doador em potencial, até ele se tornar efetivo, fazemos toda uma análise de risco, para saber se há doenças transmissíveis ou pré-existentes. Nem todo mundo que vai evoluir para morte encefálica terá órgãos em condições de serem utilizados para transplante”, concluiu a coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes, Daniela Salomão.

Na sexta-feira (25), havia 65.291 pessoas na lista de espera por um órgão, mais da metade delas aguardando um rim (37 mil). O Sistema Nacional de Transplantes mantém um banco de dados atualizado, possibilitando que as pessoas saibam em tempo real quantas estão à espera de uma doação, qual órgão necessitam e qual é o perfil delas.

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