Pesquisa

IBGE revela ganho médio de trabalhadores por aplicativo; veja

Levantamento inédito foi divulgado nesta quarta

Levantamento visa aprofundar a compreensão do impacto nas plataformas
Levantamento visa aprofundar a compreensão do impacto nas plataformas |  Foto: Arquivo/Enfoco

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quarta-feira (25), um levantamento do perfil de entregadores e motoristas que trabalham em plataformas e aplicativos digitais no Brasil. Segundo a pesquisa inédita, estes profissionais ganham, em média R$ 2.645 por mês e trabalham mais de 40 horas semanais.

O valor médio dos profissionais "plataformizados" é 5,4% maior do que a média salarial das pessoas que não utilizam plataformas para trabalhar. Ainda segundo o levantamento, o perfil desses trabalhadores é: homem, idade entre 25 e 39 anos e morador da região Sudeste.

No entanto, para ganhar mais, a pesquisa aponta que esses trabalhadores têm jornadas semanais de 46 horas, enquanto os demais profissionais têm uma média de 39,5 horas por semana.

Os dados foram coletados no 4º semestre de 2022 e mostrou que 1,5 milhão de pessoas trabalham por meio de aplicativo de serviço. Esse montante representa cerca de 1,7% da população ocupada no setor privado.

Vale destacar que além dos entregadores e motoristas, a pesquisa inclui também profissionais que utilizam aplicativo para prestar seus serviços gerais, como eletricistas e faxineiros, por exemplo, e até funções mais específicas, como serviços de TI, design, entre outros.

Para comparar o que foi levantado pelo IBGE, o ENFOCO conversou com algumas pessoas que trabalham com aplicativo no dia a dia para saber se a média corresponde com o que foi divulgado.

O motorista de aplicativo Vinícius de Oliveira, de 39 anos, afirmou que trabalha em média 6 dias por semana, somando aproximadamente entre 50 e 60 horas semanais. Ainda segundo o motorista, devido a grande quantidade de horas trabalhadas, ele recebe mais do que o valor médio levantado na pesquisa.

"Ser motorista de aplicativo tem sido minha principal fonte de renda. Eu sou comerciante, mas não estou atuando mais na área. Tem seis anos que estou trabalhando com aplicativo e graças a Deus estou recebendo mais do que o valor divulgado pela pesquisa", disse Vinícius.

Já para o entregador João Messias, de 24 anos, a realidade é outra. Segundo o motoboy, o seu salário está abaixo da média divulgada pelo IBGE. Para ele, que tem uma filha de 5 anos, depender somente da sua renda para sustentar a casa e sua pequena, fica um pouco complicado.

Eu trabalho como entregador já tem dois anos. O único dia que tiro de folga na semana é segunda-feira. Mesmo com uma rotina corrida de entrega, infelizmente recebo um salário abaixo do que diz a pesquisa. Se fosse só com o que eu recebo, ficaria um pouco difícil de ter uma vida digna e sustentar minha casa e minha filha. Graças a Deus minha mulher também trabalha e consegue ajudar com as coisas dentro de casa" João Messias, entregador

Outros pontos do levantamento 

- Dos 87,2 milhões de pessoas que compõem a população ocupada no Brasil, 2,1 milhões estão envolvidos em atividades por meio das plataformas digitais de serviços ou conduzem transações comerciais através de plataformas de comércio eletrônico como seu principal meio de trabalho. Desse montante, 1,4 milhão de pessoas desempenham suas funções por meio de aplicativos de serviços (correspondendo a 1,7% do total), enquanto 628 mil são dedicados a plataformas de comércio eletrônico.

- A maior concentração desses trabalhadores encontra-se na região Sudeste, que abriga 57,9% do total, ou seja, 862 mil pessoas que utilizam aplicativos de serviços.

- Segundo o IBGE, foi constatado que dos 1,5 milhão de trabalhadores de plataformas, 778 mil (52,2%) realizam o trabalho principal por meio de aplicativos de transporte de passageiros, incluindo até mesmo táxi.

- Já 39,5% (ou 589 mil) eram trabalhadores de aplicativos de entrega de comida, produtos e etc. Enquanto os trabalhadores de aplicativos de prestação de serviços somavam 13,2% (197 mil).

- Os plataformizados concentram-se nos níveis intermediários de escolaridade, principalmente no nível médio completo ou superior incompleto (61,3%).

- Trabalhadores com nível superior completo o rendimento dos "plataformizados" é 19,2% (R$ 4.319) inferior ao daqueles que não trabalham por meio de aplicativos de serviços (R$ 5.348).

- Na distribuição por sexo, o levantamento mostrou que a maioria dos trabalhadores por aplicativo são homens (81,3%). No geral de trabalhadores ocupados no Brasil, os homens são 59,1%.

- Entre os trabalhadores brasileiros em geral, 60,8% contribuíram para instituto de previdência. Já entre os "plataformizados", essa porcentagem é de apenas 35,7%.

- Cerca de 77,1% dos ocupados plataformizados são trabalhadores por conta própria e 9,3% são empregados do setor privado sem carteira assinada.

Para realizar o estudo, o IBGE analisou informações através do Acordo de Cooperação Técnica com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Ministério Público do Trabalho (MPT), além de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

A pesquisa levou em consideração pessoas acima de 14 anos e foram desconsiderados os empregados no setor público e militares. Somente foram considerados trabalho único ou principal que a pessoa tem na semana.

O levantamento teve como objetivo aprofundar a compreensão do impacto das plataformas nos elementos cruciais do emprego, explorando a dependência dos trabalhadores em relação às contribuições recebidas e o papel das plataformas na definição das jornadas de trabalho.

< Mais um furto em Niterói: Creche é invadida na madrugada; vídeo Voltaram! Ana Castela e Gustavo Mioto reatam namoro <