Saúde

Novembro Azul traz campanha polêmica. Veja o vídeo

Iniciativas reforçam combate contra o câncer de próstata

Maior desafio enfrentado é o tabu em torno do toque retal
Maior desafio enfrentado é o tabu em torno do toque retal |  Foto: Reprodução

Com o propósito de conscientizar os homens sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata, a campanha 'Novembro Azul' desse ano destaca o debate sobre saúde masculina, diante dos desafios enfrentados pelo tabu em torno do exame de próstata, principalmente pelo preconceito envolvendo o toque retal e a masculinidade. 

Acontece que o câncer de próstata afeta homens em todo o mundo, e o Brasil não é exceção. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), para o triênio 2023-2025, o país enfrentará 704 mil casos novos de câncer, sendo o câncer de próstata um dos mais comuns, com 71,7 mil casos novos por ano, representando um risco estimado de 67,86 casos a cada 100 mil homens.

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A detecção precoce é essencial para um tratamento eficaz, e exames como o de toque retal e a dosagem de antígeno prostático específico (PSA) são as ferramentas disponíveis. No entanto, o tabu que envolvendo os exames muitas vezes leva os homens a evitarem cuidar de sua própria saúde.

A negligência, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) Alfredo Félix Canalini, pode ter graves consequências, diminuindo a expectativa de vida dos homens em sete a oito anos, em comparação com as mulheres. Ele enfatiza a importância de superar o machismo e cuidar da saúde masculina, lembrando que o câncer de próstata é o mais comum entre os homens e a segunda principal causa de morte, perdendo apenas para o câncer de pulmão.

Para descontrair o debate

Exemplo para reforçar a importância da realização do exame de próstata é a campanha divulgada esse ano do canal de humor "Porta dos Fundos", estrelada pelo ator Antônio Fagundes, de 74 anos. A iniciativa aborda o tema de forma bem-humorada, mas não perde de vista a seriedade da doença, que tira a vida de mais de 15 mil pessoas por ano e gera cerca de 72 mil novos casos anualmente.

No episódio, Fagundes faz um chamado direto, encorajando os homens a enfrentarem o temido exame: "Novembro está chegando e com ele a campanha de Novembro Azul. A pergunta que fica é: quando você vai liberar esse c*, aí?", questiona.

Porta dos Fundos

Machismo e preconceito

Em pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) sobre a percepção do homem e sua saúde revela que apenas 32% dos acima de 40 anos se consideram muito preocupados com a própria saúde e que 46% só vão ao médico quando sentem algo. Esse número aumenta para 58% se este homem utiliza apenas o SUS. Apesar do descaso, metade deles tem medo ou ansiedade quando pensam em sua saúde. A pesquisa, viabilizada pelo Laboratório Adium, foi realizada com homens acima de 40 anos representantes de todas as regiões do país, via aplicativo mobile pelo Instituto de Pesquisa IDEIA.

“Esse nosso estudo tem como objetivo principal conhecer, e assim tentar compreender, como o homem percebe a sua própria saúde, seus receios e fragilidades, para então podermos focar melhor as nossas ações e campanhas, enquanto especialistas que lidam diariamente com a saúde masculina. Nesse Novembro Azul, além de reforçar o processo educativo com relação à próstata e suas doenças que já temos trabalhado ao longo desses anos, quisemos ir mesmo além, abordando a saúde do homem de uma forma global, por entender que devem andar juntos, e que o homem culturalmente ainda é muito pouco educado para a prevenção, sendo sem dúvida uma das razões para a diferença de expectativa de vida de sete anos a menos do que a mulher em nosso país”, ressalta uma das coordenadoras do Novembro Azul desse ano e idealizadora da pesquisa, a diretora de comunicação da SBU, doutura Karin Jaeger Anzolch.

Quem também falou sobre a importância da prevenção contra o câncer de próstada foi o presidente Luis Inácio Lula da Silva, em seu programa semanal 'Café com o Presidente'.

Morre muita gente por conta do câncer de próstata e você pode evitar isso com um pouquinho de coragem. Seja homem, faça o exame de próstata para que você viva muito mais e cuide da sua família.” Lula, presidente do Brasil

Diagnóstico

Segundo a pesquisa da SBU, o câncer de próstata está entre as doenças urológicas que os homens têm mais medo. O câncer ficou na frente, com 58% das respostas, seguido pela impotência sexual (37%). O exame de toque retal ainda desperta medo em 1 em cada 7 homens, sendo esse receio mais prevalente entre os homens 60+ e nos provenientes da Região Centro-Oeste. A região também se destaca por ter a maior concentração de homens com medo de ter câncer (64%) e disfunção erétil (43%).

Enquanto 75% dos homens afirmaram conhecer o câncer de próstata, 85% disseram não conhecer ou não saber os sintomas da doença. O percentual de desconhecimento é maior entre os que utilizam apenas o SUS (62%). A maioria (44%) acredita que ardência/dificuldade para urinar seja um sintoma do tumor, o que não é verdade.

Alguns sinais e sintomas, embora não específicos do câncer de próstata, podem ser encontrados e merecem muita atenção:

  • Sangue na urina ou no sêmen
  • Micção frequente
  • Fluxo urinário fraco ou interrompido
  • Noctúria (levantar-se diversas vezes à noite para urinar)

“A ardência para urinar é um sintoma mais característico dos processos inflamatórios e infecciosos, podendo representar uma infecção urinária, na próstata (prostatite) ou, mesmo, uma IST, uma infecção na uretra (uretrite). Vale ressaltar que o câncer de próstata não produz sintomas no seu início, e, portanto, não se deve aguardar o seu surgimento para não postergar o seu diagnóstico precoce, período da doença onde se encontra as maiores chances de cura, que são acima de 90%. Embora a medicina tenha evoluído muito nos últimos anos, e hoje se tenha novos tratamentos disponíveis mesmo para os pacientes com doença avançada, as melhores oportunidades de cura, com minimização de sequelas, estão nas fases iniciais, quando a doença ainda não é aparente e somente é diagnosticada mediante exames preventivos”, lembra a doutora Karin Anzolch.

Com EBC

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