Três amigos mergulhadores filmaram um momento único: uma orca se aproximando do barco em que eles estavam. O registro foi feito durante a tarde de segunda-feira (19), em Nova Almeira, na Serra, em Grande Vitória, e o vídeo viralizou nas redes sociais.
Os mergulhadores avistaram o animal de longe, enquanto ele se aproximava no barco, os três ficam eufóricos com a chegada do animal e quando ela encosta na embarcação, os três conseguem até fazer um carinho nela.
"Doideira meu Deus do céu, olha aqui quem tá debaixo de nós, acredite se quiser, que doideira! É uma orca cara! Que barato meu Deus! Obrigada! Eu tenho medo, eu tenho pavor, ai que doideira!", falou um dos amigos.
Já em outro momento, os amigos comentaram que a orca estava batendo no barco. "Olha amigo, que massa! Ai meu Deus, vai tombar o barco. Ela gostou do carinho. Ela tá dando cabeçada no barco. Tá doido! Aí ó, ela aqui do nosso lado. É uma orca brother, o bicho mais maravilhoso do mundo mesmo", falou um deles.
"É uma orca mesmo! Olha isso! Ai meu deus, cuidado. Ela me ama! Olha os dentes! Sacudindo o barco. Eita, agora ficou perigoso.", comentou o terceiro.
Durante o vídeo os três falam sobre a orca e como ela estava se comportando.
No entanto, na última terça-feira (2), o Instituto Orca, informou que o mesmo animal que aparece no vídeo, junto dos mergulhadores, apareceu morto na areia de uma praia em Nova Almeida.
Fernando, um dos mergulhadores que estava no barco, falou sobre o final triste da baleia. "Infelizmente agora acordei triste, porque a bichinha morreu", comentou o mergulhador.
O Instituto Orca, a prefeitura da Serra e a Ambipar, empresa executora do PMP-BC/ES (Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Campos e do Espírito Santo), foram chamadas por conta da morte da baleia.
O diretor do Instituto Orca, Lupércio Barbosa, falou que o comportamento da orca, de se aproximar, interagir muito com o barco dos mergulhadores, apresentou um “sinal de socorro”, além dela apresentar alguns machucados.
"É um comportamento atípico permitir aproximação de alguém e deixar tocar. O animal deveria estar em estado bem grave, machucado. As orcas andam em grupo, mas quando um dos animais fica doente, o animal pode se desgarrar e procurar a beira da praia. Provavelmente o de hoje estava com alguma doença que atrapalha a nadar, a flutuabilidade. Lesões externas estranhas, isso tudo vai ter que ser coletado para análise ", explicou o diretor.
O instituto está analisando o que pode ser feito com o corpo do animal. A discussão atual das equipes é para o animal ser levado para o Instituto para fazer necrópsia para saber a causa da morte ou se ele deverá ser enterrado na praia.
"É um local de difícil acesso. Envolve uma logística para ver o que vai ser feito, se vão resgatar o animal inteiro para fazer análise. Depende de maré, acesso de máquinas", explicou Lupércio.
O mergulhador Fernando Rocha, falou que nunca tinha vivido uma experiência como aquela, mesmo trabalhando como mergulhador há 25 anos. "Parecia que ela estava me pedindo carinho o tempo todo. Todos ficaram muito emocionados, na hora dava vontade de chorar, gritar, vontade de pular em cima dela, abraçar ela de alegria. Não pulei por respeitar o animal, não faz bem abraçar, pular em cima. Eu até falei que amava ela, que ela me amava", contou Fernando.
De acordo com o diretor do Instituto Orca, Lupércio Barbosa, o animal passou a ser monitorado depois do registro dos mergulhadores, já que a frequência desse animal não é comum no Espírito Santo. "É o segundo registro de orca aqui no estado. O primeiro foi em 2014. Parece ser um animal jovem ou quase adulto. As orcas tem características bem oceânicas, não se aproximam muito da costa. Eles se deslocam ao longo de todo o oceano, mas têm regiões preferenciais, se deslocam em função das correntes. São animais de águas temperadas e mais frias. De São Paulo para baixo é mais comum ver essa baleias. Sabemos de outros fenômenos de orcas indo atrás de veleiros, mas não sabemos explicar a razão".
Ele ainda explicou que não é indicado encostar nesses animais, já que o mínimo contato pode levar doenças para a orca. "É arriscado colocar a mão no animal. Não é aconselhável. É muito grande, pode ferir e também pode transmitir doenças, vírus, bactérias. Em uma respirada, baforada, no rosto, pode levar uma carga grande de microorganismos".
A Prefeitura da Serra falou que a orca encontrada morta, com cerca de 5 metros. A fiscalização ambiental foi feita no local e ainda não foi definido o que será feito com o animal morto, o corpo poderá ser enterrado na praia ou ficar no Instituto Orca visando executar pesquisas.
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