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Pandemia eleva para mais de R$ 70 milhões prejuízo da Brasil Brokers

Empresa de capital aberto teve prejuízo agravado na pandemia. Foto: EBC

O ano de 2020 tem mesmo sido um dos períodos mais difíceis para grandes e pequenas empresas no mercado nacional. No setor imobiliário, por exemplo, durante o primeiro trimestre, a Brasil Brokers, que possui Capital Aberto, sofreu prejuízo de R$71.135 milhões.

Depois de pedir por duas vezes aumento de capital aos sócios e emitir R$ 120 milhões em debêntures, a empresa continua queimando caixa. Hoje o valor de mercado da instituição na bolsa é dez vezes menor que a sua principal concorrente nacional, a Lopes. Tudo isso fez com que o diretor financeiro renunciasse ao cargo às vésperas da apresentação de resultados ao mercado.

E apesar da pandemia ter contribuído para isso, esse não foi o único motivo para 'Perdas pela Não Recuperabilidade de Ativos' de R$ 52.700 milhões, que impactou diretamente no resultado da instituição, com prejuízos contábeis, afetando os clientes relacionados.

A firma, que tem como gestores venezuelanos e um americano, também conta com um ex-gestor da PDG, Guga Piani. Quem atua no setor relata até que o grupo, antes PDG, por conta da crise, deixou famílias sem receber imóveis.

O consultor financeiro Gabriel Magalhães explica que a redução do número de funcionários da Holding e verticais com foco na realização de acordos para redução do passivo em 22% nas negociações trabalhistas também foram apresentados.

A empresa tem diversificação de receita, Brasil Brokers, +ABY, Desenrola, Primaz Corporate, Credimorar Financiamentos, apostando na retomada em diferentes ciclos econômicos, mostrou o especialista

O prejuízo sofrido pela gestão da empresa amarga como lembrança de quando atuaram à frente da PDG até o pedido de recuperação judicial em 2019.

Segundo o especialista, o setor imobiliário, assim como o ambiente econômico e de negócios, foram impactados rigorosamente com a pandemia, sendo os primeiros meses ainda animadores para o setor, porém com impactos diretos com as paralisações.

"O aumento do desemprego, redução de renda familiar, a baixa confiança do consumidor são os aspectos mais desafiadores. Olhando positivamente, a baixa na taxa de juros (Selic), torna o custo do credito imobiliário mais atrativo. A baixa rentabilidade da renda fixa também incentiva investidores a adquirir imóveis, ativos imobiliários, fundo de investimento imobiliário. A desvalorização do Real em relação a outras moedas atrai investidores estrangeiros de Real Estate no Brasil"

Gabriel Magalhães

A empresa anunciou prejuízo líquido de R$ 66,2 milhões neste trimestre, contra perdas de R$ 45,6 milhões no primeiro quadrimestre do ano passado, aponta o site Guia Invest.

De acordo com a publicação, a receita líquida atingiu R$ 31,6 milhões no primeiro trimestre de 2020, 5,9% menor que o primeiro quadrimestre de 2019.

Ainda com base no demonstrativo revelado, os ativos totais registraram o saldo de R$ 325,6 milhões, redução de 9,8% em relação ao saldo no primeiro trimestre de 2019. O patrimônio líquido atingiu a soma de R$ 193,7 milhões no primeiro trimestre de 2020, valor 10,2% menor ao saldo no mesmo período do ano anterior.

Na contramão

Contrariando prejuízos alarmantes de companhias imobiliárias de Capital Aberto que registraram prejuízos milionários desde o início do ano no preliminar da pandemia do novo coronavírus até os dias atuais — empresas de Niterói e região se reinventam com protocolos de ações online sendo revertidos em escrituras de imóveis — mesmo no período mais grave imposto pela Covid-19.

"A nossa região gosta de fazer negócios com a alma. Os empresários são da região e se envolvem do início ao fim da relação comercial. Os niteroienses gostam de ser atendidos pelo dono e não pelo 0800",

Bruno Serpa Pinto, CEO SPIN - Inovações Imobiliárias

A exemplo de estratégia, a empresa SPIN - Inovações Imobiliárias celebra o montante de R$ 7 milhões em vendas de propriedades alcançado nos quatro primeiros dias deste mês. A performance assertiva é proporcional em atendimento ao cliente e visitação insight que cresceu 90,4% de março até agora, considerando o mesmo período do ano passado, quando não havia pandemia.

Com investimentos baseados em novos modelos de negócio, a SPIN é a única empresa presente em Niterói, São Gonçalo e Maricá com cinco lojas. Há ainda expectativa de dobrar de tamanho no período de um ano.

Tendo 'na manga' lançamentos de imóveis exclusivos nas regiões de Icaraí, Piratininga e Centro, ainda na terra de Araribóia, já podem ser somados aproximadamente meio bilhão de reais em vendas (R$ 500.000,00). O detalhe é que apenas corretores associados a SPIN poderão vender os produtos. O conjunto de fatores traça um caminho que levará a empresa ser a maior Co-Working da corretagem.

"A gente recebeu quase 170 mil visitantes no nosso site e atendeu mais de 10 mil clientes. É um volume de vendas muito forte. Estamos muito animados com o que vem pela frente. O cliente parou de render no banco, migrando para o imobiliário", pontua Bruno Serpa Pinto, presidente da companhia.

Considerando o período da maior crise sanitária dos últimos tempos, a maioria dos atendimentos tiveram origem online (site, redes sociais e portais imobiliários). No último mês, a empresa disse ter firmado 82 escrituras de imóveis nos cartórios. Com a queda da taxa de juros, a tendência de fechar ações tem sido cada vez mais perceptível.

Inovações

A empreendedora SPIN tem como aliada a CredSpin, que trabalha com os principais bancos do país fazendo concorrências entre as instituições financeiras e direcionando o comprador.

Um dos destaques é a plataforma criada para compra, venda, locação, financiamento e montagem de imóveis. O combo direcionado aos investidores acaba se tornando uma jornada completa, lançando o mercado imobiliário para um outro nível.

"Cada cliente tem um determinado perfil e a gente faz a concorrência entre os bancos. O cliente quer pagar menos e levar mais. A gente entrega o melhor serviço. O crédito imobiliário é uma relação de mais de 20 anos. O cliente percebe valor nisso", destaca Roberto Marinho — vice-presidente da SPIN - Inovações Imobiliárias.

A empresa, mesmo durante o período de pandemia, conseguiu negociar oito terrenos e empreendimentos exclusivos desde o 'Minha Casa, Minha Vida', da Caixa Econômica Federal, a imóveis de alto padrão. "Empresas sadias e com capital aproveitaram a oportunidade da pandemia para negociar e fazer novos empreendimentos", disse Bruno.

Na última quinta (2), a Caixa, que é líder na concessão de financiamento para casa própria com quase 70% do crédito imobiliário do país, anunciou uma série de estímulos para o setor da construção civil.

O pacote traz a implementação do registro eletrônico para contratos vinculados a empreendimentos financiados na Caixa e o financiamento de ITBI e custas cartorárias para pessoas físicas.

Para as construtoras, o pacote traz a ampliação do acesso ao financiamento, com redução da quantidade mínima de vendas e da execução prévia de obras para contratação de empreendimentos.

Especialistas do ramo imobiliário apontam uma rápida mudança de comportamento das famílias. As pessoas estão buscando por mais espaço, liberdade e áreas que possam trabalhar tranquilamente, dentro de casa, no chamado home office.

As vendas de casas e coberturas de alto padrão são realidades. Um empreendimento de luxo em fase de construção na Rua Álvares de Azevedo, em Icaraí, teve 30% das unidades vendidas até meados de junho.

À época o montante representava quase R$ 40 milhões acordados, em apenas um mês, com detalhe da maioria dos compradores morando num raio de 1km do empreendimento, segundo a tendência de compras.

"A gente acredita que as pessoas durante o período de pandemia, tiveram noção de que não moravam em casa, mas passavam por ela. Depois da pandemia entenderam que morar em casa é diferente e o que estavam comprando não era adequado à realidade atual e decidiram se movimentar. O comportamento está mudando muito neste período"

Bruno Serpa Pinto, CEO SPIN - Inovações Imobiliárias

Maricá

O município tem sido uma outra praça relevante durante a pandemia de Covid-19, com lotes a partir de R$ 80 mil. Nos últimos quatro meses, a procura por imóveis nesta região aumentou quase 370%, em uma análise comparativa com a mesma temporada de 2019.

"A gente criou internamente um protocolo de ações. Um plano que previa operação home-office e 100% online. Estávamos prontos para uma tour virtual. No início da quarentena, nossos corretores estavam treinados. Também assinamos uma parceria com uma empresa que fizesse assinaturas digitais", destaca Gabriel Zanganelli, gestor de marketing da SPIN Inovações Imobiliárias.

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