Apagão

Voos cancelados e caos: entenda a paralisação dos aeronautas

Greve deve acontecer até que os salários sejam aumentados

Clientes devem solicitar informações às empresas sobre cancelamentos ou alterações
Clientes devem solicitar informações às empresas sobre cancelamentos ou alterações |  Foto: Lucas Alvarenga
  

A greve de pilotos, comissários de bordo e outros membros da categoria representada pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) deve continuar pelos próximos dias até que eles recebam uma proposta da Condição de Categoria de Trabalho (CCT) condizente com o que eles acreditam ser essencial como, por exemplo, salário compatível com a inflação.

No aeroporto Santos Dumont, na Zona Sul da cidade, alguns voos foram atrasados e outros cancelados nesta segunda-feira (19). A greve ocorre das 6h até as 8h e ainda não tem previsão de término, só quando a categoria for ouvida. 

A médica Amanda Fernandes, de 32 anos, estava indo para São Paulo em um voo que sairia do aeroporto às 8h25 depois de passar o fim de semana no Rio.

“Eu cheguei aqui 7h, 7h15, e ele estava atrasado. Fomos acompanhando pelo painel, atrasou mais de 1h e depois cancelaram. Não deram o motivo, mas sabemos que é por causa da greve. Eu dormi pouco, meu dia foi perdido, manhã perdida, tinha compromisso 12h em São Paulo, não vou chegar, porque não tem voo antes. Me colocaram em uma fila gigantesca e me colocaram no voo das 12h, que não resolve meu problema, mas é melhor do que nada. Não vou pagar nada financeiramente, mas o prejuízo de eu não estar lá é enorme. A empresa tem que estar preparada para isso, se sabe que vai ter greve e voo cancelado, eles tem que se programar pra isso e colocar outros no lugar, o que não fizeram, mas a categoria tem total direito de exigir melhorias”, disse ela. 

Uma outra pessoa que foi prejudicada pela situação foi o auditor Leonardo Borges, de 37 anos.

“Meu voo estava marcado para as 10h50 para Confins, em Belo Horizonte. Eu descobri em um carro de aplicativo vindo para cá um e-mail dizendo que meu voo tinha sido remanejado. Agora estou indo para Porto Seguro, vou tomar um chá de cadeira lá e depois vou para BH. Vou pegar o voo das 11h50. Eu tinha reuniões profissionais lá e agora estou correndo para avisar a todos que não conseguirei estar presencialmente, tentarei participar online. Não me falaram nada da greve, mas eu imagino que sim por ter uma amiga comissária de bordo e ela me avisou dessa situação. Acredito que possa ter relação, mesmo a greve não sendo esse horário, continua tendo impacto por essa paralisação. Acho justa a causa deles, mas o aeroporto tem que estar preparado para se adequar a essa situação ainda mais no final do ano e com as passagens caras como estão”, afirmou.

O que fazer

De acordo com o Procon-SP, ainda que as empresas aéreas não sejam causadoras dos eventuais transtornos, elas precisam prestar assistência para diminuir os transtornos causados pela paralisação dos profissionais. 

Para o caso de problemas relacionados aos voos, as empresas precisam:

 - dar informação prévia quanto ao cancelamento do voo nos canais de atendimento disponíveis das companhias aéreas;

- viajar, tendo prioridade no próximo embarque da companhia aérea com o mesmo destino;

- ser direcionado para outra companhia (sem custo); 

- receber de volta a quantia paga ou, ainda, hospedar-se em hotel por conta da empresa. Se o consumidor estiver no local de seu domicílio, a empresa poderá oferecer apenas o transporte para a sua residência e desta para o aeroporto.

- ressarcimento ou abatimento proporcional no caso de ocorrer algum dano material devido ao atraso como, por exemplo, perda de diárias, passeios e conexões;

- pleitear reparação junto ao judiciário se entender que o atraso causou-lhe algum dano moral (não chegou a tempo a uma reunião de trabalho, casamento etc.).

Sem acordo

O comissário de bordo Carlos Eduardo Giorgini, de 39 anos, comentou sobre as negociações que motivaram a greve.

“Todo ano existe a renovação da nossa CCT até a nossa data base, que é dia primeiro de dezembro, essa negociação com o sindicato patronal. Essa negociação vem se desenrolando há mais de dois meses e meio na qual o sindicato vem apresentando uma pauta de reivindicações e propostas que se mostraram inaceitáveis pela categoria. Temos uma plataforma de votação online com uma votação bem massiva onde conseguimos ter um termômetro da categoria satisfeita ou não com o que vem sendo praticado ou proposto”, afirmou.  

Em 2021, com o retorno das atividades e recuperação da pandemia, a categoria não conseguiu reajustes acima do INPC. Em 2020, foi abaixo ainda INPC, mesmo com uma inflação recorde.

“Em 2022, as empresas continuam insistindo numa proposta financeira magra, com cláusulas sociais bastante, no entender da categoria, abusivas no quesito segurança de voo, na folga, com os tripulantes relatando muita fadiga. A última proposta que veio, intermediada pelo Tribunal Superior do Trabalho, tinha a venda de folgas”, contou o profissional que atua há 17 anos.

Atualmente, eles têm direito a dez folgas mínimas mensais de 24 horas e a categoria pede o INPC mais 5% e a proposta oferecida foi o INPC mais 0,5%. Ao todo, 76% dos 5.767 votantes rejeitaram a proposta. 

Segundo Carlos, a greve visa a atingir as empresas. O tripulante se apresenta normalmente nos aeroportos de todo país, seguindo sua função, e ele só não decola. 

Até o momento, não há uma nova reunião com novas propostas agendadas. Os voos dentro do manual de greve, atrasados, são apenas domésticos. Caso esses voos estejam transportando vacinas, órgãos para transporte ou enfermos, eles decolam e não estão na listagem de greve por se tratar de uma questão humanitária. 

Além do Rio, aeroportos de São Paulo, Minas Gerais e outros estão sendo afetados pela greve. Mesmo quem tem voos atrasados ou cancelados apoiam a greve. 

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