Muita demora

Cadê os ônibus? Espera nos pontos de Niterói chega a uma hora

Maioria das reclamações é das linhas operadas pela empresa Ingá

Ônibus da linha 62 demoram demais, segundo os passageiros.
Ônibus da linha 62 demoram demais, segundo os passageiros. |  Foto: Arquivo / Pedro Conforte
 

Moradores e trabalhadores de Niterói reclamam da demora de ônibus que passam principalmente pela Região Oceânica e Zona Norte da cidade, incluindo bairros como Barreto, Fonseca e Caramujo. Segundo a queixa, os coletivos passam em intervalos de uma hora. Nos fins de semana e feriados, a espera é ainda maior. O problema é crônico: em outubro do ano passado, a reportagem do ENFOCO já denunciava a questão.

Por causa da demora, passageiros apontam que os ônibus já chegam no ponto lotados. Linhas como 62-A (Fonseca x Charitas), 62-B (Santa Bárbara x Charitas), 45 (Cubango x Centro), 23 (Teixeira de Freitas x Centro) e 26 (Caramujo x Centro) são as mais criticadas por quem precisa do transporte público. 

"Já esperei por uma hora para pegar o ônibus para o Caramujo. Além de ficar no sol esperando, tem que ficar aguardando esse tempo todo até ele chegar. Ficamos cansados do trabalho e ainda enfrentamos essa demora", comentou Márcia Ferreira, moradora do bairro da Zona Norte de Niterói.

Responsável pelo Consórcio TransNit e TransOceânica, que responde pelas linhas de ônibus na cidade, a Prefeitura de Niterói informou, sem detalhes, que a Secretaria Municipal de Urbanismo e Mobilidade está estudando um plano de reorganização das linhas de ônibus, previsto para ser apresentado no fim de março. 

Rodoviários

As principais linhas que recebem reclamações são as da empresa Ingá, que estava em um imbróglio com rodoviários da cidade. Os profissionais cobravam uma série de reajustes em benefícios, que, segundo eles, estão congelados há três anos. De acordo com o Sindicato de Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), houve uma demissão em massa de funcionários durante o período da pandemia, o que resultou na diminuição das frotas.

No caso da Ingá, rodoviários pediam o parcelamento do pagamento das férias vencidas em até 12 parcelas iguais e sucessivas; em caso de dispensa do empregado, a empresa teria que realizar o pagamento imediato dos débitos de férias no ato da rescisão do contrato de trabalho; em caso de inadimplemento do acordo, a empresa seria obrigada ao pagamento de multa correspondente a 50% do valor do débito e o vencimento antecipado de todas as parcelas; o restabelecimento do pagamento integral do valor estabelecido pela Convenção Coletiva do Trabalho (CCT) quanto à cesta básica, conforme prevê o valor de R$400 com desconto para o empregado no equivalente a 20%.

O Sintronac informou que, por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT), as férias relativas a 2020 e 2021 devem ser pagas, inclusive com o abono, já a partir de 1º de janeiro de 2022, com a ressalva que a empresa têm um período de um ano para escolher o mês em que o benefício será efetivado. As anteriores serão pagas em parcelas mensais de R$ 300 até janeiro de 2023, quando será realizada nova rodada de negociações para possível reajuste de valores.

Procurada sobre a demora nos ônibus, a Ingá ainda não se posicionou sobre o assunto.

O que diz a Fetranspor

Demora é uma das principais reclamações na Zona Norte da cidade.
Demora é uma das principais reclamações na Zona Norte da cidade. |  Foto: Arquivo / Guto Rodriguez
 

Nesta segunda-feira (14), a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) divulgou um manifesto público pedindo uma solução emergencial para o setor de ônibus. Segundo a nota, as empresas foram fortemente atingidas pelo aumento do óleo diesel, anunciado pela Petrobrás na última quinta-feira (10).

"O momento exige um compromisso das autoridades públicas para liderar o debate por soluções urgentes. O poder público deve ser protagonista e não espectador", disse o presidente da Fetranspor, Armando Guerra Júnior.

De acordo com o manifesto, que é assinado pela Fetranspor e os dez sindicatos filiados, há seis motivos principais para o setor de transporte por ônibus entrar em crise: desrespeito aos contratos vigentes pelos poderes concedentes; congelamento de tarifas durante três anos sem a reposição de custos já assumidos; concorrência desleal do transporte clandestino e por aplicativos; concessão de gratuidades e falta de repasse por viagens já realizadas; redução do número de passageiros pagantes devido à pandemia e a novos hábitos como o home office; e o umento de custos de operação, principalmente do óleo diesel, bem acima da inflação.

"É necessário agir para assegurar a sobrevivência do sistema de ônibus e assim garantir à população o direito social ao transporte, como prevê o Artigo 6º da Constituição. A crise que atinge as empresas provoca impactos sociais e econômicos imediatos, afetando toda a sociedade e não somente quem depende do transporte coletivo. O resultado é claro: menos ônibus nas ruas, maior espera nos pontos e perda da qualidade do serviço prestado", diz a nota.

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