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Criança com doença terminal assiste filme do Homem-Aranha

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Uma sala exclusiva foi disponibilizada para a criança e a família. Foto: Arquivo Pessoal

Um último desejo: assistir o filme 'Homem-Aranha: Sem Volta para Casa' nos cinemas. O pedido de Sophia Vitória do Rosário de Oliveira Coutinho Luiz, aos 12 anos, diagnosticada com uma doença terminal, mobilizou uma corrente do bem que viralizou na internet. Fã dos heróis da Marvel, a criança recebe cuidado paliativo, após ficar internada no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), unidade hospitalar da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Sophia sofre de uma rara enfermidade, a aplasia medular grave. Por conta do delicado estado de saúde, a menina perguntou à família se haveria possibilidade de antecipar sua ida ao cinema.

"Estou desesperada buscando alguém que possa ajudar a realizar esse desejo. Meu coração está dolorido só de pensar que algo tão bobo pode mudar o fim da vida dela"

Marina Salles, estudante de Medicina da UFRJ

Acontece que atender o desejo da menor não era tão simples, seria necessária uma sala de cinema exclusiva para ela e os familiares, por conta da situação irreversível do quadro clínico e aparados hospitalares envolvendo a paciente, além do alerta para um caso de falecimento.

Corrente do bem

A mobilização deu certo. O grupo conseguiu, através da empresa Kinoplex, uma sessão na manhã desta quinta-feira (16) no shopping Rio Sul, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. A empresa Cinemark já tinha liberado uma sala para Sophia nesta quarta-feira (15), mas ela passou mal e acabou ficando para esta quinta.

De acordo com a pediatra Renata Medronho, qua atua no institito, a condição atual da jovem não tem cura por causa da dificuldade de transplante de medula no estado do Rio. Ela foi diagnosticada e internada em julho deste ano e desde então recebe os cuidados do IPPMG.

"O caso da Sophia mexeu com todo mundo porque é uma doença que ninguém esperava aparecer nessa idade. Foi uma evolução súbita. Ela tem uma família muito unida. Eles tiveram uma maneira bonita de enxergar a situação. A Sophia é uma criança que ensina muito o que é viver. Uma criança que, desde o início do diagnóstico, batalhou para ficar bem. Ela me ensinou muito o que é viver."

Renata Medronho, residente em pediatria

Segundo a médica, a mobilização contou com mais de cem pessoas. Sophia precisava ficar deitada porque sentia desconforto em ficar sentada.

Aplasia Medular

Moradora do bairro Imbariê, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a criança foi diagnosticada em julho com aplasia medular gravíssima. De acordo com a família, o transplante de medula seria realizado em setembro, inclusive com a doação da irmã mais velha. No entanto, no final de agosto foi identificado um tumor no pescoço, impossibilitando o transplante. Para piorar, a jovem contraiu uma mucomicose, ou seja, uma infecção por fungo. Com a soma das três doenças, os médicos informaram, na semana passada, aos familiares que não existia mais nenhum tratamento possível porque ela não estava respondendo aos medicamentos.

Segundo Renata Medronho, a gravidade da doença de Sophia é rara na idade dela e mais comum em crianças mais novas, sendo normalmente compreendida com uma enfermidade genética. No entanto, quando diagnosticada em idade mais avançada não há como apontar uma causa.

"A medula óssea é a região do corpo onde produzimos as células de defesa, plaquetas e hemáceas. Quando temos a aplasia medular, a criança não consegue produzir essas funções. Ela fica sujeita a sangramentos, infecções e fica anêmica. O caso da Sophia foi diferente porque não é comum apresentar nessa idade. Geralmente, ela surge quando a criança é menor"

A médica explica que o único tratamento seria o transplante medular. No entanto, com a descoberta do tumor e da infecção, o tratamento acabou impossibilitado.

Família de heróis

Fã de filmes de heróis, Kellen Luiz, mãe de Sophia, explicou emocionada, o desejo da filha e a mobilização nas redes.

"Ela sair de casa e escolher a roupa dela com a certeza de conseguir assistir ao filme foi sensacional. Desde pequena, o cinema é como se fosse a nossa casa. Nós gostamos muito e virou um ritual da nossa família. A Sophia sabe como é importante para gente e tem consciência do seu estado terminal. Os heróis não são só um filme. Eles trazem uma memória e conta um pouco sobre a nossa história. Esse filme parece que foi feito pra ela. Uma história de superação, cura e perdão. Foi muito perfeito"

Kellen Luiz, mãe de Sophia

A jovem Sophia teve o desejo realizado. Ela assistiu o filme com um cilindro de oxigênio, que teve que ser trocado pelo pai no meio da sessão, apenas um suspiro para seguir a emoção de assistir o Cabeça de Teia na telona.

Além das cenas eletrizantes, um dos pontos altos do filme foi a homenagem feita à Sophia pelo dublador do próprio Homem-Aranha, Wirley Contaifer, com edição de Pedro Pedroza.

Veja a homenagem

https://youtu.be/QOiNDhGzk68

"A Sophia está levando tudo com muita leveza. Ela é uma menina muito madura para a idade. Sempre teve fé, vive com muito sorriso e consolando todos. Nunca abaixou a cabeça"

Kellen Luiz, mãe de Sophia

Atualmente, Sophia está em casa realizando um tratamento paliativo.

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