Cidades

Falta d’água vira prejuízo para moradores de São Gonçalo

Parte dos moradores atingidos pelo problema que se arrasta há 15 dias. Foto: Wallace Rosa

Moradores do Condomínio Completo Dois, em Nova Cidade, São Gonçalo, já tiveram um prejuízo de R$ 8.510,00, após precisarem fretar exatamente 32 carros-pipa, somente nesses cinco primeiros dias de novembro — por conta de uma falta d’água recorrente, que acumula dores de cabeça aos habitantes das 280 residências ocupadas no empreendimento que disponibiliza 340 unidades no total.

As queixas acontecem há cerca de 15 dias. Segundo eles, as contas d’água do condomínio são pagas regularmente e chegam a atingir valores de até R$18 mil, como foi o caso da última fatura.

De acordo com a síndica dos apartamentos, Márcia de Freitas, de 49 anos, cada carro-pipa com 10 mil litros d’água traz despesas de R$ 230.

Ela informou também que nos últimos tempos já foram realizados mais de 50 protocolos de atendimentos junto à Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) para que o problema fosse solucionado.

“Foram seis carros na última quinta-feira (31), seis na sexta (1º), seis no sábado (2), nove carros no domingo (3) e cinco nesta segunda (4). As dívidas só vão acumulando. Hoje a 0h começou a cair água, mais cedo parou e depois voltou de novo. Só que chega amanhã e para novamente e chega o final de semana e piora”, denunciou Márcia.

Conforme relatos dos próprios moradores, o sufoco com a ausência no fornecimento de água, vem se arrastando antes mesmo do último dia 31, data em que a Cedae realizou uma manutenção preventiva anual no Sistema Imunana-Laranjal.

Na época, moradores de Magé, São Gonçalo, Niterói, Ilha de Paquetá, parte de Maricá, Porto das Caixas e Manilha, em Itaboraí ficariam sem água durante 24 horas.

“Pra gente o problema já começou no dia 23, uma semana antes do previsto. Aqui no condomínio existem duas cisternas, com 160 mil litros cada, além de dois castelos que recebem 460 cada uma. Eles não forneceram pra gente e elas ficaram sem nada”, contou a síndica Márcia, que no último fim de semana se manteve à base de remédios, por conta de problemas de hipertensão, causados por preocupações com a água.

O funcionário público Renato Henrique, de 31 anos, disse que as demais residências ao entorno do seu prédio contam com o abastecimento de água regular. Ele citou, inclusive, que os seus vizinhos chegaram a encher piscinas nos últimos dias. 

“Só a gente aqui que fica à mercê da boa vontade da Cedae. Está muito complicado. Eu tenho uma filha de um ano em casa. Estamos nessa peleja de ficar sem água durante todo esse tempo. Ligamos, todo mundo aqui tem os protocolos, fizemos o possível para tentar ver se eles liberam água e parece que eles ficam brincando com 340 famílias”, denunciou.

A professora Analice Campelo, de 29 anos, tem um filho de um ano e oito meses. Ela enfrenta um trabalho dobrado. Disse que precisa dar banho na criança com um balde e aproveita a água para reutilizar como descargas - foi a forma mais prática que encontrou para economizar o pouco de água que recebe com o carro-pipa.

“Ele reclama muito com esse calor. A gente fica sem água até pra beber, tive que comprar botijão de água dia desses. Quem tem família aqui ainda se ajuda, mas eu não tenho ninguém além do meu esposo”, lamentou.

Questionada, a Cedae não informou o que tem causado esses problemas. Por meio de nota, disse apenas que técnicos estiveram no local no final da tarde desta terça-feira (5) e constataram que o condomínio estava recebendo água.

“Eles vieram para ler o hidrômetro e verificar se estava caindo água. Então, quer dizer: primeiro eles abriram para depois vir ver!”, argumentou a síndica do prédio, Márcia de Freitas.

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