Cantareira

MP apura venda de bem cultural de Niterói para sócio das barcas

Inquérito investiga possíveis irregularidades na desapropriação

MP investiga possíveis irregularidades na venda da Cantareira para Amaury Andrade
MP investiga possíveis irregularidades na venda da Cantareira para Amaury Andrade |  Foto: Marcelo Tavares
 

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) instaurou, nesta terça-feira (28), inquérito civil para apurar possíveis irregularidades na desapropriação da Estação Cantareira, no Gragoatá, patrimônio cultural da cidade de Niterói. De acordo com a Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania de Niterói, quando foi desapropriado, o imóvel tinha registro em nome de Amaury Andrade que o adquiriu da CCR Barcas, que por sua vez havia recebido o bem à época da concessão da antiga Companhia de Navegação do Estado do Rio de Janeiro (Conerj).   

Entretanto, o processo n° 00008389620048190001 teve decisão declarando a nulidade da concessão, o que torna nulos todos os atos daí decorrentes, inclusive a alienação da CCR a Amaury Andrade, levando-se à conclusão de que o bem, em permanecendo, por força da decisão judicial, na esfera patrimonial do Estado, não é passível de ser desapropriado pelo município. 

A Promotoria também aponta que o valor fixado na desapropriação é muito superior ao valor pago quando da aquisição por Amaury Andrade e que o pagamento ocorreu um dia após o óbito deste, num rápido procedimento administrativo: em apenas dois dias, se publicou a lei autorizativa da destinação do recurso, se empenhou o valor e se fez o pagamento. 

O MPRJ requisitou ao Município de Niterói cópia do procedimento administrativo de desapropriação do imóvel da Estação da Cantareira, solicitando que esclareça a razão da liquidação da despesa do imóvel ter sido realizada já com o credor falecido. Também requereu esclarecimentos sobre quais as providências a serem tomadas pelo município diante da situação, especialmente do constante no processo n° 00008389620048190001. 

A Prefeitura de Niterói disse que a avaliação da Estação Cantareira foi feita por peritos do município seguindo normas técnicas. E que o laudo da vistoria foi enviado para a Câmara de Vereadores e aprovado em votação. O governo municipal disse ainda que vai prestar todos os esclarecimentos quando for notificada pelo Ministério Público.

A CCR Barcas disse que a venda da estação aconteceu antes da decisão da Justiça, que decretou a anulação do contrato. E que, no momento que comprou a Conerj, recebeu passivos muito superiores ao valor do imóvel.

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