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Novo 'lockdown' em Niterói revolta lojistas e setores na cidade

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Lojas deverão fechar às portas a partir de sexta-feira (26). Foto: Arquivo / Pedro Conforte

As novas medidas restritivas anunciadas em Niterói, a partir da próxima sexta-feira (26) até o dia 4 de abril, provocaram revolta entre comerciantes e lojistas da cidade. O fechamento de atividades consideradas não essenciais pela segunda vez em intervalo inferior a 12 meses também preocupa o Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município de Niterói (SindiLojas). Segundo a prefeitura, a medida é a escolha adotada para conter o avanço do vírus na cidade.

"Com esse fechamento, empresas locais não terão nem como pagar os salários dos seus funcionários já no próximo dia 5"

Charbel Tauil, presidente do Sindlojas de Niterói

Para o lojista Marcelo Esteves, a adoção de medidas mais duras não irá resolver a situação, pelo contrário:

"Eu seria capaz de manter a minha loja fechada durante um ou dois meses, fazer dívidas, se isso realmente resolvesse o problema e salvasse vidas. Serão dez dias jogados fora! Vão fechar lojas, vão perder empregos e no final a doença vai continuar no mesmo patamar, porque só a vacina pode diminuir isso"

O comerciante também reclama das estratégias adotadas pelos governantes e considera que não há preocupação real com a população.

"O pobre do camelô que tem dívida pra pagar faz o que? Fica em casa? Ele não paga, aí acumula, suja o nome... Ninguém pensa nisso. É muito fácil ficar sentado em um escritório, no ar-condicionado, tomando um monte de decisões, achando que está abafando. Pra mim, isso tudo é uma hipocrisia, a última coisa que eles estão preocupados é com a saúde da população"

Para funcionários de atividades consideradas essenciais, o endurecimento das medidas também não é a melhor solução. De acordo com a bancaria Rayane Almeida, a restrição não diminui o risco de propagação do vírus.

"Reduzir horário de alguns serviços só piora porque concentra mais gente. A agência está funcionando em horário reduzido, mas a restrição no horário não diminui o número de clientes"

Essenciais

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Salões de beleza, antes liberados como essenciais, também serão fechados. Foto: Marcelo Tavares / Arquivo

Outro setor que não se mostrou satisfeito com as medidas foi o de profissionais da área da beleza. De acordo com o novo decreto, salões de cabeleireiro, barbearia e similares, que antes eram considerados serviços essenciais, estão proibidos de funcionar.

A cabeleireira Marinéia Parisio proprietária de um salão de beleza no centro da cidade afirma que o fechamento trará ainda mais prejuízo do que soluções. Marinéia considera a restrição desnecessária, já que os estabelecimentos estavam cumprindo as medidas impostas.

"Estávamos seguindo todos os protocolos que a vigilância sanitária e não estava tendo acúmulo de pessoas. Além disso, essa é a minha fonte de renda, eu não tenho outra e nós não temos o suporte necessário dos governantes"

Academias

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Academias estão liberadas no Rio, mas o funcionamento ainda provoca dúvidas em Niterói. Foto: Ramon Ribeiro / Arquivo

O decreto de estabelecido entre as prefeituras do Rio e Niterói também provocaram divergência envolvendo o setor de academias de musculação e ginástica. Isso porque o texto ambiguo não detalha o funcionamento de academias. No Rio, por exemplo, o decreto carioca prevê o funcionamento do setor, dentro dos limites de lotação e com restrições cautelares. Já em Niterói não foram informados detalhes sobre critério de funcionamento.

De acordo com o Conselho Regional de Educação Física (Cref), a nota técnica ainda é aguardada e por enquanto os estabelecimentos poderão continuar abertos com as restrições já impostas com limite de capacidade medidas sanitárias de higienização.

Reivindicações

De acordo com o SindiLojas e o Sindsalões, ambos filiados à Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), para a efetivação da medida imposta pela administração municipal é preciso que antes reivindicações das categorias sejam atendidas:

  • Mais 120 dias de prazo para pagamento de cada parcela do IPTU de 2021, sem juros nem multa;
  • Parcelamento imediato do IPTU de 2020, sem juros nem multa;
  • Envio urgente de projeto à Câmara Municipal de Niterói, impedindo o corte de água e luz nos estabelecimentos afetados, por 120 dias;
  • Prazo ampliado em 120 dias, sem juros nem multa, para o pagamento de cada cota do ISS das empresas afetadas neste período; e
  • Reabertura do projeto "Empresa Cidadã", priorizando o atendimento às empresas que não foram contempladas na primeira fase

Questionada sobre as demandas solicitadas pelas categorias, a Prefeitura de Niterói informou que "vai analisar o ofício do Sindicato e ressalta que mantém diálogo permanente com o setor".

O Executivo destacou, também, que "criou, em 2020, o programa Empresa Cidadã, onde o Município deposita mensalmente um salário mínimo para até nove empregados das empresas, e os fundos Niterói Supera e Supera Mais, que concedem crédito para micro e pequenas empresas da cidade com juro zero".

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