Descaso

Passageiros são deixados de 'cabeça quente' em pontos de Niterói

Sem cobertura, usuários de ônibus enfrentam sol e chuva

Ponto sem abrigo, na Rua Doutor Paulo César, em Santa Rosa.
Ponto sem abrigo, na Rua Doutor Paulo César, em Santa Rosa. |  Foto: Guto Rodriguez
 

Os últimos dias de intenso calor e sol têm 'literalmente' deixado passageiros de ônibus de cabeça quente em Niterói. Isso por conta da ausência de abrigos em pontos de embarque e desembarque espalhados pela cidade. Sem cobertura, trabalhadores aguardam sem sombra a chegada do coletivo. 

Em diferentes bairros como Barreto, Engenhoca, Fonseca, Icaraí e Santa Rosa, são diversos os pontos sem qualquer cobertura. Quem faz uso de ônibus na cidade reclama de descaso e precariedade.

Na Avenida Professor João Brasil, por exemplo, a moradora da comunidade Coronel Leôncio, Áurea Vieira, de 63 anos, busca refúgio embaixo de uma árvore, do outro lado da rua, para fugir do sol.

"Já perdi vários ônibus porque nem sempre dá para atravessar. É tenso porque precisamos correr e nem sempre o motorista para", comentou a passageira.

O mesmo acontece com Érica Aparecida, de 39 anos, que em outro ponto, no mesmo trecho, reclama que a alternativa é esperar embaixo de uma banca ou na portaria do local de trabalho.

"Quando está chovendo fico embaixo da banca, mas é perigoso pelo risco de raios. Geralmente também fico na portaria e tenho que sair correndo para não perder o ônibus", lamenta.

Ponto de ônibus

Usuários de ônibus questionam, inclusive, que em determinados pontos há abrigo, mas por que não em todos? 

"Há vários pontos que nem há sinalização. Por mim, é mais tranquilo porque sou mais novo, mas há senhoras e crianças que ficam no sol o tempo todo. Eu pego ônibus aqui diariamente e, em dias de chuva, muitas pessoas não estão preparadas. Eu mesmo já peguei chuva", comenta Ruan de Faria, de 25 anos, morador da Zona Norte.

Na Engenhoca, a situação é complicada.
Na Engenhoca, a situação é complicada. |  Foto: Guto Rodriguez
 

A ausência do mobiliário não se limita a zona norte da cidade. Na Rua Doutor Mário Vianna, em Santa Rosa, na Zona Sul, a idosa Vilma Silva, de 64 anos, busca no poste a sombra para se proteger do sol.

"A maioria das vezes enfrento a quentura porque não consigo ver o ônibus vindo. Quando o tempo está chuvovo também é ruim. Aqui nem banco tem" ,
 

Questão de planejamento

Há abrigo, mas sem visão de ônibus no Ponto Cem Réis.
Há abrigo, mas sem visão de ônibus no Ponto Cem Réis. |  Foto: Guto Rodriguez
 

Em Santana, bairro popularmente conhecido como 'Ponto Cem Réis', usuários que aguardam coletivos, na altura da paróquia São Lourenço, enfrentam um dilema: escapar do sol no ponto de ônibus coberto e correr o risco de deixar o coletivo passar, ou aguardar no sol a chegada do ônibus.

Acontece que o abrigo está instalado longe da rua, prejudicando a visão de quem espera por condução e dos motoristas, que ficam impedidos de ver a sinalização de passageiros.

"Se a gente for se proteger no ponto, perdemos o ônibus, que já demora, então é complicado. Eu já perdi muitas vezes, ainda mais em dias de chuva.", lamentou Vitória Cardoso, de 20 anos.

Procurada, a Prefeitura de Niterói ainda não prestou qualquer esclarecimento sobre a necessidade de instalar abrigos em vias públicas da cidade, e também não explicou por qual motivo mantém um ponto de ônibus distante do local designado para embarque e desembarque de passageiros. 

A Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (Seconser) informa que está vistoriando diferentes pontos da cidade para estudar a viabilidade técnica da instalação de novos abrigos para pontos de ônibus. A Seconser enfatiza também que constantemente há atualização deste mobiliário.

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