Sete estabelecimentos irregulares foram demolidos na manhã desta quarta-feira (20) no Bairro Eliane, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Os imóveis foram construídos às margens da Rua Cezarino Daudt. Entre as construções havia, barbearias e lanchonetes. Segundo os comerciantes, eles foram notificados, mas sem data definida do dia das demolições.
Teresinha de Souza, de 60 anos, tinha uma lanchonete, conhecida como “Lanchonete Amarela”, no início da rua. Ela que usa muleta para poder se locomover e tem uma filha cadeirante. Segundo ela, além da filha, o marido também trabalhava no local.
“Não sabemos o que vamos fazer. A nossa renda vinha toda dali, era o nosso ganha pão. Minha filha teve o benefício dela bloqueado, como vamos conseguir viver? Eu tinha a lanchonete há 31 anos, isso que estão fazendo com a gente é uma covardia”, disse.
Segurando as lágrimas, Teresinha acompanhou a remoção do seu trailer sentada do outro lado da rua. No momento que ele foi guinchado e colocado no reboque, ela não se conteve e foi para perto para ver a estrutura pela última vez.
“Por que estão fazendo isso com a gente? Eu comprei esse trailer justamente para vender lanches para os alunos do Ciep”, afirmou.
Muitos comerciantes conseguiram retirar os objetivos de dentro dos estabelecimentos antes que as estruturas fossem demolidas. Com o auxílio de carrinho de mão, moto ou até mesmo no porta-malas dos carros, essas foram as formas que eles levavam os objetos para outros locais.
Pablo Ferreira, de 30 anos, também tinha uma lanchonete no local. Ele que tinha o imóvel há seis anos, viu tudo vir abaixo em questão de minutos. De acordo com o ele, houve tentativas para regularizar o local, mas até hoje ele não conseguiu.
“Recebemos a informação que houve uma denúncia no ministério público falando dos comércios irregulares. Eu fui na Postura para saber o que poderíamos fazer para regularizar. Lá fomos informados que não tinha nada no sistema deles E fomos orientados e continuar trabalhando. Tentamos regularizar, mas até hoje não conseguimos. Tenho um bebê de 4 meses, um filho de 7 anos, e outro filho que pago pensão", contou.
De acordo com Pablo, ele vai vender lanches em casa para ajudar com a renda familiar, mas ele deixou claro que terá uma queda grande no faturamento.
Segundo a Prefeitura de São Gonçalo, foi realizada uma operação de retirada de boxes instalados irregularmente no espaço público. Os comerciantes do local receberam, no dia 11 de novembro, uma notificação por construção de boxes ilegais, quando receberam um prazo de 15 dias para a retirada dos produtos e desocupação da área.
Ainda segundo a nota do governo municipal, a Secretaria de Ordem Pública retornou ao endereço um mês após a notificação, no último dia 14 de dezembro, e ainda estendeu o prazo, mais uma vez, por mais uma semana. Nenhuma mercadoria foi apreendida.
As equipes das Secretarias de Ordem Pública e de Desenvolvimento Urbano, funcionários do 2º e 3º Departamento de Conservação e Obras (DCO) e policiais do 7º (BPM) São Gonçalo participaram da ação.
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