Polícia

‘A PM acabou com a vida do meu filho’: a súplica em SG

Imagem ilustrativa da imagem ‘A PM acabou com a vida do meu filho’: a súplica em SG
Pai do jovem diz que não houve confronto armado na localidade onde o filho foi atingido pelo disparo fatal. Foto: Marcelo Tavares

“Eu não sei o que será da minha vida. Meu filho nunca tinha perdido uma luta sequer e agora ele perdeu a vida para um policial despreparado”. O relato é de Valneci Ferreira, pai de Vitor Reis de Amorim, de 19 anos, morto durante uma ação policial ocorrida, nesta terça-feira (28), na comunidade da Jaqueira, no bairro Patronato, em São Gonçalo. A família do jovem, que esteve presente na sede do Instituto Médico Legal (IML) de Tribobó para fazer os procedimentos de liberação do corpo do jovem, alega que a vítima não possuía nenhuma ligação com o tráfico de drogas da região, controlado pela facção criminosa Comando Vermelho (CV).

De acordo com o pai da vítima, o jovem era lutador de artes marciais e tinha o sonho de entrar para o Ultimate Fighting Championship (UFC). Ele, segundo os familiares, tinha o hábito de tentar ajudar outros jovens e servir como fonte de inserção de amigos no mundo do esporte e lazer.

“Primeiro, quero deixar claro que não teve nenhum confronto como eles vem dizendo. Acredito que quando erramos, devemos assumir o erro e buscar os responsáveis por isso. Meu filho era inocente, nunca fez mal a ninguém e agora teve a vida ceifada por uma equipe despreparada. O que será da minha vida? Dos meus outros filhos? Da minha esposa? Ele era muito colado a nós, sempre foi uma pessoa muito educada e teve a vida encerrada dessa forma. É muito triste”, disse o pai da vítima.

Segundo os familiares, Vitor estava no interior da localidade quando ouviu tiros e tentou fugir para se proteger junto de outras pessoas. Durante a tentativa de fuga, a vítima foi atingida no peito, sendo socorrida pelos próprios policiais militares do Batalhão de São Gonçalo (7°BPM), responsável pela ação, e levado para o Pronto Socorro Central de São Gonçalo (PSCSG), no Zé Garoto, onde não resistiu aos ferimentos e foi a óbito.

“Quando cheguei no hospital, fui perguntar para os policiais o que tinha acontecido com meu filho e fui enganado por eles. Falaram que o meu filho ainda estava vivo, o que é mentira. Não dá pra entender. Eles falaram pra minha esposa que se ela quisesse ver o filho, teria que fazer outro. É inadmissível. Temos muitos policiais bons, mas tem alguns que fazem esse tipo de atitude. Até quando seremos vítimas do Estado? O meu filho ganhava medalhas trabalhando, lutando, enquanto esses policiais que participaram da ocorrência ganham medalhas matando”, concluiu o pai da vítima.

Quem também esteve presente na sede do IML, na manhã desta quarta-feira (29), foi a prima da vítima, Ester Teixeira, que lamentou a morte do jovem e cobrou por justiça no caso ocorrido no morro da Jaqueira.

“Não dá pra acreditar. Se o Vitor fosse bandido, nós não estaríamos aqui. Ele sempre foi uma pessoa trabalhadora, educada e que queria o bem da família e dos amigos. Não teve troca de tiros, os policiais entraram e executaram o meu primo. Não dá pra acreditar”, disse a prima.

PM alega ataque, confronto e apreensão

Segundo a versão da Polícia Militar, uma equipe do Batalhão de São Gonçalo (7ºBPM) realizava patrulhamento pela Rua Mendes Ribeiro, quando se deparou com alguns elementos que “ao avistarem a viatura operacional fizeram saque de armas de fogo e efetuaram alguns DAFS – disparos de arma de fogo”. Após o ataque, segundo a polícia, “os policiais revidaram de forma proporcional e técnica, onde um dos elementos foi alvejado”.

De acordo com a Polícia Militar, próximo ao corpo de Vítor, os policiais militares encontraram uma pistola calibre 9mm com seis munições intactas e um rádio transmissor. Segundo a corporação, “os demais criminosos fugiram e se esconderam em residências não identificadas”. O caso foi registrado na Delegacia de Neves (73ªDP).

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