Crueldade

Animais mortos com sinais de envenenamento causam alerta em Niterói

Maus-tratos a animais podem levar a até 5 anos de prisão

Casos ocorrem na entrada do bairro Camboinhas, segundo denúncias
Casos ocorrem na entrada do bairro Camboinhas, segundo denúncias |  Foto: Arquivo/Pedro Conforte
 

Dois gatos e um gambá foram encontrados mortos com sinais de envenenamento, em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói, em um curto período de tempo - só este mês.

Após denúncias, a Polícia Civil esteve no local nesta quinta-feira (22) afim de investigar o caso. Ninguém foi identificado, até o momento. O caso está a cargo da 81ª DP (Itaipu).

Episódios de envenenamento de gatos e animais silvestres ocorridos na área nobre da cidade, entre os últimos dias 8 e 10, são motivos de preocupação de moradores que têm pets e utilizam as vias da região para passeios com os bichinhos, além de defensores da causa animal.

"Os animais têm sido envenenados na entrada de Camboinhas, próximo ao complexo de comerciantes. Estamos numa área rodeada de floresta. Não é só gamba: tem mico, cobra. Então, não cabe a população que está na área que é do animal, fazer esse tipo de crueldade", lamentou a professora Luciana Arruda, de 35 anos. Ela mora na região.

Os animais comunitários, ou colônias de gatos que vivem nas ruas são protegidos pela Lei Municipal Nº 3153/2015.

Além disso, a pena para o crime de maus-tratos contra animais pode chegar de dois a cinco anos de prisão, além de multa e proibição da guarda. Inclusive, a pena é aumentada de um sexto a um terço se ocorre morte do animal. O crime é previsto no artigo 32 da Lei Nº 9.605, com alteração da Lei Nº 14.064/2020.

"É papel do Poder Público e da população zelar por eles de forma conjunta. É inadmissível, cruel e criminoso qualquer ação de maus-tratos a esses animais. Nosso mandato estará sempre atento para fiscalizar e punir quando necessário", enfatizou o vereador Daniel Marques.

O parlamentar desempenha ações em prol dos bichinhos na cidade. Uma ação educativa é prevista para ocorrer no bairro no próximo dia 27.

O gatinho Mimi foi encontrado morto dentro da casa da bomba no quintal da tutora
O gatinho Mimi foi encontrado morto dentro da casa da bomba no quintal da tutora |  Foto: Arquivo Pessoal
  

A psicopedagoga Maria José Thuler Braga, de 63 anos, perdeu o gatinho Mimi por conta da atitude criminosa. Ela constatou a morte do animalzinho, no quintal de casa, no último dia 10.

"O meu caseiro foi tirar uma mangueira do poço para lavar o quintal e ele achou o nosso gatinho dentro da casa da bomba. Ele já estava cheirando mal. No dia 8, eu tinha recebido uma foto dizendo que um gato tinha sido encontrado na entrada de Camboinhas e bem próximo, havia um gambá. E os dois envenenados, porque não havia sinal nenhum de machucado. Quando foi no sábado, encontramos o nosso", contou.

Segundo a tutora, a relação com o animal era antiga. 

"Esse gatinho nasceu aqui no quintal, a mãe dele teve aqui perto. A gente alimentava o Mimi. Ele ficava aqui em casa, dormia na varanda, mas ia pra rua. Ele não era caseiro. A gente respeitava. Mas dávamos vacina, todos os cuidados necessários. Era a paixão da minha mãe, uma idosa de 87 anos, que ficou muito mal. É uma maldade muito grande", explicou.

A diretoria da Sociedade Pró Preservação Urbanística e Ecológica de Camboinhas (Soprecam) afirmou, em comunicado, que o risco de envenenamento é para todos os animais.

"E não são apenas os gatos de rua que estão sendo afetados. O risco é para todos os animais que circulam pelas ruas, até mesmo na companhia dos seus donos", frisou.

Um alerta aos moradores foi feito pela organização para preservação ambiental de Camboinhas.

"Se você tiver gatos, mantenha-o em um local seguro e restrito para evitar que ele circule pela rua ou nas casas dos vizinhos. Quem tem cães também deve ficar atento durante os passeios. Mantenha-os presos à guia e não deixe que os cães lambam ou comam objetos, recipientes ou alimentos que encontrem no caminho", finalizou a Soprecam.

Os animais silvestres e domésticos, incluindo os de rua, são protegidos por lei. Caso haja flagrante de alguém colocando veneno pelo bairro, a orientação é registrar imagens e denunciar imediatamente à Polícia Militar pelo 190.

"Essas colônias de gatos devem ser castradas e identificadas pelo Poder Público e, quando possível, encaminhados para campanha de adoção. As colônias não podem ser retiradas de uma vez, sem nenhum cuidado. Inclusive, as colônias protegem a área da proliferação de outras colônias. Ou seja, o controle é o melhor caminho, quando estão castradas, vacinadas e controladas, as colônias diminuem o longo do tempo", finalizou Marques.

As queixas também podem ser feitas ao Programa Verde pelos números 2253-1177, 0300 253 1177, ou site www.disquedenuncia.org.br. É válido o alerta ao Soprecam pelo 2619-1920.

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