Adeus

'Até quando?', diz mãe de mulher assassinada pelo ex na Zona Oeste

Aline Oliveira foi executada a tiros pelo ex na sexta

Mãe de Aline precisou ser amparada por amigos e familiares
Mãe de Aline precisou ser amparada por amigos e familiares |  Foto: Marcelo Tavares
  

Parentes e amigos da boleira Aline Oliveira Silva, de 41 anos, assassinada pelo ex-marido em Bangu, na Zona Oeste do Rio, na última sexta (5), deram o último adeus à mulher, na manhã desta segunda (8), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. 

A mãe de Aline,  Marli Oliveira da Silva, descreveu como era a filha. Muito abalada, ela foi amparada por parentes e amigos durante o cortejo. 

"Era minha única filha mulher de sangue. A Aline muito boa, ele que não prestava. Minha filha lutava para pegar de volta o filho dela. Ela largou o Marcius há mais de dois anos e ele perseguia ela, minha filha não podia ter ninguém, ele bateu nela, colocou ela em cárcere privado e, mesmo com exames comprovando que ele tinha estuprado ela, ele não foi preso, só agora prenderam. Até quando?", desabafou. 

Aline foi morta na frente do filho de oito anos na última sexta (5), em Bangu
 

O filho do casal, de apenas oito anos, presenciou toda ação. O acusado, Marcius dos Reis Resener, foi preso pouco tempo depois. Foi a criança que afirmou aos policiais que o pai tinha atirado na cabeça da mãe e pediu para que os agentes não o soltassem. 

Irmão da boleira detalha a morte de Aline no cemitério
Irmão da boleira detalha a morte de Aline no cemitério |  Foto: Marcelo Tavares
Quando ele chegou em casa, depois de todo o ocorrido, ele detalhou o que ocorreu. Disse que a mãe foi buscá-lo no colégio e o pai dele chegou encapuzado junto com a menina, comparsa dele. Eles estavam armando essa cilada para ela. O Marcius pegou minha irmã à força, golpeou ela, deu um tiro nela, pegou a criança pelo braço e a companheira dele disse para ele voltar que minha irmã ainda estava viva. O Ronald chegou a pedir 'por favor, não faz isso com minha mãe Usias Costa da Silva Júnior, irmão
    

Ainda segundo a família, Marcius chegou a sequestrar o filho por mais de um ano e levou o menino para Brasília anteriormente. Atualmente, havia uma medida protetiva dizendo que o pai não podia se aproximar de Ronald. A criança foi localizada pela mãe em fevereiro deste ano, antes de ser assassinada. A criança esteve no enterro de Aline. 

Segundo testemunhas, Marcius estava com cinco mudas de roupa pelo corpo para fugir após o crime. Ele levaria o menino para Brasília, o mesmo lugar para onde levou a criança quando a sequestrou. Ronald ficou mais de um ano sem ver a mãe depois que o pai o sequestrou e o levou para Brasília. Ele foi localizado após denúncias em fevereiro desse ano, quando mãe e filho finalmente puderam se reencontrar.

De acordo com a advogada de Aline, Michele Monsories, ela e Marcius se separaram por causa de um desentendimento e Aline tinha sido vítima de violência doméstica. Na ocasião, Marcius levou o Ronald e impediu que Aline visse a criança.

Caixão de Aline é conduzido durante o enterro
Caixão de Aline é conduzido durante o enterro |  Foto: Marcelo Tavares
 

Ele entrou com um pedido de guarda unilateral da criança, alegando que a mãe agia de forma abusiva com o filho, dentre outras mentiras, que foi aceito pelo Judiciário. Depois, Aline procurou a advogada para ajudar no caso. Mesmo depois de separado, Marcius teria agredido Aline. O acusado chegou a encontrar com ela e a manteve em cárcere privado, sem que ela pudesse ter contato com a família, além de tê-la estuprado e a ameaçado por oito dias em um apartamento.

Aline fugiu com a ajuda da mãe dele e fez um boletim de ocorrência na Deam. Até hoje, no entanto, ele não foi indiciado pelos crimes, mesmo tendo laudos que comprovam as agressões. 

Depois, o juiz deu a guarda alternada para Marcius e Aline, mesmo com o juiz concedendo uma medida protetiva de 90 dias evitando que Marcius, que era agente educador em uma escola pública em Realengo, se aproximasse de Aline.

A guarda alternada, no entanto, passou a não ser respeitada pelo homem, que não entregava a criança quando era a vez da mãe e ainda ficava ligando quando a mãe estava com os meninos. A guarda passou, então, a ser da mãe de Marcus que era advogada, mas ela não podia deixar a criança ter contato com o pai durante os dias da semana, apenas no domingo, como a mãe podia. 

Quando Aline ia visitar a criança, a avó mandava dizer que ele não queria ir com ela, dentre outros conflitos. Até que, em outubro de 2021, a avó sumiu com o menino, que foi comunicado ao juízo. Judicialmente, a avó da criança não aparecia e Ronald não foi encontrado em nenhuma escola na época.

Vendo essa situação, a Justiça deu a guarda da criança definitivamente para Aline. Após um ano da criança, em fevereiro deste ano, Ronald foi encontrado com um pai em Brasília após denúncias. O rosto do menor, durante as buscas da mãe, foi divulgado pela Fundação para a Infância e Adolescência (FIA). 

Depois de ter a criança de volta, a namorada e comparsa de Marcus chegou a ligar pra Aline fingindo ser do Conselho Tutelar de Brasília e perguntando da criança, o que, segundo a advogada, foi mentira. Apesar dos boletins de ocorrência, há dez dias uma testemunha disse para Aline que a família dela deveria tomar cuidado que Marcius queria matar ela e fugir com Ronald. 

“Há dez dias sabíamos disso. Eu soube do caso pela televisão, mas a filha dela já havia me ligado chorando, só que eu não entendi. Eu tinha consciência que se o judiciário tivesse agido, quando pedimos… Ele era para estar preso. Se tivessem prendido ele quando ele a estuprou em 2021 e a ameaçou… Se tivesse uma medida protetiva… Ele foi cruel, matou a mãe na frente do filho. Hoje, aqui no velório, estamos de rosa pela Aline, em homenagem a ela e outras mulheres que sofrem violência doméstica. Foi um pedido da família que a OAB de Bangu abraçou e estamos em protesto mesmo”, disse a advogada. 

< Três homens são baleados em Itaboraí; dois morreram Ludmilla é ovacionada pela Billboard após apresentação nos EUA <