Dois meses após o jornalista Romário Barros ser executado à queima roupa em seu veículo, Maricá entra em um novo período de luto. Na madrugada desta quinta-feira (22) o vereador Ismael Breve, do Democratas, e o filho Thiago André Marins, foram mortos a tiros dentro de casa.
A Polícia Civil esteve na residência ao longo da manhã para fazer a perícia e entender a dinâmica das mortes.
Para Leonan Calderaro, delegado da Divisão de Homicídios de Niterói (DHNSG), uma análise preliminar indica que o verdadeiro alvo do ataque pode ter sido o filho, e não o pai.
"A porta do quarto do filho foi arrombada pois eles queriam entrar para executar a vítima. Já no quarto do vereador isso não aconteceu, ninguém arrombou a porta dele. Isso nos leva a crer que ele não era o alvo dos executores", disse o delegado.
De acordo com o delegado, o crime teve início às 3h20. Dois homens encapuzados teriam acessado o pátio da casa pelos fundos e arrombado a porta da cozinha para entrar no imóvel, localizado no nº 5 da rua Agrípio Luiz da Costa, no bairro Zacarias.
A companheira de Ismael e madrasta do rapaz relatou à Polícia Civil que Ismael ouviu a movimentação e foi até o quarto.
O vereador teria, segundo a testemunha, entrado em luta corporal com um dos invasores na sala, ao passo que o outro, livre, disparou e acertou Ismael na altura da cabeça.
O delegado disse também que nesse primeiro momento a polícia trabalha com a hipótese de execução.
"A hipótese de roubo está inicialmente afastada, sendo assim, trabalhamos com a linha de homicídio. Quando nosso equipe chegou o vereador estava caído no corredor da residência e seu filho no quarto", afirmou.
O delegado afirmou ainda que o filho do parlamentar foi atingido por pelo menos seis disparos.
"A perícia inicial constatou três orifícios de entrada, sendo um deles na cabeça. Vamos ter uma melhor precisão depois do laudo do IML", destacou.
Na garagem da família, a Polícia Civil encontrou no veículo do filho do vereador uma pistola calibre 380.
Quando a Polícia Militar conseguiu chegar no imóvel, por volta de 4h15, pai e filho estavam mortos e os invasores já tinham fugido.
Os corpos foram removidos e levados ao Instituto Médico Legal (IML) de Tribobó.
Equipes da DHNSG, em buscas, verificaram que a casa não aparenta sinais de vasculhamento, como é comum em tentativas de latrocínio. Assim, a investigação caminha para identificar os autores da execução. Câmeras da área serão analisadas e depoimentos colhidos ao longo do dia.
Filho de Ismael era advogado e tinha 33 anos, e deixa uma filha de três anos que mora com a mãe, da qual era separado. Trabalhou na Prefeitura de Maricá, mas saiu durante um desmembramento na pasta.
Segundo a Polícia, o filho do vereador tinha apenas antecedentes por lesão corporal culposo de trânsito.
Câmeras podem ajudar
Leonan Calderaro disse que vai solicitar as câmeras do município de Maricá, para ajudar nas investigações.
"Apesar de termos a testemunha presencial também vamos solicitar as imagens, pois Maricá tem um ótimo sistema de câmeras. Ainda não sabemos qual o veículo utilizado pelos criminosos",afirmou.
Trajetória
Ismael, com 59 anos, era vereador pelo Democratas e pretendia voltar a concorrer ao cargo nas próximas eleições, segundo a família. O parlamentar estava no primeiro mandato, mas tinha o sonho de chegar à Prefeitura.
Filho de pescadores, era querido na cidade e costumava participar de partidas de futebol. No local onde o homicídio ocorreu, familiares e amigos lamentavam.
"Ismael era uma pessoa do povo, andava no meio de todo mundo. Amigo de todos, ajudava as pessoas. Andava vestido simples, nunca teve arma nem comentou de problemas com ninguém" disse a prima, Arceni Marins.
Ainda segundo a família, o parlamentar se posicionava contra os interesses mobiliários pela colônia de pescadores de Zacarias.
Por Lislanne Rottas e Eduarda Hillebrandt
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