A família do motoboy Antônio Carlos Nascimento de Lima, de 35 anos, disse que ele fazia entregas para complementar a renda e pagar a formatura do filho, de cinco anos, que acontece no próximo fim de semana.
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A vítima estava fazendo uma entrega quando foi baleada num confronto entre policiais e criminosos nesta segunda-feira (4), na Comunidade da Covanca, na Zona Oeste do Rio. O tiro fatal atingiu a lateral da costela de Antônio.
Os parentes dele estiveram no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, nesta terça-feira (5), para os procedimentos de liberação do corpo.
O filho dele ia se formar na escolinha agora e acho que foi por isso que ele fez essa entrega, para complementar renda. Era uma viagem mais longa. Vagner José de Freitas, sogro da vítima
"Não sabemos dizer de onde foi, se foi de polícia ou de bandido, mas a justiça tem que descobrir o que ocorreu. O que eu sei dizer é que ele era honesto e trabalhador. Ele morava em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e foi baleado na Covanca, na Zona Oeste, local que ele raramente rodava", afirmou Vagner, de 52 anos.
O corpo de Antônio Carlos será sepultado com a roupa que ele usaria na formatura da escola do filho. Ainda não há informações sobre a data e local do enterro.
Quem era Antônio?
Antônio era motorista de aplicativo de entrega há quatro meses. Ele começou no ramo depois que foi mandado embora de um hotel, no qual trabalhava como manobrista, na Baixada. Ele estava recebendo o seguro-desemprego e complementava renda com as entregas.
Foi a esposa da vítima que soube que ele havia sido baleado. Antônio chegou a fazer a entrega que precisava na Zona Oeste do Rio quando os tiros começaram. A esposa ficou sabendo, através de populares, que o motoboy havia sido baleado.
Ainda em meio ao conflito, ele chegou a enviar uma mensagem para a amada. No texto diz: 'Tô aqui na Covanca, a bala tá comendo'. Ela responde de imediato: 'Sai daí, amor'.
“Eu tinha acabado de chegar do trabalho quando fiquei sabendo. Atiraram nele na covardia, foi covarde. Ele estava fazendo uma encomenda quando aconteceu. A polícia atirou nele sem nem perguntar. Infelizmente, vai ficar por isso mesmo. Ele ligou para a esposa para avisar que estava tendo tiroteio e ela falou para ele se abaixar. Ele foi tirar uma foto para ela e atiraram nele. Queriam levar o corpo dele, mas os moradores não deixaram. Ele era maravilhoso, trabalhador, ia só do trabalho para casa e ficava jogando videogame com o filho”, contou a tia da vítima, a diarista Telma Conceição Lima, de 60 anos.
A vítima nasceu em Salvador, mas era criada pela tia em Duque de Caxias desde os seis anos. Após se casar, ele estava morando com a esposa e o filho de seis anos em Nova Iguaçu.
O que diz a polícia?
Em nota, a Polícia Militar informou que “nesta segunda-feira (4), de acordo com policiais militares do 18ºBPM (Jacarepaguá), equipes da unidade foram verificar denúncias na Comunidade da Covanca, Zona Oeste do Rio. Durante buscas, os policiais foram atacados por disparos de armas de fogo efetuados por criminosos e houve confronto. Quatro indivíduos foram feridos e socorridos ao Hospital Municipal Lourenço Jorge. Três fuzis, uma granada, um rádio comunicador e drogas foram apreendidos.
Posteriormente, os policiais foram acionados para a Estrada da Covanca onde um homem estaria em óbito. O fato foi constatado e a área isolada para a perícia”.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) informou que “investiga a morte de quatro homens, ainda não identificados, durante confronto com policiais militares. A unidade apura também a morte de Antônio Carlos Nascimento Lima, de 35 anos, cujo corpo foi encontrado pelos agentes da Polícia Militar. A perícia foi realizada no local e diligências estão em andamento para apurar a autoria do crime.”
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