Preconceito

Mulher acusada de agredir entregadores falta a depoimento

Sandra Mathias alegou lesão e não compareceu à 15ª DP (Gávea)

O caso é investigado pela 15ª DP (Gávea)
O caso é investigado pela 15ª DP (Gávea) |  Foto: Marcelo Tavares
 

A mulher acusada de agredir entregadores em São Conrado, na Zona Sul do Rio no último final de semana, alegou que se lesionou e não compareceu na 15ª DP (Gávea), nesta quarta-feira (12). 

Segundo Roberto Duarte Butter, advogado de Sandra Mathias Correia de Sá, a ex-atleta não foi à distrital por problemas de saúde. Ela alegou estar machucada. O depoimento deve ser remarcado para a próxima semana. 

Segundo Roberto Duarte Butter, advogado de Sandra Mathias Correia de Sá, a ex-atleta não foi à distrital por problemas de saúde
Segundo Roberto Duarte Butter, advogado de Sandra Mathias Correia de Sá, a ex-atleta não foi à distrital por problemas de saúde |  Foto: Marcelo Tavares
     
Quem vai falar é ela. Quando ela vier, vocês perguntem a ela. Não vou adiantar a linha de defesa. Ela não virá hoje, ela está com vários lesões. Vocês vão se surpreender depois. Não pretendo falar mais nada. Vamos aguardar. Eu não vou me expor no momento Roberto Duarte Butter, advogado
  

A escolinha 

Sandra é ex-jogadora de vôlei e tem uma escolinha de vôlei de praia que funciona próximo ao Posto 12, no Leblon. Na terça-feira (11), a escolinha não funcionou. A Secretaria Municipal de Esportes do Rio informou que não irá renovar o alvará da escolinha de vôlei dela.

“A licença venceu em dezembro de 2022 e estava em processo de renovação. Diante do ocorrido, a prefeitura não concederá a renovação até que todos os fatos sejam esclarecidos pela Justiça”, disse a nota do órgão. 

Síndica pediu que ela seja retirada do prédio 

O advogado do Edifício Estrada da Gávea, Homero Pacheco Fernandes, também esteve na delegacia nesta quarta-feira. Ele disse que, em nenhuma das imagens que viu, percebeu Sandra sendo agredida pelos entregadores. 

“Até aonde eu vi não teve agressão. As imagens de domingo eu conheço as que todo mundo conhece. Mas eu vi que teve um bate-boca, dias antes, com um dos entregadores. Ela discutiu com ele porque ele passou com a bicicleta perto dela e ela não gostou e bateu boca. Não teve agressão desse dia. Na segunda-feira, teve um protesto de entregadores lá na frente do prédio, mas tudo ficou resolvido”, contou ele. 

Homero ainda disse que ela já teve outros problemas no condomínio. “Teve sim, mas nunca foi multada. Já tiveram outros relatos de problemas de vizinhos do condomínio com ela. O porteiro que saiu não foi por causa dela, nada a ver, ele pediu demissão para voltar para o Ceará, de onde ele é. O condomínio notificou a administradora que administra o apartamento e pede providências no sentido de retirar ela de lá”, afirmou. Ela foi procurada, mas ainda não se pronunciou sobre a situação. 

O caso 

Uma ex-atleta de vôlei e moradora de São Conrado, na Zona Sul do Rio, está sendo acusada de injúria por preconceito e lesão corporal após agredir e insultar entregadores. Vídeos mostram as vítimas sendo atacadas verbal e fisicamente por Sandra Mathias, que chegou a usar a guia do cachorro para dar uma espécie de chicotada nas costas de um dos entregadores, que é negro.

Uma das vítimas, Max Angelo, é morador da Rocinha, também na Zona Sul carioca, e trabalha como entregador informal há um ano e meio, após perder o emprego formal. Após o incidente, ele prestou depoimento e passou por exames no Instituto Médico-Legal (IML).

Max Angelo disse que quer justiça e afirma que, de domingo a domingo, trabalha para ajudar a sustentar seus três filhos e sua esposa e ele jamais imaginou que passaria por uma situação dessas. 

“É triste saber que ainda existem pessoas assim. No domingo, estávamos sentados (Max e outros entregadores) como sempre fazemos aqui, esperando a entrega, e aí ela se aproximou com o cachorro. Quando chegou na nossa frente, ela olhou pra mim com cara de nojo e cuspiu no chão. Logo depois, ela seguiu o caminho dela. Quando voltou, minutos depois, a menina daqui perguntou porque ela tinha raiva da gente. Aí começaram as alterações, as agressões verbais e a agressão física. Ela chamou a gente de marginal, de preto, falou que eu tinha que voltar pra favela, que eu não tenho que estar aqui em São Conrado, que ela paga IPTU. Me mandou ainda tomar em tudo quanto é lugar. É triste! Só quero justiça, quero que ela pague pelo que ela fez", disse Max.

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