Polícia

O modus operandi de agiotas atuantes em SG e Niterói

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|  Foto: Foto: Lucas Benevides
Agiotas aumentavam o valor e ameaçavam as vítimas. Foto: Lucas Benevides

“É a sua última oportunidade. Eu vou matar o seu filho”. Esse é o trecho de uma das ameaças feitas por uma quadrilha especializada em agiotagem e extorsão - alvo de uma megaoperação da Polícia Civil nesta quinta-feira (16) no Rio de Janeiro e outros quatro estados. Com atuação em São Gonçalo, Niterói e mais de 70 escritórios espalhados pelo país, o grupo criminoso, segundo a polícia, extorquiu mais de R$ 70 milhões de diversas vítimas nos últimos quatro anos. Durante a Operação Ábaco, como foi denominada a ação, 35 pessoas foram presas nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Espírito Santo e Santa Catarina.

De acordo com os investigadores da Delegacia do Centro de Niterói (76ª DP) - responsável por toda a investigação da quadrilha - o grupo criminoso era conhecido pela agiotagem clássica caracterizada pelos empréstimos a juros abusivos, na maioria das vezes, superiores a 30% por mês. Além disso, a quadrilha também fazia vítimas cobrando dívidas antigas, que foram contraídas com agiotas que integravam o esquema, mas que já tinham sido quitadas.

Não satisfeitos com as duas formas de extorsão, os agiotas passaram a criar “falsos empréstimos”, os quais eles cobravam pessoas que não haviam contratado nenhum serviço oferecido por eles. Em muitas das vezes, as cobranças eram feitas por telefone e os integrantes da quadrilha ameaçavam as vítimas e familiares, como forma de obter os valores requeridos. Uma das vítimas revelou, durante a investigação, que chegou a pedir dinheiro emprestado para conseguir pagar o valor pedido pela quadrilha.

“Olha só, irmão, eu vou te dar até segunda-feira pra tu arrumar o meu dinheiro. É a última oportunidade. Você vai ter sábado e domingo, se chegar segunda-feira e você falar que não tá com meu dinheiro eu já vou achar que você tá me tirando como babaca”, disse um criminoso para uma das vítimas durante uma ligação.

Uma das táticas descobertas pela polícia durante a investigação foi a substituição frequente de aparelhos celulares por parte dos integrantes da quadrilha, como forma de confundir os investigadores. Além disso, eles chegaram a terceirizar as cobranças com o objetivo de se desvencilhar de operações policiais e possíveis prisões.

De acordo com o delegado Luiz Henrique Marques, titular da Delegacia do Centro de Niterói, os criminosos aumentavam as parcelas do empréstimo sem aviso prévio e ameaçavam tanto as vítimas como os seus familiares. Os líderes do grupo mantinham vida de luxo sem ter qualquer vínculo empregatício ou comprovação de renda.

“Durante as investigações, detectamos que eles aumentavam as parcelas sem qualquer aviso e iam sufocando as pessoas com ameaças e ligações agressivas. Diversos foram os relatos de pessoas que buscavam empréstimo sem ter dinheiro para evitar as ‘tragédias’. Tiveram casos de ameaças a filhos e outros integrantes das famílias das vítimas”, disse o delegado.

Segundo os investigadores da distrital, é difícil mensurar o número de vítimas na região de São Gonçalo e Niterói pelo fato de que algumas pessoas acabam não fazendo o registro de ocorrência. Além disso, os agiotas não atuavam somente com ligações e mensagens, mas também presencialmente.

Em janeiro deste ano, a distrital prendeu o líder da organização criminosa, conhecido como Macarrão, no município de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Durante as investigações, iniciadas no ano passado, a Delegacia do Centro prendeu outros nove criminosos em diferentes pontos do Estado. Três deles possuíam mais de 15 anotações criminais.

Os suspeitos vão responder por extorsão, organização criminosa, lavagem de dinheiro e crime contra a economia popular.

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