Foragido

Pai é acusado de estuprar filha durante seis anos na Baixada

Suspeito tem mandado prisão expedido pela Justiça desde março

Segundo a vítima, o homem usava armas durante os abusos para amaeaçá-la
Segundo a vítima, o homem usava armas durante os abusos para amaeaçá-la |  Foto: Reprodução

Uma jovem de 18 anos resolveu denunciar para a Polícia Civil todos os abusos que sofreu do pai na época em que tinha dos 10 aos 16 anos. O caso aconteceu na Baixada Fluminense mas, apesar da ocorrência ter sido registrada em dezembro de 2022 e um mandado de prisão expedido pela Justiça contra o acusado, em março deste ano, ele segue livre e circulando normalmente pelo bairro onde mora e ameaçando a vítima com uso de uma arma, segundo a jovem. 

O primeiro abuso aconteceu em 2015, segundo relata a vítima que preferiu não ser identificada por medo. Os exames no Instituto Médico Legal (IML) confirmaram os abusos.

“Os abusos começaram na casa da minha avó, onde todos morávamos. Ele começou a passar a mão em mim no momento em que não tinha ninguém em casa, só eu e meu irmão menor, que era bebê. Ele falava coisas obscenas, eu já sabia que era errado, achei a conversa estranha e saí para desviar do assunto. Ele logo começou a gritar indagando se eu estava fugindo. Eu peguei meu irmão, disse que estava cuidando dele porque ele estava acordando e fui para a rua”, contou a jovem.

Jovem deixou de estudar porque acusado passou a rondar a escola
Jovem deixou de estudar porque acusado passou a rondar a escola |  Foto: Lucas Alvarenga

Ela só voltou para a casa nesse dia quando a mãe informou que estava retornando para a residência.

“Quando eu fui tomar banho, nesse dia, ele começou a abusar de mim, com conjunção carnal. Ele me ameaçava, dizia que ia bater na minha avó, matar minha mãe e fiquei em choque. Achei que os abusos iam acabar ali, mas não acabaram, só pioraram. Ele falava que os amigos dele faziam isso com as filhas e era normal, pra mim não era. Nenhuma amiga minha passava por isso. Ele começou a bater em mim e nos meus irmãos. Acho que para mostrar que ele realmente faria as ameaças que dizia”, explicou. 

A jovem relatou ainda que sentia dores, e foi o pai dela quem tirou a virgindade dela.

“Eu estava chorando após o crime na primeira vez. Quando minha avó e minha mãe perguntaram o que tinha acontecido, eu ficava com medo e falava que havia escorregado. Ele já me ameaçou com armas, com faca. Teve um dia que ele surtou e fez aquele negócio de roleta-russa com a arma comigo. Não sei como aguentei esse tempo todo passando por isso. Ele vivia falando que cadeia não era perpétua e, que se eu denunciasse ele, ia sair e vir atrás de mim”, contou. 

Uso de armas 

O acusado passava armas nas partes íntimas da jovem durante os abusos e ameaças, batia e a colocava em banhos de sal grosso para marcar a pele. 

Os crimes só acabaram depois que o pai e a mãe da jovem se separaram, e os filhos do acusado resolveram tirá-lo de casa. 

A falta da justiça é o que mais me dói sabe? Porque eu denunciei em dezembro e se ele descobrisse e visse atrás de mim? Eu me sinto culpada, se eu tivesse falado no mesmo dia da primeira vez? Minha intenção denunciando é ajudar outras pessoas, outras mulheres a fazerem isso. Na virada de ano de 2020 para 2021, ele me pediu desculpas por mensagem. Antes, ele me xingou de nomes horríveis por mensagem”, afirmou. 

A jovem também não concluiu o ensino médio. Há dois anos que ela não vai à escola por causa do pai. Ela vê o acusado e fica paralisada de medo e ele a persegue. Quando ela estava na escola, ele ia atrás dela, ficava rondando a escola. A situação faz com que ela nem quisesse sair de casa. 

Apoio dos irmãos 

Ao todo, o acusado tem 10 filhos, mas ele abusou apenas dela, pois era a única menina que morava com ele. Os irmãos da vítima presenciaram o crime e já depuseram a favor da irmã.

“Eu tenho medo, atrapalha na minha relação com meu namorado. Enquanto ele estiver solto, Deus sabe o que lá o que ele está fazendo, contou a vítima que mora com o namorado atualmente. 

Minha vida só vai andar quando ele for preso. Por enquanto, nem sair de casa eu consigo Vítima,

“Eu sou pai e trato ela hoje como minha filha. Só penso em ajudá-la. Hoje, procuramos um psicólogo e psiquiatra gratuito para ouvi-lá. Quero que ela volte aos estudos, saia de casa, consiga trabalhar e que ele seja preso imediatamente. Eu lutei muito e conseguimos, com os exames e tudo, o mandado de prisão contra ele, mas segue em aberto. A gente não sabe o que ele está fazendo aí com outras crianças”, afirmou o advogado da vítima, Marcelo Bianchi,

Antecedentes 

Os abusos começaram, segundo a vítima, depois que o pai dela voltou da cadeia. Ele foi preso após ser acusado de um homicídio de um filho, de pouco mais de 1 ano. 

“A criança nasceu com deficiência após problemas no parto. Depois de um ano, a criança caiu de menos de meio metro e morreu, segundo o que ele contou. A criança estava, no entanto, com marcas roxas pelo corpo. Ele fugiu e ameaçou minha mãe, não prestou socorro. As testemunhas acusaram ele e minha mãe, mas minha mãe não fez nada de errado com a criança. Era ele que batia no bebê. Ele ameaçou minha mãe e, por isso, ela não falou nada e foi presa também”, afirmou a jovem. 

O caso dos estupros foi denunciado na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), mas seguiu para a 55ª DP (Queimados), onde está até o momento. A Polícia Civil limitou-se a dizer que "diligências estão em andamento para localizar o acusado".

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