Operação Taurus

Polícia dá fim a reinado de família golpista que atuava em SG

Grupo criminoso tinha como alvo principalmente idosos

A organização criminosa era dividida por hierarquias, segundo a polícia
A organização criminosa era dividida por hierarquias, segundo a polícia |  Foto: Lucas Alvarenga
 

Uma família envolvida no golpe do empréstimo foi desmantelada pela polícia, nesta terça-feira (6), e está entre os 11 presos até o momento na Operação Taurus. Um dos presos foi autuado em flagrante por tráfico de drogas.

Todos são acusados de participar de uma organização criminosa que fazia empréstimos fraudulentos em nome de idosos, sem que eles soubessem.   

Segundo a Polícia Civil, pelo menos 100 pessoas foram vítimas dos criminosos, que movimentaram mais de R$ 6 milhões.

A ação de hoje começou por volta das 6h e conta com cerca de cem policiais civis da 38ª DP (Brás de Pina) e outras delegacias como o Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC) e do Departamento-Geral de Polícia do Interior (DGPI), além de policiais militares. 

Ao todo, o objetivo é cumprir 16 mandados de prisão preventiva e 28 de busca e apreensão.

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Como agiam

O delegado Fábio Asty, da 38ª DP (Brás de Pina), disse que os criminosos entravam em contato com as vítimas por telefone. 

“Pessoas de terceira idade, muitas vezes com pouca ou nenhuma instrução, eram contatadas via telefone por agenciadores da organização criminosa sob a alegação de que teriam valores residuais a receber do INSS em razão de empréstimos contra eles com juros abusivos", disse.

Conforme o delegado, após comparecerem ao escritório da empresa situado em um luxuoso centro empresarial de Alcântara, em São Gonçalo, os idosos eram enganados, vindo a fornecer seus dados pessoais e bancários aos estelionatários para eles abrirem contas bancárias digitais.

"A partir daí, empréstimos eram contraídos em nome dos idosos, sem que eles soubessem. Os idosos descobriam a fraude meses depois, na medida em que os descontos começavam a incidir sobre os contracheques”, contou ele. 

Asty também confirmou que o chefe da organização criminosa tinha acesso a bancos de dados de forma clandestina com os nomes das possíveis vítimas e a partir daí as consultoras iam atrás. 

Fachada

A empresa, que tinha até CNPJ, era legalizada e identificada como um local de gestão financeira de empréstimos. A polícia afirma que o líder do grupo é Marlon Vinícius Ribeiro Corrêa. 

A mãe dele, Rita de Cássia Rodrigues Ribeiro, era sócia. Outras irmãs de Marlon também estava envolvidas na organização, assim como uma prima. 

Marcos continua foragido, mas o delegado Fábio Asty acredita que deve prendê-lo em Niterói até o fim do dia. A mãe dele e as irmãs envolvidas já foram presas e encaminhadas para a Polinter. 

Mulheres são maioria na lista de presos. O caso vem sendo investigado há seis meses, quando as vítimas começaram a denunciar a empresa na 74ª DP (Alcântara), onde, na época, Asty era delegado. Ele seguiu com a investigação mesmo depois de ter sido transferido para a 38ª DP (Brás de Pina). 

“Essas mulheres eram captadoras dos idosos, dessas vítimas. Elas ganhavam a confiança, muitas vezes por serem mulheres, e cativavam essas pessoas que tinham pouquíssima instrução. Geralmente pensionistas do INSS com margem de consignado e, a partir dessa confiança, conseguiam trazer as vítimas para instituição e praticar o golpe. Todas elas tinham consciência de que a empresa foi iniciada para conseguir margem de consignados de aposentados e as funções eram bem divididas na organização e sabiam do crime”, afirmou o delegado.

A empresa Taurus funcionou, pelo menos, durante um ano, fazendo vítimas tanto em Niterói quanto em São Gonçalo e também no município do Rio. 

“Eles tinham metas a bater. Pelo menos, R$ 500 mil eles conseguiam por mês. O chefe da organização segue foragido, mas até o final do dia vamos prendê-lo. A empresa Taurus é legalizada, tem registro no Banco Central, mas usava subterfúgios para atrair essas vítimas. Os empréstimos beneficiavam a empresa. As vítimas assinavam contratos sem ter nenhum tipo de instrução, confiavam nesses captadores e infelizmente caiam no golpe. Os valores do empréstimos que geravam R$ 30 mil a 40 mil iam diretamente para a empresa Taurus e nos meses subsequentes descontavam os benefícios das vítimas”, disse Asty. 

O delegado ainda aconselhou as pessoas para que sempre desconfiem.

“A Polícia Civil indica que essas pessoas precisam conhecer melhor essas empresas, saber se elas tem um tempo no mercado, comparecer com pessoas mais idôneas, pois, muitas vezes, são idosos com nenhuma instrução, para colher mais elementos para saber se é uma empresa séria e não cair nesses golpes do falso consignado”, disse. 

Bloqueio de contas

As contas ligadas à empresa Taurus foram bloqueadas para que o dinheiro seja restituído para as vítimas, pelo menos em parte. Ao todo, 32 pessoas denunciaram o golpe na delegacia.  

Anteriormente, a empresa já havia sido investigada e mandados de busca e apreensão haviam sido cumpridos em um escritório da empresa no Alcântara, em São Gonçalo. A empresa continuou agindo mesmo após isso.

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