Relato

'Quero justiça', diz entregador agredido por mulher no Rio

A acusada ainda deve ser ouvida na 15ª DP (Gávea)

O entregador chegou a ser agredido com a guia do cachorro da acusada
O entregador chegou a ser agredido com a guia do cachorro da acusada |  Foto: Reprodução
 

Um dos entregadores que foi agredido por uma ex-atleta de vôlei em São Conrado, na Zona Sul do Rio, no domingo (9), desabafou sobre o que sentiu com a situação. Max Angelo disse que quer justiça e afirma que, de domingo a domingo, trabalha para ajudar a sustentar seus três filhos e sua esposa e ele jamais imaginou que passaria por uma situação dessas. A acusada Sandra Mathias deve prestar depoimento na 15ª DP (Gávea) ainda nesta terça-feira (11).

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"É triste saber que ainda existem pessoas assim. No domingo, estávamos sentados (Max e outros entregadores) como sempre fazemos aqui, esperando a entrega, e aí ela se aproximou com o cachorro. Quando chegou na nossa frente, ela olhou pra mim com cara de nojo e cuspiu no chão. Logo depois, ela seguiu o caminho dela. Quando voltou, minutos depois, a menina daqui perguntou porque ela tinha raiva da gente. Aí começaram as alterações, as agressões verbais e a agressão física. Ela chamou a gente de marginal, de preto, falou que eu tinha que voltar pra favela, que eu não tenho que estar aqui em São Conrado, que ela paga IPTU. Me mandou ainda tomar em tudo quanto é lugar. É triste! Só quero justiça, quero que ela pague pelo que ela fez", disse Max. 

Max tem três filhos que moram no interior do Estado com a sua esposa. Atualmente, o entregador mora na Rocinha e passa todos os dias trabalhando para conseguir pagar as contas e levar o sustento para casa.  

"A gente está aqui trabalhando de domingo a domingo porque precisamos, não é porque a gente gosta de estar aqui. Se eu pudesse estaria dentro de casa curtindo meus filhos, minha esposa. Meus filhos não ficam muito comigo e não dou atenção para minha esposa porque estou correndo atrás do dinheiro para pagar meu aluguel, minhas contas Estou correndo atrás do meu pão de cada dia, para colocar a comida na mesa. Mês que vem é aniversário de um dos meus filhos, queria poder fazer pelo menos um bolinho e nem sei se vou conseguir. Saio de manhã e só volto de noite e ter que passar por isso é revoltante", contou ele. 

Sandra é criticada ainda por outros moradores do local. "Ela é considerada no bairro uma pessoa descontrolada, eu trabalho aqui perto, ela já abandonou um animal na clínica veterinária como se a galera da clínica tivesse a obrigação de cuidar. Ela é racista também. Nenhum homem, principalmente esse negro, deve apanhar de coleira. Eles merecem respeito. São profissionais que trazem nossa comida, sem eles não temos comida", afirmou uma testemunha que preferiu não se identificar. 

O caso

Uma ex-atleta de vôlei e moradora de São Conrado, na Zona Sul do Rio, está sendo acusada de injúria por preconceito e lesão corporal após agredir e insultar entregadores no domingo (9). Vídeos mostram as vítimas sendo atacadas verbal e fisicamente por Sandra Mathias, que chegou a usar a guia do cachorro para dar uma espécie de chicotada nas costas de um dos entregadores, que é negro.

Uma das vítimas, Max Angelo, é morador da Rocinha, também na Zona Sul carioca, e trabalha informalmente há um ano e meio, após perder o emprego formal. Após o incidente, ele prestou depoimento e passou por exames no Instituto Médico-Legal (IML).

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