Política

Datena é a aposta do PSL para quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro

Apresentador avaliar disputa à Presidencia da República em 2022. Foto: Divulgação

A eleição à Presidencia da República promete em 2022 ser ainda mais polarizada que a de 2018, quando o presidente Jair Bolsonaro foi eleito. Na disputa para o próximo ano, a expectativa agora são os nomes em alternativa aos de Bolsonaro (sem partido) e do ex-presidente Lula, cenário que vem se desenhando desde a decisão do Supremo Tribunal Federal que anulou as sentenças envolvendo os processos contra o petista.

Ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro, o apresentador de TV, José Luiz Datena, surge como alternativa do Partido Social Liberal (PSL), legenda escolhida pelo próprio Bolsonaro em 2018. Nas últimas eleições, o apresentador chegou a ensaiar a disputa por uma cadeira no Senado Federal pelo DEM, mas desistiu da empreitada.

A decisão ao cargo máximo do Executivo ganhou força a partir da confirmação do próprio Datena à coluna da jornalista Mônica Bérgamo, ao afirmar que está com 'um pé, quase dois no PSL', devendo se candidatar a algum cargo majoritário em 2022.

O apresentador da Band TV também deixa claro que a tentativa será apenas em caso de 'chances reais', mas o partido também avalia lançá-lo ao Governo do Estado de São Paulo ou senador.

O diretório nacional do PSL confirma a entrada do apresentador no partido, a partir de uma conversa durante um jantar, em São Paulo, na última segunda-feira (28), que contou com as presenças do presidente do partido, Luciano Bivar, e do vice, Antônio de Rueda, para acertar os detalhes. O encontro também contou com a participação do presidente nacional do MDB e deputado federal, Baleia Rossi, partido ao qual Datena era filiado.

Procurada para detalhar os caminhos de sua escolha na legenda, a produção do apresentador ainda não se posicionou.

Da TV à Política

Para o professor associado do departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, Marcus Ianoni, a candidatura do apresentador não é novidade e vem de outros movimentos, como Silvio Santos (1989) e Luciano Huck, que recentemente desistiu da disputa para a presidência. Ianoni acredita que será difícil essa 'terceira via' se concretizar mesmo com o nome do apresentador.

O também apresentador Silvio Santos, do SBT, avaliou concorrer às eleições de 1989, vencida por Fernando Collor. Foto: rede social

"Acho muito difícil, na atual conjuntura, surgir um nome para ocupar essa terceira via. Apenas se Bolsonaro ou Lula caírem em desgraça e perderem apoio em função de algum fato novo. Datena está sendo sondado pelo PSL para ser candidato a um cargo majoritário ainda não definido, senador, governador ou presidente. Dado o personalismo em nosso sistema político, profissionais da televisão que possuam visibilidade são cotados para lançarem suas candidaturas, como já aconteceu com Silvio Santos, que foi candidato a presidente e, recentemente, Luciano Huck, que aparentemente desistiu de concorrer. Busca-se um nome alternativo, uma terceira via, para modificar a atual estrutura da disputa em 2022, que está na oposição entre Lula e Bolsonaro"

Huck também avaliou disputar o pleito em 2022, mas desistiu. Foto: Divulgação

Marcus aponta ainda que vários partidos e lideranças de direita, centro-direita e centro estão engajados nesse chamada 'terceira via', entre eles o PDT de Ciro Gomes, que ficou em terceiro na disputa em 2018. O nome do pedetista, inclusive, deve figurar novamente para o ano que vem.

"Alguns partidos se dispõem a fazer um acordo no sentido de se coligarem com o partido cujo candidato a presidente estiver mais bem cotado nas disputas eleitorais. O Datena já disse que, uma vez candidato, só será oposição a Lula e Bolsonaro se concorrer para a presidência. Se concorrer para o senado ou para o governo de São Paulo, terá um discurso mais conciliador", analisa.

O cientista político comenta ainda sobre o fato de o presidente estar passando por maus momentos durante a CPI da pandemia, que investiga a conduta do Governo Federal no andamento dos trabalhos ao combate à doença e que uma terceira via só seria possível em caso de uma interrupção do mandato do atual presidente.

"Quem mais tem chance de esvaziamento perante a opinião pública é o Bolsonaro. Seu nome tem perdido apoio, a rejeição ao seu nome tem aumentado. A CPI da pandemia está desgastando ainda mais a sua imagem, que já vinha sendo desgastada pela gestão na saúde pública. A chance do Datena ou de qualquer outro nome da terceira via depende, sobretudo, da avaliação ruim de Bolsonaro continuar aumentando ou do impeachment", conclui.

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