Política

Presidente do Iphan em risco após declaração de Bolsonaro

Imagem ilustrativa da imagem Presidente do Iphan em risco após declaração de Bolsonaro
Presidente da República virou alvo de denúncia após declaração sobre o Iphan. Foto: reprodução de vídeo

O Ministério Público Federal (MPF) pede à Justiça o imediato afastamento, em caráter liminar, da atual presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Larissa Rodrigues Peixoto Dutra, até o julgamento de mérito. O pedido resulta a partir de uma declaração do presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta quarta-feira (17), em evento realizado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

No evento, gravado em vídeo, o presidente Jair Bolsonaro afirma que a indicação para o Iphan teve como finalidade 'não dar dor de cabeça para o governo'.

Também, há pouco tempo, tomei conhecimento que, uma obra, uma pessoa conhecida, o Luciano Hang, estava fazendo mais umaloja e apareceu um pedaço de azulejo durante as escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta: ‘que trem é esse?’, porque eu não sou tão inteligente como meus ministros. ‘O que é Iphan?’, com PH. Explicaram para mim, tomei conhecimento, ripei todo mundo do Iphan. Botei outro cara lá. O Iphan não dá mais dor de cabeça pra gente [risos]”

Prova documental

Segundo o MPF, com o surgimento o video prova que não há dúvida sobre o desvio de finalidade na nomeação e posse da atual presidente do Iphan.

Em sua justificativa o MPF afirma que no caso em julgamento, sequer buscaram os agentes do ato ocultar a verdadeira motivação na nomeação e posse da ré Larissa Rodrigues Peixoto Dutra, qual seja, a de 'não dar mais dor de cabeça' para o Presidente da República e seu círculo de ‘pessoas conhecidas’.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional é uma das mais antigas instituições federais brasileiras, e tem por função precípua 'promover, em todo o país e de modo permanente, o tombamento, a conservação, o enriquecimento e o conhecimento do patrimônio histórico e artístico nacional', previsto na Lei Federal no 378/1937.

Indicações

Em junho do ano passado, a Justiça concedeu liminar para suspender a nomeação de presidente do Iphan, após o MPF se posicionar, em ação popular, pela nulidade do ato administrativo por desvio de finalidade e falta de capacitação técnica. Além disso, o MPF apurou que o marido de Larissa, Gerson Dutra, teria integrado a equipe de segurança particular do Presidente da República durante a campanha eleitoral, o que, segundo o MPF, indicaria possível desvio de finalidade na nomeação de pessoa não qualificada para a função pública. 

O Ministério Público pontua ainda que Larissa não atende os requisitos estabelecidos nos Decretos Federais 9.238/2017 e 9.727/2019, que exigem dos nomeados 'perfil profissional ou formação acadêmica compatível com o cargo', e também experiência profissional mínima de cinco anos em atividades correlatas e título de mestre ou doutor na área de atuação.

Larissa Rodrigues Peixoto Dutra é graduada em Turismo e Hotelaria pelo Centro Universitário do Triângulo, e cursa atualmente pós-graduação lato sensu em MBA executivo em gestão estratégica de marketing, planejamento e inteligência competitiva, na Faculdade Unileya. Para o MPF, ela não possui formação acadêmica compatível com o exercício da função, uma vez que não obteve graduação em história, arqueologia, museologia, antropologia, artes ou outra área relacionada ao tombamento, conservação, enriquecimento e conhecimento do patrimônio histórico e artístico nacional.

No entanto, contra a decisão liminar, os réus conseguiram a liberação para exercer os cargos por decisão da 8ª Turma Especializada do TRF2, em acórdão de 20 de outubro.

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