Política

Ricardo Salles não é mais ministro do Meio Ambiente

Publicado às 18h43 / Atualizado às 21h

Exoneração acontece em meio a investigação da Polícia Federal, que apura crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando, praticados por agentes públicos e empresários ligados ao meio ambiente. Foto: EBC

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu demissão do cargo nesta quarta-feira (23). A exoneração, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

No lugar de Salles, o presidente nomeou Joaquim Álvaro Pereira Leite, que até então ocupava o cargo de secretário da Amazônia e Serviços Ambientais do ministério.

Ricardo Salles, que ocupava o cargo desde o início do mandato de Bolsonaro, em 2019, é investigado em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).

Polícia Federal

No mês passado, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, Salles foi alvo de mandados de busca e apreensão e teve seus sigilos bancário e fiscal quebrados, em operação deflagrada pela Polícia Federal (PF). O órgão apura crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando, praticados por agentes públicos e empresários.

A suspeita é da existência de um esquema internacional de exportação ilegal de madeira. Além do agora ex-ministro, outras 17 pessoas são investigadas. Na época, o STF também determinou o afastamento de Eduardo Bim do cargo de presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Após a publicação de sua exoneração, Ricardo Salles fez um pronunciamento, no Palácio do Planalto, para justificar os motivos de sua saída. Segundo ele, está ocorrendo no país um processo de 'criminalização' de opiniões divergentes sobre a questão ambiental e, por isso, ele estava abrindo espaço para maior diálogo.

"Eu entendo que o Brasil, ao longo desse ano e no ano que vem, na inserção internacional e também na agenda nacional, precisa ter uma união muito forte de interesses, de anseios e de esforços. E para que isso se faça da maneira mais serena possível, eu apresentei ao senhor presidente o meu pedido de exoneração, que foi atendido e eu serei substituído pelo secretário Joaquim Álvaro Pereira Leite, que também tem muita experiência e conhece todos esses assuntos"

Salles também fez um balanço de seus dois anos e meio de gestão, destacando que buscou cumprir a orientação do presidente em equilibrar o desenvolvimento econômico com o meio ambiente, com respeito ao setor privado, ao agronegócio e aos empresários.

Entre as medidas citadas pelo ex-ministro, estão a aprovação do Marco Legal do Saneamento Básico, o programa Lixão Zero, o programa de concessões de parques nacionais e a abertura de concurso para o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Ele também mencionou o programa Adote um Parque, que prevê a obtenção de recursos de empresas para a preservação de florestas.

Repercusão

A saída de Ricardo Salles surpreendeu vereadores de Niterói nesta quarta-feira (23). Foto: Arquivo

Parlamentares de Niterói dividem opiniões sobre a baixa do agora ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que pediu demissão do governo Bolsonaro nesta quarta-feira (23).

Para Douglas Gomes (PTC), parlamentar bolsonarista, a decisão significa 'uma perda imensurável'.

"Salles vinha fazendo um trabalho sensacional, combatendo ONGs que usufruíam de privilégios espúrios dos governos passados e empresários que trabalhavam contra o Brasil", contou.

"Desejo sucesso ao novo ministro Joaquim Alvaro Pereira Leite que assume a pasta no lugar do ministro Salles", continuou Douglas.

Em lados opostos, o vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL) celebrou o anúncio da dança de cadeiras e disse ainda ser tardia.

"Apesar de acontecer tão tardiamente, recebemos essa notícia com alegria. Falta cair o chefe dele", declarou.

Da mesma bancada parlamentar, o professor Túlio ataca ao dizer que enquanto ministro Ricardo instaurou uma 'politica ambiental criminosa' no país

"O Ricardo Salles representa o que tem de pior na política brasileira. Como ministro, implementou uma política ambiental criminosa e desastrosa, permitindo o desmatamento e a destruição dos nossos biomas ao colocar o lucro do agronegócio acima de tudo. A demissão chega tarde e infelizmente não podemos esperar que venha nada de bom com a substituição no ministério do Meio Ambiente, mas é no mínimo estranho que aconteça exatamente no momento em que são revelados fortes indícios de corrupção envolvendo o governo Bolsonaro na compra de vacinas com valor 1000% mais alto", disse.

Engajado em políticas ambientais na cidade de Niterói, o vereador Daniel Marques (DEM) confessa ser 'um alívio'.

“A exoneração do Ministro Ricardo Salles é um suspiro para os ambientalistas e todos que se preocupam com o futuro do Brasil", finalizou.

Colaborou Ezequiel Manhães

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