Política

Quem merece governar a Cidade Maravilhosa?

Candidatos disputam a preferência do eleitor pela prefeitura carioca. Fotos: Karina Cruz/ Divulgação

As eleições municipais chegaram à reta final e os candidatos à prefeitura carioca estão agora nas mãos dos eleitores do Rio na tentativa de conquistar o poder de administrar a Cidade Maravilhosa pelos próximos quatro anos, a partir do dia 1º de janeiro de 2021. Para te ajudar nessa decisão, o Plantão Enfoco apresenta o perfil dos candidatos que pontuaram nas pesquisas eleitorais durante o período de campanha eleitoral.

Benedita da Silva (PT)

Benedita durante caminhada pelo Complexo do Alemão. Foto: Wagner da Silva / Divulgação

Candidata pelo PT, Benedita Sousa da Silva Sampaio nasceu na antiga favela da Praia do Pinto e morou 57 anos no morro do Chapéu Mangueira. Formada em auxiliar de Enfermagem e Serviço Social, foi a primeira mulher negra a ocupar cargo de vereadora na cidade. Esteve na assembleia constituinte em 1988, foi senadora da república e governadora do Estado do Rio.

A candidata petista garante disposição para governar, mesmo aos 78 anos de idade, e que a sigla continua sendo um partido forte e engajado na luta pelos mais necessitados.

A prefeitável diz ainda que, se eleita, vai manter o foco na saúde, educação e no direito dos excluídos, além de recriar a Secretaria de Políticas para as Mulheres para fazer do Rio um exemplo de aplicação da Lei Maria da Penha e no acolhimento às companheiras vítimas de violência doméstica, com prioridade no atendimento às mulheres negras.

"O PT continua sendo um partido comprometido em combater a pobreza e a desigualdade social. Mantemos nosso foco na saúde, na educação e no direito dos excluídos"

Benedita da Silva

Clarissa Garotinho (PROS)

Clarissa Garotinho diz que o sobrenome associado ao pai, Anthony, não atrapalha. Foto: Divulgação

A atual legislatura à Prefeitura do Rio de Janeiro tem o maior número de mulheres postulando à vaga de primeira prefeita da cidade. A cidade jamais teve uma mão feminina na condução dos trabalhos à frente do Executivo. Um dos nomes mais conhecidos do público carioca atende como Clarissa Garotinho Barros Assed Matheus de Oliveira ou Clarissa Garotinho.

A candidata pelo PROS, tem 38 anos, é jornalista formada e já foi deputada estadual, federal, vereadora e secretária estadual. Ela diz que o sobrenome associado ao pai, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, ainda é motivo de julgamento por parte do público. A prefeitável garante ser a alternativa nestas eleições por conta das experiências que acumula na vida pública. "Sou mulher, mãe, filha e sei a importância de cuidar das pessoas, da casa, da rua em que moramos".

Clarissa explica que, caso eleita, vai renegociar os juros dos empréstimos, com o objetivo de ter mais capacidade de investir em saúde, educação e transportes, além de melhorar o ambiente de negócios por meio de um programa de desburocratização, trabalhando para garantir a formalização de pequenos negócios e oferecendo crédito para quem quiser investir na cidade.

"Gastaram muito dinheiro com as Olimpíadas, mas você anda pelas comunidades e só vê abandono. Precisamos priorizar a população"

Clarissa Garotinho

Cyro Garcia (PSTU)

Para o candidato a sociedade não está dividida em ideologias, mas em classes sociais. Foto: Karina Cruz

Candidato pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Cyro Garcia tem 66 anos e milita na legenda desde 1994. É um dos fundadores do PT e da CUT rompendo logo depois por desentendimentos ideológicos. O candidato tenta ser a resposta do socialismo dentro do espectro político, onde, segundo ele, "todos os candidatos são iguais".

Cyro concedeu entrevista em sua residência, no condomínio onde mora nos arredores do bairro do Maracanã. Por diversas vezes, foi cumprimentado por moradores do prédio que declararam apoio ao candidato. "Só não ganho o voto do síndico. Aquele é bolsonarista ferrenho", conta.

O socialista criticou as políticas dos governos estaduais e municipais e defendeu novas eleições no Estado. "Aqui, no Rio de Janeiro, precisa ter eleições diretas de novo e já. Fora todos esses que estão aí", bradou.

O candidato socialista é ex-bancário, formado em Direito e doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Tentou, sem sucesso, se eleger deputado federal em 2006 e senador na última eleição em 2018. O prefeitável diz que não gosta do termo direita e esquerda, muito difundido por conta da polarização nas últimas eleições. "A sociedade brasileira não está dividida em lados, mas sim em classes sociais, onde existem a classe burguesa, que são os empresários, e o proletariado que somos nós, trabalhadores".

"A população do Rio não precisa passar por outra tragédia com um segundo mandato do Crivella"

Cyro Garcia

Eduardo Bandeira de Mello (REDE)

Candidato pela REDE, Bandeira de Mello diz que usará o modelo de gestão à frente do Flamengo para gerir o Rio. Foto: Karina Cruz

Tijucano e flamenguista, Eduado Carvalho Bandeira de Mello (REDE) é formado em administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e foi presidente do Clube de Regatas Flamengo entre os anos de 2013 a 2018. Com o trabalho no clube, ganhou diversos prêmios de transparência e gestão, sendo destaque no tabloide americano The New York Times.

O candidato, de 67 anos, concorre pela primeira vez ao cargo de prefeito e diz que possui experiência de gestor e que fará o mesmo modelo de administração quando esteve à frente do clube rubro-negro na chefia do executivo municipal.

Para Bandeira, é preciso que pessoas certas estejam nas funções certas para gerir com competência a cidade. O candidato pela REDE garantiu que a notícia sobre de uma possível renúncia de sua candidatura e apoio a delegada Martha Rocha (PDT) 'não passou de uma fake news para minar a minha candidatura que já é pequena' e que quer desburocratizar e acelerar a fila do SISREG 'para que a população não precisa conhecer a Márcia para conseguir uma operação de catarata'.

"O prefeito tem hoje um pacote de bondades que é de uma irresponsabilidade total, o que vai fazer com o que o próximo prefeito herde uma situação ainda pior"

Eduardo Bandeira de Mello

Eduardo Paes (DEM)

À frente nas pesquisas, Eduardo Paes tenta se tornar novamente prefeito da cidade do Rio. Foto: Divulgação

Liderando em todas as pesquisas, o candidato pelo Democratas (DEM), Eduardo Paes, tenta, de novo, ser o mandatário do executivo municipal pela terceira vez. O democrata exerceu a função por dois mandatos seguidos, entre os anos de 2009 a 2017, dando lugar ao atual prefeito, Marcelo Crivella. Aos 50 anos, Paes também disputou o cargo de governador nas últimas eleições em 2018, perdendo no segundo turno para o então governador eleito e afastado Wilson Witzel (PSC).

Para se tornar o 13º prefeito da cidade, O candidato apresenta uma série de medidas aos cariocas pautados no tema anticorrupção, visando adotar boas práticas de governança e transparência, com todos os atos da administração municipal podendo ser acompanhados, inclusive, pela internet.

Os equipamentos culturais também voltarão a ter destaque num eventual governo do democrata. Paes visitou as obras de recuperação do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, e do Museu Histórico, na Gávea, fechado durante a atual gestão. "Não só recuperamos o Museu Histórico da Cidade do Rio, como entregamos dois novos museus aos cariocas, o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio (MAR)", explicou.

"Queremos colocar a capital fluminense na vanguarda do combate às más práticas na gestão pública e vamos criar uma espécie de secretaria de integridade pública para que a gente tenha um controle mais efetivo dos atos da administração e, com isso, evitaremos atos ou desvios de corrupção"

Eduardo Paes

Fred Luz (NOVO)

O candidato do partido NOVO pretende usar a experiência como gestor de futebol à frente da prefeitura do Rio. Foto: Divulgação

Aposta do partido Novo, Fred Luz atuou ao lado do também candidato a prefeito, Eduardo Bandeira de Mello, como diretor-executivo de futebol do Flamengo de 2014 a 2018. Fred conta que o partido, criado em 2015, tenta trazer a ideia de uma nova política em um novo partido, com pessoas diferentes e melhores qualificadas.

Engenheiro por formação, o candidato, de 67 anos, diz que uma de suas propostas é usar a tecnologia a favor do governo e também suas experiências como gestor de grandes empresas dentro da administração pública. "Sou um gestor especializado em métodos quantitativos. Por onde passei, e não trabalhei sozinho, consegui liderar equipes muito qualificadas", conta.

O prefeitável disse ainda que em relação ao setor de educação, muito afetado pela pandemia, que a cidade possui orçamentos para conseguir sair da crise. "A cidade possui orçamento bastante poupudo. É só uma questão de foco em resultados básicos, fazendo o simples, de uma forma muito eficaz".

"Vamos organizar o Rio de Janeiro para que o carioca seja o protagonista da cidade"

Fred Luz

Luiz Lima (PSL)

Alinhado com as ideias bolsonaristas, Luiz Lima diz que vai procurar dialogar com o governo federal para trazer recursos à cidade. Foto: Divulgação

 Candidato pelo Partido Social Liberal (PSL), Luiz Eduardo Carneiro da Silva de Souza Lima, tem 42 anos é carioca e formado em Educação Física. Ex-atleta olímpico de natação, deixou a cadeira de deputado federal para concorrer, pela primeira vez, ao cargo de prefeito. Alinhado à família Bolsonaro, foi indicado, em setembro, ao cargo de pré-candidato à Prefeitura do Rio.

Após deixar as piscinas, foi convidado a assumir a Secretaria Nacional de Esportes de alto rendimento, em 2016, após o processo de impedimento da então presidente Dilma Rousseff, ficando um ano no cargo.

O candidato pelo PSL diz que seu governo terá bons trânsitos com o governo federal e estadual para trazer recursos para a cidade e que pretende dialogar com os líderes das duas esferas na busca por melhorias.

O candidato diz ainda que em um eventual mandato pretende resgatar a cidade e reerguer a economia, diminuindo cargos comissionados e colocando profissionais preparados nas secretarias do município.

"O presidente será um grande parceiro para que a gente consiga reerguer essa cidade, implantando políticas públicas para melhorar a vida da população"

Luiz Lima

Marcelo Crivella (Republicanos)

Crivella durante visita na Defesa Civil, em Vila Isabel. Foto: Divulgação

Atual prefeito da cidade, Marcelo Crivella tem a máquina púbica nas mãos para tentar se manter no posto mais alto do executivo carioca. Aos 63 anos, o bispo veio perdendo fôlego nas pesquisas disputando o segundo lugar nas intenções de voto, com a candidata Martha Rocha.

Na tentativa de agregar mais votos, o candidato do Republicanos colou sua imagem ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas últimas semanas.

Marcelo Crivella nasceu no Rio de Janeiro, é formado em Engenharia Civil pela universidade Santa Úrsula. Foi eleito senador pela cidade, exercendo o mandato de 2003 a 2017 e secretário de pesca e agricultura em 2012, no governo Dilma Roussef.

Na última semana antes das eleições, o atual prefeito prometeu modernizar a Defesa Civil do Município preparando o órgão para proteger os moradores da cidade, focando ainda mais em prevenção.

"Temos diversos projetos em Brasília, nem sempre conseguimos fazer com recursos próprios, e por isso contamos com a parceria do Governo Federal"

Marcelo Crivella

Martha Rocha (PDT)

Candidata conseguiu crescer nas pesquisas no decorrer da campanha eleitoral. Foto: Karina Cruz

Vindo como alternativa e crescendo nas pesquisas, a ex-delegada da polícia civil Martha Rocha Partido, do Democrático Trabalhista (PDT), pretende ser a terceira via para derrotar Eduardo Paes e Marcelo Crivella e ir para o segundo turno. A candidata, de 61 anos, é nascida no Rio e formada em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Tem pós-graduação em Direito Penal e Processo Penal pela Universidade Estácio de Sá.

Entrou para a polícia em 1983 como escrivã e sete anos depois se tornou delegada, ajudando na criação das delegacias especializadas de atendimento à mulher. Em 1993, se tornou a primeira mulher a se tornar chefe da polícia civil no Rio.

Foi eleita, em 2014, para a cadeira na Alerj pelo PSD. Em 2018, conseguiu ser continuar no cargo já pelo PDT, quando assumiu as CPIs do feminicídio e da fiscalização dos gastos do Estado do Rio no combate à Covid-19.

Martha Rocha falou sobre uma possível vinda de Ciro Gomes como seu principal conselheiro, caso assuma a cadeira de prefeita do Rio. Segundo a ex-delegada, não haveria problema e que pretende viabilizar os projetos de educação implementados pela família do político em Sobral, no Ceará. Martha contou ainda que é a única via possível na cidade e que trabalha para ir para o segundo turno contra Eduardo Paes, já que, de acordo com as pesquisas, ela venceria o adversário.

"Ao contrário de outros candidatos, não tenho medo de nada. Não tenho medo de 6h da manhã, não tive bens bloqueados e nem de japonês da federal".

Martha Rocha

Renata Souza (Psol)

Renata Souza pretende contratar 200 equipes de saúde da família. Foto: Divulgação

Pretendendo ser alternativa socialista dentro da corrida à Prefeitura do Rio, Renata Souza tem 38 anos e concorre, pela primeira vez, ao cargo mais alto do executivo carioca. Jornalista e militante dos direitos humanos, foi eleita pelo Psol deputada estadual nas eleições de 2018. Foi a primeira mulher negra a presidir uma comissão de defesa dos direitos humanos e cidadania da Alerj.

A candidata diz que sua escolha para concorrer ao pleito desse ano foi por conta de sua experiência de vida e revela que sua candidatura é a opção real dentre os outros candidatos. "Vivi na pele os problemas dessa cidade e sei como é a vida de quem luta diariamente para sobreviver. A minha vida traduz a verdade das minhas ideias", explica.

A psolista diz ainda que pretende utilizar as escolas do município como equipamento cultural fora do horários das aulas. "Temos o projeto Escolas de Portas Abertas, que vai transformar cada escola municipal em um equipamento cultural fora do horário de aula. Vamos articular as arenas, areninhas, lonas culturais, anfiteatros e teatros municipais com as escolas municipais de cada região", contou.

"A população reconhece no PSOL um partido que não esteve no palanque do Cabral, Crivella, Paes e Witzel. Temos uma visão diferente da política, de como governar e para quem governar"

Renata Souza

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