Política

Senadores se manifestam sobre demissão de Mandetta

O agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta entrou em rota de colisão com o chefe do Executivo depois de divergências sobre medidas de isolamento para conter o avanço do coronavírus. Foto: Divulgação

A demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde repercutiu entre os senadores. Logo após o anúncio da decisão, na tarde desta quinta-feira (16), vários senadores foram ao Twitter lamentar sua saída e criticar a postura do presidente Jair Bolsonaro.

Na rede social, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse que o Brasil recebe com temor a demissão do ministro. Na visão da senadora, ele atuou com coragem ao "não se submeter às loucuras de um presidente que se mostrou tantas vezes irresponsável”. Ela também pediu que o novo ministro, Nelson Teich, trabalhe sem apego ideológico que signifique risco à vida dos brasileiros.

"A nossa torcida é que o novo ministro ancore sua gestão em princípios defendidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela ciência. Também torcemos que os brasileiros e brasileiras não tenham que pagar com a própria vida essa decisão intempestiva tomada pelo presidente — afirmou a senadora em um vídeo divulgado por sua assessoria.

Para o senador Humberto Costa (PT-PE), Mandetta foi demitido por seguir as recomendações da OMS e por pensar diferente de Bolsonaro. Ele ressaltou que vários panelaços foram registrados em diversas cidades do país, em protesto contra a mudança na pasta.

Paulo Rocha (PT-PA) afirmou que a demissão de Mandetta deixa várias dúvidas, mas a principal delas é se o Brasil continuará seguindo diretrizes de saúde pública ou o que os economistas recomendam. Se for necessário, avisa o senador, “acionaremos o STF para impedir que o governo tome medidas irresponsáveis neste momento de crise”.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) disse lamentar que a demissão ocorra sem motivação técnica e em meio à maior crise sanitária da história, mas destacou que Nelson Teich tem currículo compatível com o cargo. Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apontou que recebeu a notícia da saída de Mandetta com preocupação. Para o senador, vaidade e falta de diálogo marcaram mais “esse triste episódio do governo”.

Ângelo Coronel (PSD-BA) disse que Mandetta não aceitou a subserviência e saiu. De acordo com o senador, a lei no governo é bem clara: “cale-se ou será demitido”. O senador Weverton (PDT-MA) também lamentou a saída do ministro e ressaltou que não deveria ser no momento de transição.

Em sua conta, Jean Paulo Prates (PT-RN) disse que o governo está na contramão. Ele acrescentou que “em momentos de crises é a hora de reunir todos no enfrentamento ao coronavírus, não é hora de dividir uma equipe ou uma nação”. "Lamentavelmente, Bolsonaro tem preferido usar a última opção e confundir e dividir a população brasileira, lamentou o senador.

Segundo Major Olimpio (PSL-SP), a saída de Mandetta se explica porque ele preferiu seguir a ciência e a medicina. Olimpio ainda desejou sorte ao novo ministro e ao povo brasileiro. Na mesma linha, Nelsinho Trad (PSD-MS) classificou a demissão de lamentável, mas disse torcer pelo novo ministro e pelo Brasil. Fabiano Contarato (Rede-ES) disse que a demissão foi um “capricho do capitão”, em referência ao presidente Jair Bolsonaro.

Já os senadores Eduardo Braga (MDB-AM) e Veneziano Vital do Rego (PSB-PB) agradeceram o trabalho de Mandetta no Ministério da Saúde.

"Agradecemos toda a sua dedicação em prol do povo brasileiro! A sua competência e responsabilidade sempre serão reconhecidas pelos que têm bom senso", registrou Veneziano.

 Colisão 

O agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta entrou em rota de colisão com o chefe do Executivo depois de divergências sobre medidas de isolamento para conter o avanço do coronavírus. Por várias vezes, Bolsonaro se manifestou contrário às medidas de isolamento, preocupado com as repercussões na economia.

Ele próprio contrariou as medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde, ao saudar centenas de manifestantes na Praça dos Três Poderes, no dia 15 de março, e ao fazer passeios por Brasília, no domingo de março (29) e na quinta-feira (9).

Luiz Henrique Mandetta é médico ortopedista e fez sua carreira política em Campo Grande (MS), onde nasceu, em 1964. Na capital do Mato Grosso do Sul, assumiu a Secretaria de Saúde em 2005, no início da gestão municipal do hoje senador Nelsinho Trad, que também é seu primo. Foi deputado federal entre 2010 e 2018, quando anunciou sua aposentadoria da política. Posteriormente, mudou de ideia e aceitou o convite de Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde.

Mandetta também foi ao Twitter e agradeceu "a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de e planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar”.

"Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no Ministério da Saúde e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país", registrou Mandetta.

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