Cidades

Despejo de esgoto em canal frequentado por banhistas em Maricá

Publicado às 19h28 de quarta-feira (26). Atualizado às 14h10 de sexta-feira (28).

Imagem ilustrativa da imagem Despejo de esgoto em canal frequentado por banhistas em Maricá
|  Foto: Foto : Karina Cruz
Canal é bastante utilizado por banhistas e pescadores. Foto : Karina Cruz

Um flagrante de despejo ilegal de esgoto no canal de Ponta Negra, em Maricá, na manhã desta quarta-feira (26), preocupa moradores e visitantes da região. O vídeo, divulgado na internet, mostra um cano despejando resíduos sanitários dentro da água enquanto banhistas se divertem no mesmo local.

"Ela tem um aspecto sujo. Vejo diversos grupos se divertindo, mas não recomendo"

Lucia Costa, moradora de Ponta Negra

Segundo o biólogo Mário Moscatelli, o risco de banhistas contraírem doenças é grande quando o assunto gira em torno do despejo de resíduos sanitários em locais de banho. Para o Mestre em Ecologia e especialista em Gestão e Ecossistemas Costeiros, a ausência de saneamento básico é um problema recorrente no Brasil.

"O esgoto sem tratamento carrega vírus, bactérias, protozoários e tudo mais que possamos imaginar de ruim. Quem mergulha em águas contaminadas por esgoto, dependendndo do sistema imunológico e da quantidade desses resíduos, pode desenvolver dermatites, conjuntivites, hepatites, diarréias, otites... Problema de saneamento em pleno século XXI é típico de países que ainda não saíram do estágio de colônia de exploração, como é o caso do Brasil"

Mario Moscatelli

Fauna

O constante despejo irregular de resíduos sanitários também afeta a fauna marinha, conforme aponta o biólogo marinho e pós-graduando em Ecologia, Caio de Marco.

"Esgoto é basicamente matéria orgânica. Os ambientes já possuem uma carga dessa matéria, característica deles próprios que entram em decomposição. Para decompor algo, o ambiente gasta oxigênio e libera gás carbônico. Isso de maneira equilibrada é normal em qualquer ecossistema. Mas quando jogamos esgoto na lagoa, há uma elevação da matéria orgânica e, consequentemente, ocorre uma maior decomposição, gastando assim mais oxigênio e enchendo o ambiente de gás carbônico. Como o gasto é maior, sobra pouco oxigênio para os animais que acabam morrendo por não conseguir respirar."

O especialista alerta ainda que a renovação da água na lagoa demora mais que no mar. Mesmo com a existência do canal que liga os dois ambientes, o oceano não deve ser atingido por causa da rápida renovação.

Fiscalização

A Prefeitura de Maricá informou que enviará uma equipe ao local nesta sexta-feira (28) para verificar a denúncia. Em caso de descarte irregular de esgoto, a Secretaria de Urbanismo pede apoio da população e solicita ser informada para tomar as devidas providências.  

Segundo a Prefeitura, os fiscais atuam mediante denúncias que podem ser feitas de duas maneiras: as relativas aos distritos do Centro e Ponta Negra, o contato deve ser feito pelo número (21) 3731-9777 ou pelo e-mail [email protected]. Já para denúncia de obras ilegais nos distritos de Inoã e Itaipuaçu, deverá ser encaminhada mensagem pelo aplicativo WhatsApp para o número (21) 97259-9213 ou, ainda, enviar para o e-mail: [email protected].

Ao receber a denúncia, o Executivo informou que a equipe de fiscalização vai diretamente na fonte do despejo e notifica o proprietário do imóvel. Caso não tome providências, é gerada uma multa de 20 UFIMAS, equivalente a R$ 3.511,20.  

A Prefeitura ressaltou que criou a Companhia de Águas de Maricá (Sanemar) para assumir e solucionar um dos maiores problemas do município, que é o tratamento de esgoto, captação e distribuição de água potável para toda a população.

Obras

De acordo com a Prefeitura, entre as macro obras previstas nesta gestão está o esgotamento sanitário de Ponta Negra e do Jardim Atlântico Leste, em Itaipuaçu, além do tratamento de esgoto em comunidades, que já foram iniciadas em Jaconé e no Spar e chegará a Itaocaia Valley, em Itaipuaçu.

São obras de longo prazo, mas a Prefeitura garantiu que irá estruturar, em conjunto com a Águas do Rio, a ampliação da rede de água e construir estações de tratamento para minimizar a questão do esgoto sanitário, que vem sendo jogado nas lagoas. A medida será uma das prioridades do governo nos próximos três anos, com o intuito de proteger o grande patrimônio da cidade, que é o complexo lagunar de Maricá.

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