Brasil & Mundo

Vacinação de gêmeas 'da elite' em Manaus é criticada na web

Imagem ilustrativa da imagem Vacinação de gêmeas 'da elite' em Manaus é criticada na web
As irmãs foram acusadas de furar fila no primeiro dia de vacinação em Manaus. Foto: Reprodução/ Instragram

Na última quarta-feira (20), uma postagem no Instagram referente à vacinação de duas gêmeas, de uma tradicional família do Amazonas, causou uma repercussão negativa nas redes sociais.

A família é dona de um hospital, com o qual a prefeitura tem contrato para funcionamento de Unidade Básica de Saúde. As irmãs, formadas em medicina no ano de 2019, foram nomeadas, respectivamente, nos dias 18 e 19 de janeiro para cargos na Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) e foram acusadas de furar fila no primeiro dia de vacinação em Manaus.

Segundo internautas, elas teriam sido nomeadas de última hora nas Unidades Básicas de Saúde apenas para receber a vacinação.

Após a polêmica, o prefeito da capital, David Almeida, do partido Avante, fez uma transmissão ao vivo no Facebook e informou que pretende proibir a divulgação de fotos do momento da vacinação.

O prefeito relatou que a prefeitura não havia feito nada ilícito. Foto: Reprodução/ Facebook

"A secretária executiva está nesse momento abrindo uma portaria proibindo a divulgação em rede social dentro das Unidades Básicas de Saúde. Você se vacinou? Guarda pra você", declarou.

Ainda justificando a vacinação das médicas recém contratadas, o prefeito relatou que a prefeitura não havia feito nada ilícito e que a contratação das irmãs foram feitas porque Manaus está precisando de mais médicos para atuar no combate à Covid-19.

"Aquelas duas jovens médicas, que foram vacinadas e postaram na rede social, hoje [20], que inclusive está sendo objeto de muita polêmica, elas estavam de plantão. Elas estavam trabalhando. Elas estavam atendendo as pessoas no consultório. Essa é a verdade", declarou.

O Ministério Público do Amazonas (MPAM) publicou uma nota, ainda na quarta-feira (20), informando que estão investigando casos de vacinação em grupos não prioritários.

"O Ministério Público já está investigando essa situação de vacinação em grupos que não são prioritários, mesmo se tratando de profissionais de saúde. Nós não podemos deixar que grupos prioritários e pessoas com comorbidades que estão à frente de todo esse trabalho com Covid sejam substituídos por outros grupos que têm condições de enfrentar esse trabalho contra a Covid com menos riscos", informou a procuradora de Justiça Silvana Nobre Cabral, coordenadora do grupo de Covid-19 montado pelo MPAM.

Suspensão da campanha de vacinação

Devido as denúncias, o MPAM notificou, nesta quinta (21), que a vacinação a profissionais de saúde está suspensa até que Governo do Estado apresente lista definida de quem será vacinado com prioridade.

"A reunião foi motivada na falta de resposta da SEMSA sobre a recomendação dos órgãos de controle, a continuidade da vacinação sem transparência bem como denúncias de que doses da vacina estavam sendo desviadas para serem aplicadas em pessoas fora do grupo prioritário. Pelo compromisso firmado, a Secretaria Estadual de Saúde apresentará, até as 13h desta quinta-feira (21), a lista dos trabalhadores de saúde que serão vacinados com prioridade, por unidade, que preste assistência a pacientes de Covid-19", declarou o MPAM em nota, após reunião com outros órgãos responsáveis.

Os critérios para a formulação dessas listas serão:
  • O nível de exposição do profissional ao contato direto com os pacientes;
  • Apresentação de comorbidades;
  • Faixa etária, com prioridade para os profissionais idosos.

A necessidade de priorizar mais ainda o grupo de pessoas a serem vacinadas vem da insuficiência da quantidade disponível da vacina o que, pelos cálculos da SEMSA, é suficiente para imunizar apenas 34% dos 56 mil profissionais de saúde das redes pública e privada.

< Oficinas de escrita gratuitas para mulheres em São Gonçalo Eduardo Paes descarta Carnaval em julho <