Política

'Combinação da má gestão com corrupção', dispara Pericar

Fotos: Pedro Conforte

Por Matheus Merlim


Atual vice-prefeito de São Gonçalo e candidato ao posto mais alto na cidade, pelo Partido Social Liberal (PSL), Ricardo Pericar garante ser o único na disputa eleitoral 'que tenha se movimentado em favor da população e contra a corrupção'. Cria do bairro Galo Branco, aos 54 anos, é casado e pai de três filhos. Nestas eleições tem como vice o pastor Artur Belmont, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Construir alianças com os adversários em um possível cenário de segundo turno não está nos planos do prefeitável, que ironiza não estar preocupado em ganhar a eleição.

  • Por que São Gonçalo precisa de Ricardo Pericar como prefeito pelos próximos quatro anos?

Para acabar com essa corrupção que hoje é um desvio de dinheiro muito grande na cidade para ela poder voltar a funcionar em favor do munícipe.

  • O que o senhor considera como principal problema na gestão municipal atual de São Gonçalo?

A combinação da má gestão com a corrupção. Porque eles mantiveram a corrupção dos governos passados, tanto no lixo, na iluminação pública e em vários setores. E promoveram outros focos de corrupção, que são as OSs (Organizações Sociais). Há um desvio de dinheiro nos cemitérios contundente. Hoje para sepultar uma pessoa você leva no mínimo três dias, conhecendo alguém. Sem não conhecer pode levar quatro, cinco, até seis dias.

  • E o que o senhor faria de diferente para resolver esse problema?

Não vou permitir a corrupção, nem o loteamento das secretarias. Vamos acabar com as cotas de políticos tendo funcionários a disponibilidade, os 'fantasmas'. Vamos colocar a prefeitura para funcionar sábado e domingo para facilitar a vida do cidadão que trabalha durante a semana e vamos criar as prefeituras regionais, que é para dar acesso às pessoas.

  • Qual a análise que o senhor faz de seus principais adversários?

Nada pessoal contra ninguém, mas todos eles assumiram participar desses modelos de gestões que existiam nos governos passados, que são os loteamentos de postos de saúde. Todos eles tiveram algum posto de saúde. Todos eles tiveram esse benefício de ter alguém a disposição. Protegeram os governos, nenhum deles falou sobre a corrupção. Esse ciclo tem que acabar.

  • A disputa eleitoral em São Gonçalo costuma acontecer em dois turnos. Caso o senhor avance para o segundo turno, há possibilidade de estabelecer alianças com adversários? E se não disputar o segundo turno, pretende apoiar alguém?

Não, não tenho interesse. Não estou preocupado em ganhar a eleição, por isso eu recusei o fundo partidário. Tenho o segundo maior fundo partidário do país e eu recusei. Porque eu tenho que fazer o que é certo, se eu tivesse preocupado em ganhar a eleição, eu catava o fundo e usava até o talo. Eu estou preocupado em, se ganhar a eleição, fazer uma boa gestão. No município hoje não dá mais para segurar peso extra.

Quem é Pericar

Candidato fez ataques a atual administração em que atua como vice-prefeito. Foto: Pedro Conforte

Eleito como vice na chapa com o prefeito José Luiz Nanci (Cidadania) em 2016, Pericar revela que não foi à posse no dia 1º de janeiro de 2017 por considerar ter sido 'traído' pelo companheiro de eleição. Antes, no entanto, o bolsonarista já tinha completado três mandatos como vereador em São Gonçalo. Nas últimas eleições, ainda tentou se candidatar a prefeito, mas por divergências com o partido, não conseguiu entrando como vice na chapa de Nanci.

“Nós prometemos que não ia ter corrupção e já no primeiro dia ele me apresenta uma lista de dezenas de parentes. Eu fui e fiquei dentro do carro, envergonhado, por ter ajudado uma pessoa a ganhar a eleição e ela trair a minha e à população"

O 'racha' político logo nos primeiros dias de governo se arrastou durante todo o mandato. Pericar chegou a assumir mandato como deputado federal enquanto suplente de Major Fabiana (PSL), na Câmara dos Deputados, já que ela deixou o cargo para assumir uma pasta no Governo do Estado em agosto do ano passado. Entretanto a passagem em Brasília durou apenas dois meses, isso porque a major deixou o governo Witzel e reassumiu o mandato mandando Pericar de volta para casa.

Em território gonçalense o bolsonarista não foi bem recebido pela Câmara Municipal, que rejeitou o pedido de licença do vice-prefeito para exercer o cargo em Brasília. O pedido feito por Pericar foi por projeto de resolução para afastamento temporário do cargo de vice, por conta da posse como deputado federal, sem recebimento de salário.

Segundo a Câmara, o parecer da Procuradoria indeferiu a solicitação, porque não havia amparo legal no Regimento Interno e na Lei Orgânica do município. Por 15 votos, unanimidade entre os vereadores presentes, o projeto de resolução foi reprovado devido a inconstitucionalidade.

“Aparentemente eu tinha uma boa relação com os vereadores, tanto que fui à Câmara, protocolei a licença, agradeci antecipadamente ao voto e naquela noite 100% disse que votaria ao meu favor. Mas quando botei o pé em Brasília foi realizada a votação e eles votaram contra o pedido de licença. Ali ficou claro que eles tentaram, indiretamente, cassar meu mandato", afirma o candidato.

O retorno do bolsonarista saiu do legislativo direto para judiciário, onde Pericar saiu vitorioso. A Justiça manteve o bolsonarista no cargo de vice, inclusive recebendo os vencimentos do posto. Para o candidato, os recursos impetrados pelos vereadores demonstram um 'conluio' com o Executivo na tomada de decisões para a cidade.

"Fui ao fórum, o juiz me concedeu uma liminar que me coloca como vice até hoje. O prefeito bloqueou meu pagamento durante vários meses, a Câmara ingressou três vezes contra essa liminar e perdeu porque estavam completamente equivocados. Não tem oposição, ali é um jogo combinado”, pontuou.

Segurança

Pericar quer retomar o projeto para armar a guarda e instalar o Proeis. Foto: Pedro Conforte

Entre as principais principais propostas de Pericar é retomar a discussão sobre a guarda armada em São Gonçalo. Além disso, segundo o candidato, a primeira ação como prefeito — caso seja eleito — será a aquisição de 30 motocicletas para implantação do Programa Estadual de Integração de Segurança (Proeis) na cidade.

"Vamos entrar com a compra de 30 motocicletas já no primeiro mês. A gente entende que é o veículo necessário para cuidar daquela área que a gente não perdeu ainda. Porque onde tem barricada, nós perdemos, já era, aí é com o Estado. Da barricada para dentro da cidade, é onde ainda a prefeitura pode atuar. Vamos fazer convênio com PMERJ para implantar o PROEIS e integrar com a Guarda Municipal"

Cara a cara

https://youtu.be/BkJ9TwKlPb8
Confira as perguntas dos leitores feitas pelo jornalista Flávio Oliveira para Ricardo Pericar

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